São Paulo, sexta-feira, 07 de novembro de 2008

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Cai imagem positiva de Cristina

Presidente argentina volta a atingir recorde de impopularidade de 58,7%

Diretor da Datamatica, que fez o levantamento, atribui queda a projeto de lei para estatizar a Previdência privada obrigatória no país

THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES

Um ano após ser eleita com 45% dos votos, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, atingiu seu recorde de impopularidade, com 58,7% de avaliação negativa, aponta estudo da Datamatica.
Segundo o diretor-executivo do instituto, Julio Pizetti, a nova queda na imagem de Cristina é resultado do anúncio, no último dia 21, de projeto de lei para estatizar a Previdência privada obrigatória do país.
O governo havia começado a melhorar sua avaliação -de julho a 14 de outubro, o conceito negativo caiu de 58,8% para 48,6%. No entanto, o último levantamento, de 27 de outubro, apontou nova deterioração de imagem, que retomou os índices de julho, auge do conflito com setores rurais.
"O único motivo que pode haver para essa queda é o anúncio da estatização", disse ele à Folha. Disseram desaprovar a medida 48% dos entrevistados, contra 22,8% que se disseram de acordo. Foram ouvidas 4.200 pessoas em outubro em 78 cidades. A margem de erro é de cinco pontos percentuais, para mais ou para menos.
O conflito com o campo, que durou mais de quatro meses, causou locautes, desabastecimento nas grandes cidades e panelaços da classe média urbana, que aderiu à causa rural.
Foi a maior crise do kirchnerismo, período que inclui o governo Néstor Kirchner (2003-2007), marido de Cristina. Teve auge em 17 de julho, quando o projeto de aumento de impostos às exportações de grãos caiu no Senado com o voto de desempate do vice-presidente, Julio Cobos.
Após o arrefecimento da crise, o governo tentou retomar as rédeas da agenda pública, com trocas de ministros, anúncios de obras viárias, aumento nas aposentadorias e até de pagamento a credores internacionais -que acabou engavetada em meio à crise mundial.
Contudo, o súbito aviso da estatização da Previdência privada trouxe uma sensação de "deja-vu" -entre críticos e opositores, prevalece a avaliação de que o governo age aos trancos, sem discutir medidas de grande impacto social. No caso da Previdência, a opinião é que se trata de um ardil para "fazer caixa" e enfrentar, em 2009, US$ 20 bilhões de vencimentos de dívida e eleições legislativas.


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