São Paulo, terça-feira, 07 de dezembro de 2010

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Site divulga "lista de alvos" e irrita EUA

WikiLeaks mostra relação feita pelo governo de pontos-chave no mundo para segurança americana, incluindo Brasil

Telegrama traz dados sobre gasodutos, linhas de telecomunicação e indústrias químicas e de armas, por exemplo

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

O site WikiLeaks divulgou uma lista secreta do governo americano de cerca de 300 estruturas, em vários países, consideradas estratégicas e que devem ser protegidas de atentados terroristas.
É potencialmente a revelação mais perigosa e controversa feita pelo site até agora.
A lista provém de um despacho sigiloso da Chancelaria dos EUA para embaixadas ao redor do mundo.
Desde o último dia 28, o WikiLeaks vem divulgando gradualmente cerca de 250 mil comunicações secretas de diplomatas americanos.
Algumas das estruturas vitais para a segurança nacional dos EUA estão no Brasil. O documento menciona cabos de comunicação submarinos com conexões em Fortaleza e no Rio e minas em Minas Gerais e em Goiás.
O texto, datado de fevereiro de 2009, é assinado pela secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton.
Ela pede a atualização de uma lista do Departamento de Segurança Doméstica de locais que devem ser protegidos para "prevenir, deter, neutralizar ou mitigar efeitos de esforços deliberados de terroristas para destruir, incapacitar ou explorá-los".
Embaixadas foram orientadas a organizar um inventário de estruturas "cuja perda poderia impactar criticamente a saúde pública, segurança econômica e/ou segurança doméstica dos EUA".
A nomeação dos locais aprofunda a controvérsia sobre a ação do WikiLeaks, já acusado de publicar informações cujo risco supera o eventual interesse público.
O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, PJ Crowley, afirmou que "esse tipo de informação dá a grupos como a Al Qaeda uma lista de alvos".
Para Hillary, a divulgação da lista é "profundamente preocupante".
A lista contém, por exemplo, gasodutos, linhas de telecomunicação, depósitos minerais, indústrias químicas e farmacêuticas e fábricas de equipamento militar.
As duas regiões com inventários mais extensos são Europa/Eurásia e Américas. No Cone Sul, além do Brasil, há locais considerados vitais na Venezuela (cabos de fibra ótica), Chile (minas) e Argentina (fábrica de vacina para a febre aftosa).
Em algumas passagens do texto, empresas são citadas nominalmente, como a Siemens e a Sanofi-Aventis.
Para Washington, a destruição das estruturas "provavelmente teria efeito imediato e pernicioso nos EUA".
A secretária de Segurança Doméstica americana, Janet Napolitano, disse condenar "nos termos mais fortes possíveis" a divulgação dessas informações. Ela não comentou a autenticidade do texto.


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