São Paulo, sexta-feira, 07 de novembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Chefe-de gabinete, "Rahmbo" será cão de guarda do eleito

DO ENVIADO A CHICAGO

Para um político que fez campanha vendendo a idéia de um governo de conciliação, o anúncio do primeiro nome confirmado do gabinete de Barack Obama causou estranheza em alguns círculos políticos. Ontem, depois de 24 horas de especulação, o congressista democrata Rahm Emanuel, 48, de Illinois, aceitou o convite feito pelo eleito para que seja seu chefe-de-gabinete.
O cargo, o mais importante da burocracia da Casa Branca, tem, entre outros atributos, cuidar da relação do presidente com o Legislativo. Centrista, Emanuel é o quarto nome na hierarquia democrata e era apontado como um dos possíveis futuros presidentes do Congresso. Por seu jeito direto e brusco -uma vez enviou um peixe morto a um político desafeto- e por usar palavrões como se fossem vírgulas, ganhou o apelido de "Rahmbo".
"Tenho prazer em anunciar que meu bom amigo concordou em servir como meu chefe-de-gabinete", disse Obama em declaração. "Anuncio esse cargo primeiro porque o chefe-de-gabinete é fundamental na habilidade do presidente e do governo de cumprir sua agenda, e eu não conheço ninguém melhor para fazer as coisas acontecerem do que Rahm Emanuel."
Nem todos concordam com a avaliação de Obama. Republicanos vieram a público criticar a decisão. "É uma escolha irônica para um presidente eleito que prometeu mudar Washington, trazer a civilidade à política e governar do centro", disse John Boehner, líder da minoria no Congresso.
Emanuel foi um dos artífices da vitória legislativa democrata em 2006, quando o partido retomou o controle do Congresso. Ex-membro do governo de Bill Clinton, ganhou milhões em Wall Street no período em que foi sócio de um banco de investimentos e é um dos responsáveis pela articulação que levou à aprovação do pacote de US$ 700 bilhões de auxílio ao mercado financeiro.
O acesso que tem no Congresso, a experiência em Wall Street e na Casa Branca dos Clinton, de quem se afastaria -ele foi o enviado da direção do Partido Democrata para pedir que Hillary jogasse a toalha no final do processo das primárias-, mais o fato de ser um amigo pessoal de Obama lhe valeram o convite. Outra característica, no entanto, parece ter pesado na decisão.
"Obama será um presidente-celebridade, que receberá convites do mundo inteiro e será assediado 24 horas por dia", disse Douglas Brinkley, do Baker Institute, da Universidade Rice, do Texas. "Nesse sentido, Emanuel será o "policial malvado" que permitirá a Obama ser o "policial bonzinho". Ele ficará na porta da Casa Branca como um cão de guarda, dizendo "não!" aos indesejados."
Ao longo do dia, outros nomes da nova administração eram vazados à imprensa, embora sem confirmação oficial do comando obamista. Entre eles, o do estrategista político David Axelrod, que teria aceitado o cargo de conselheiro sênior; e de Robert Gibbs, chefe de comunicação da campanha do democrata, para ser o porta-voz do presidente eleito. (SD)


Texto Anterior: Pedido: Crise deve ser enfrentada logo, diz Lula
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.