|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Cai imagem positiva de Cristina
Presidente argentina volta a atingir recorde de impopularidade de 58,7%
Diretor da Datamatica, que fez o levantamento, atribui queda a projeto de lei para estatizar a Previdência privada obrigatória no país
THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES
Um ano após ser eleita com
45% dos votos, a presidente da
Argentina, Cristina Kirchner,
atingiu seu recorde de impopularidade, com 58,7% de avaliação negativa, aponta estudo da
Datamatica.
Segundo o diretor-executivo
do instituto, Julio Pizetti, a nova queda na imagem de Cristina é resultado do anúncio, no
último dia 21, de projeto de lei
para estatizar a Previdência
privada obrigatória do país.
O governo havia começado a
melhorar sua avaliação -de julho a 14 de outubro, o conceito
negativo caiu de 58,8% para
48,6%. No entanto, o último levantamento, de 27 de outubro,
apontou nova deterioração de
imagem, que retomou os índices de julho, auge do conflito
com setores rurais.
"O único motivo que pode
haver para essa queda é o anúncio da estatização", disse ele à
Folha. Disseram desaprovar a
medida 48% dos entrevistados,
contra 22,8% que se disseram
de acordo. Foram ouvidas
4.200 pessoas em outubro em
78 cidades. A margem de erro é
de cinco pontos percentuais,
para mais ou para menos.
O conflito com o campo, que
durou mais de quatro meses,
causou locautes, desabastecimento nas grandes cidades e
panelaços da classe média urbana, que aderiu à causa rural.
Foi a maior crise do kirchnerismo, período que inclui o governo Néstor Kirchner (2003-2007), marido de Cristina. Teve auge em 17 de julho, quando
o projeto de aumento de impostos às exportações de grãos
caiu no Senado com o voto de
desempate do vice-presidente,
Julio Cobos.
Após o arrefecimento da crise, o governo tentou retomar as
rédeas da agenda pública, com
trocas de ministros, anúncios
de obras viárias, aumento nas
aposentadorias e até de pagamento a credores internacionais -que acabou engavetada
em meio à crise mundial.
Contudo, o súbito aviso da
estatização da Previdência privada trouxe uma sensação de
"deja-vu" -entre críticos e
opositores, prevalece a avaliação de que o governo age aos
trancos, sem discutir medidas
de grande impacto social. No
caso da Previdência, a opinião é
que se trata de um ardil para
"fazer caixa" e enfrentar, em
2009, US$ 20 bilhões de vencimentos de dívida e eleições legislativas.
Texto Anterior: Espanha: Juiz manda exumar corpos do Vale dos Caídos Próximo Texto: Equador: Governo recua e fecha acordo com Repsol Índice
|