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AMÉRICA LATINA
Departamento de Estado colocará na Internet informações sobre repressão de regimes militares
EUA divulgam dados sobre ditaduras
LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em Porto Alegre
O Departamento de Estado norte-americano vai tornar públicos
no ano que vem, via Internet, documentos que possui a respeito
dos regimes militares existentes
na América Latina durante os
anos 70 e 80, inclusive os do Brasil
e da Argentina.
As informações sobre a Operação Condor -intercâmbio entre
os aparatos de repressão dos regimes militares que se instalaram
nos anos 60 e 70 na América Latina- serão divulgadas no site
http://foia.state.gov.
Nesse mesmo endereço já constam documentos do governo norte-americano sobre o regime militar chileno, tornados públicos
por causa de um pedido formal
elaborado pelo juiz espanhol Baltasar Garzón, responsável pelo
processo que é movido contra o
ex-ditador chileno Augusto Pinochet por crimes contra a humanidade cometidos durante seu regime (1973-1990).
Garzón também pediu a captura de 96 militares e autoridades da
Argentina por relação com crimes cometidos no regime militar
no país (1976-1983).
Em carta enviada a Claudia
Allegrini, mulher do desaparecido Lorenzo Viñas (visto pela última vez em 1980, no município
gaúcho de Uruguaiana, que faz
fronteira com a Argentina), a subsecretária-assistente do Escritório
de Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado, Linda Eddleman, anunciou a
divulgação.
"O importante, para nós, é que
haja publicidade de todos esses
fatos. É preciso que tudo isso fique registrado para a história.
Quanto a uma punição para as
autoridades responsáveis pelas
mortes e desaparecimentos, não
sou tão otimista", disse Allegrini à
Agência Folha.
Allegrini e Edgardo Binstock,
marido da desaparecida Mónica
Susana de Pinus, tiveram na semana passada uma reunião com
o presidente da Argentina, Carlos
Menem, para tratar da criação de
um setor, dentro do governo, que
se ocupe exclusivamente da área
de direitos humanos dentro do
Mercosul.
O objetivo é que Menem crie o
setor antes de deixar o cargo, no
próximo dia 10. Allegrini, que, assim como seu marido, integrava a
Juventude Peronista, trabalha na
subsecretaria de Direitos Humanos do Ministério do Interior argentino. Menem é filiado ao Partido Justicialista (peronista).
A Justiça argentina, por intermédio do juiz federal Claudio Bonadío, já enviou pedido de esclarecimentos ao Ministério das Relações Exteriores do seu país para
enviá-lo ao Ministério da Justiça
brasileiro. São solicitadas duas informações: que se esclareçam como funcionou a Operação Condor no Brasil e quais eram as autoridades brasileiras em pontos
estratégicos, como a fronteira
com a Argentina em Uruguaiana
(RS) e o aeroporto Galeão, no Rio
de Janeiro.
A atitude do Departamento de
Estado norte-americano, ao tornar públicos documentos sobre a
Operação Condor, deve favorecer
essa investigação.
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