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Chefe-de gabinete, "Rahmbo" será cão de guarda do eleito
DO ENVIADO A CHICAGO
Para um político que fez
campanha vendendo a idéia de
um governo de conciliação, o
anúncio do primeiro nome
confirmado do gabinete de Barack Obama causou estranheza
em alguns círculos políticos.
Ontem, depois de 24 horas de
especulação, o congressista democrata Rahm Emanuel, 48, de
Illinois, aceitou o convite feito
pelo eleito para que seja seu
chefe-de-gabinete.
O cargo, o mais importante
da burocracia da Casa Branca,
tem, entre outros atributos,
cuidar da relação do presidente
com o Legislativo. Centrista,
Emanuel é o quarto nome na
hierarquia democrata e era
apontado como um dos possíveis futuros presidentes do
Congresso. Por seu jeito direto
e brusco -uma vez enviou um
peixe morto a um político desafeto- e por usar palavrões como se fossem vírgulas, ganhou
o apelido de "Rahmbo".
"Tenho prazer em anunciar
que meu bom amigo concordou
em servir como meu chefe-de-gabinete", disse Obama em declaração. "Anuncio esse cargo
primeiro porque o chefe-de-gabinete é fundamental na habilidade do presidente e do governo de cumprir sua agenda, e eu
não conheço ninguém melhor
para fazer as coisas acontecerem do que Rahm Emanuel."
Nem todos concordam com a
avaliação de Obama. Republicanos vieram a público criticar
a decisão. "É uma escolha irônica para um presidente eleito
que prometeu mudar Washington, trazer a civilidade à política e governar do centro", disse
John Boehner, líder da minoria
no Congresso.
Emanuel foi um dos artífices
da vitória legislativa democrata
em 2006, quando o partido retomou o controle do Congresso. Ex-membro do governo de
Bill Clinton, ganhou milhões
em Wall Street no período em
que foi sócio de um banco de investimentos e é um dos responsáveis pela articulação que levou à aprovação do pacote de
US$ 700 bilhões de auxílio ao
mercado financeiro.
O acesso que tem no Congresso, a experiência em Wall
Street e na Casa Branca dos
Clinton, de quem se afastaria
-ele foi o enviado da direção do
Partido Democrata para pedir
que Hillary jogasse a toalha no
final do processo das primárias-, mais o fato de ser um
amigo pessoal de Obama lhe
valeram o convite. Outra característica, no entanto, parece ter
pesado na decisão.
"Obama será um presidente-celebridade, que receberá convites do mundo inteiro e será
assediado 24 horas por dia",
disse Douglas Brinkley, do Baker Institute, da Universidade
Rice, do Texas. "Nesse sentido,
Emanuel será o "policial malvado" que permitirá a Obama ser o
"policial bonzinho". Ele ficará
na porta da Casa Branca como
um cão de guarda, dizendo
"não!" aos indesejados."
Ao longo do dia, outros nomes da nova administração
eram vazados à imprensa, embora sem confirmação oficial
do comando obamista. Entre
eles, o do estrategista político
David Axelrod, que teria aceitado o cargo de conselheiro sênior; e de Robert Gibbs, chefe
de comunicação da campanha
do democrata, para ser o porta-voz do presidente eleito.
(SD)
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