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ÁSIA
Segundo grupo de direitos humanos de Hong Kong, ele ficou detido por 8 horas; governo controla o noticiário sobre a doença
China prende editor que noticiou o novo caso de Sars, diz ONG
DA REDAÇÃO
O editor-chefe de um jornal do
sul da China que divulgou, em
primeira mão, a informação sobre um caso suspeito de Sars, confirmado anteontem, foi detido
por cerca de oito horas, disse ontem a ONG Direitos Humanos e
Democracia, de Hong Kong.
A mídia chinesa tem ordens estritas de noticiar apenas informações sobre a Sars (síndrome respiratória aguda grave, na sigla em
inglês) do Ministério da Saúde.
Mas, em dezembro, o jornal
"Southern Metropolis Daily", de
Guangzhou, capital da Província
de Guangdong, noticiou que um
produtor local de TV de 32 anos
havia sido internado no dia 20
possivelmente contaminado pelo
coronavírus causador da Sars .
Na última segunda-feira, após
vários testes, as autoridades chinesas confirmaram que o paciente realmente sofria da doença. É o
primeiro caso no país desde que a
epidemia de Sars foi contida na
China, em julho passado.
Surgida em novembro de 2002
em Guangdong (sul da China), a
Sars infectou mais de 8.000 pessoas, das quais 774 morreram, em
27 países. A doença foi controlada
na China em julho de 2003, mas
temia-se que retornasse no final
do ano passado ou no início de
2004, durante o inverno chinês.
Segundo a ONG de Hong Kong,
o editor Cheng Yizhong foi detido
na tarde de terça-feira e liberado à
noite. Ontem, seu escritório não
atendia ligações. Uma pessoa no
jornal negou a prisão.
A repórter Zeng Wenqiong, autora da reportagem, disse à Reuters na semana passada ter sido
afastada. "Não estou sob investigação, estou sendo mantida um
pouco longe da cobertura da
Sars", disse. Segundo um colega,
ela teria tirado um ano de licença.
Em 2002, o governo chinês foi
acusado de ter escondido o surgimento da doença, impedindo que
a OMS (Organização Mundial da
Saúde) e outros países adotassem
medidas para impedir que a nova
doença se espalhasse. Desta vez, a
OMS acompanha o novo caso e
disse que ele não representa uma
ameaça à saúde pública mundial.
Extermínio
Ontem, o produtor de TV que
contraiu Sars, identificado apenas
como Luo e em fase de recuperação, afirmou nunca ter comido civeta, um pequeno mamífero consumido como alimento em
Guangdong e que é suspeito de
ser uma das origens do coronavírus que causa a doença.
"Luo disse que jamais tocou ou
comeu civetas em sua vida e lembrou-se apenas de ter jogado um
filhote de rato pela janela uma
vez", disse a agência estatal chinesa Xinhua.
Ao confirmar o novo caso de
Sars, as autoridades chinesas disseram que o vírus identificado na
amostra genética de Luo se parecia com uma linhagem de coronavírus encontrada em civetas.
Por esse motivo, o governo
proibiu a comercialização do animal e ordenou o extermínio até
sábado de cerca de 10 mil civetas
em Guangdong, provocando protestos dos comerciantes locais.
"Só há um caso de Sars, então
por que matar todas as civetas? Se
elas são suspeitas, é melhor colocá-las de quarentena", disse um
comerciante no mercado de animais vivos de Guangzhou.
Enquanto ele protestava, as civetas à venda no local eram
apreendidas, colocadas em sacos
e jogadas num caminhão. Os animais serão afogados ou eletrocutados e, em seguida, incinerados.
Funcionários usando máscaras e
luvas jogavam desinfetante nas
bancas do mercado.
O próximo objetivo das autoridades locais será uma campanha
de extermínio de ratos. "Toda a
cidade [de Guangzhou] se unirá
para matar ratos, nenhum lar ficará de fora", anunciou um jornal
local.
Novos casos suspeitos
Três membros de uma equipe
da rede TVB, de Hong Kong, foram internados num hospital da
cidade com febre e tosse e estão
sendo submetidos a exames. A
equipe acabara de voltar de
Guangdong, onde realizou reportagens sobre o ressurgimento da
Sars no sul da China.
Com agências internacionais
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