São Paulo, quarta-feira, 08 de janeiro de 2003

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CORÉIA DO NORTE

Sanções econômicas dos EUA levarão os dois países à guerra, segundo Pyongyang

Fome afeta 7 milhões de coreanos, diz ONU

KCNA/Associated Press
Cerca de 100 mil norte-coreanos participam de um evento de apoio ao regime do Estado comunista, pedindo o fortalecimento das Forças Armadas, em Pyongyang


DA REDAÇÃO

Gerald Bourke, porta-voz do Programa Mundial de Alimentação da ONU, afirmou que cerca de 7 milhões de norte-coreanos (um terço da população do país) ficarão sem comida a partir do início de fevereiro se a Coréia do Norte não receber mais ajuda humanitária de países estrangeiros. A notícia pode agravar o impasse em torno do programa nuclear norte-coreano.
"Só temos certeza da chegada de 35 mil toneladas [de alimentos]. Elas terminarão no início de fevereiro. Depois disso, talvez tenhamos de fechar as portas [do escritório de distribuição de alimentos]", declarou Bourke em Pequim, capital da China.
A Coréia do Sul deixou de enviar ajuda alimentar à sua vizinha setentrional há dois meses, quando Pyongyang admitiu que tinha um programa secreto de armas nucleares. O Japão fez o mesmo há um mês, quando a Coréia do Norte reconheceu que tinha sequestrado cidadãos japoneses acusados de espionagem.
Com isso, a agência da ONU foi obrigada a cortar 3 milhões de norte-coreanos de seu programa de ajuda alimentar. As pessoas que mais sofrem são as que vivem nas zonas urbanas, que têm recebido apenas 270 gramas de víveres por dia do sistema público de distribuição de alimentos, ou seja, 50% da quantidade de comida recomendada em situações de emergência.

Ameaça de guerra
Em Pyongyang, autoridades norte-coreanas disseram, segundo a agência de notícias oficial, que a imposição de sanções econômicas por parte dos EUA levaria os dois países a uma guerra. "Sanções significam guerra. E a guerra será impiedosa", disse a Agência Central de Notícias Norte-Coreana (KCNA).
Ainda na capital, que estava coberta de neve, cerca de 100 mil pessoas participaram de um evento organizado pelo governo e prometeram abrir mão de benefícios para fortalecer as Forças Armadas do país.
Já em Washington, funcionários graduados dos governos americano, japonês e sul-coreano reuniram-se pela segunda vez para discutir o tema. Em comunicado conjunto, os três países disseram que o diálogo é o melhor modo de resolver questões sérias, como a crise com a Coréia do Norte.
Os EUA buscam conseguir uma solução diplomática, pois não querem que esse impasse desvie a atenção internacional do Iraque. Ontem, numa mudança de política, Washington disse que poderá negociar com Pyongyang antes que os norte-coreanos desativem seu programa nuclear.
Essa mudança agradou à Coréia do Sul, que pedia aos EUA que voltassem a negociar com a Coréia do Norte. Seul também quer que Washington volte a enviar petróleo aos norte-coreanos para evitar uma crise maior.

Com agências internacionais


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