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New Hampshire dá a McCain fôlego nacional
Giuliani começa a perder favoritismo entre republicanos para senador do Arizona, que deve vencer primária de hoje
Levantamentos nacionais já colocam ex-prefeito e veterano de disputas, impulsionado por discurso comedido, lado a lado
DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A MANCHESTER
Voluntários e funcionários
da campanha de Rudolph Giuliani à Presidência dos EUA em
Manchester, uma das maiores
cidades de New Hampshire,
passaram o dia de ontem atentos à divulgação das pesquisas
eleitorais da TV como quem assiste a um jogo de basquete: salgadinhos na mão, olhar apreensivo e gritos a cada ponto.
Tamanha atenção tem motivos. Giuliani não precisa (e provavelmente não vai) ganhar o
jogo no Estado, mas seu desempenho nas primárias de hoje
-as primeiras do país, após o
"caucus" de Iowa- deverá ser
determinante para a direção
que ele tomará no decorrer da
campanha nacional. E, antes
favorito claro na disputa pela
candidatura republicana, ele vê
dia após dia o senador pelo Arizona John McCain eclipsar sua
liderança nacional -algumas
pesquisas, como a do Pew, já
põem o veterano de campanhas
presidenciais à frente do ex-prefeito de Nova York.
Já os levantamentos sobre
New Hampshire, por sua vez,
são quase unânimes -10 em
11- em apontar a vitória de
McCain hoje. A média é de
33,6% de preferência pelo senador contra 28,7% de Mitt
Romney, 11,5% de Mike Huckabee e 8,8% de Giuliani.
"Giuliani foi muito ousado:
decidiu concentrar a campanha
nos Estados com direito a mais
delegados na convenção nacional, como a Flórida [que promove primárias no dia 29] e os
Estados da Superterça [que votam no dia 5 de fevereiro]. É
uma estratégia que, historicamente, nunca deu certo, porque o país inteiro acompanha o
que está acontecendo aqui. Se
ficar atrás até de Ron Paul
[7,4%] em New Hampshire, como aconteceu em Iowa, sua
candidatura pode ser vista como menos consistente", diz
Kathleen Kendall, pesquisadora da Universidade de Maryland e autora do livro "Communication in the Presidential Primaries: Candidates and the
Media, 1912-2000", sem tradução em português.
Moderação
Ao longo de uma corrida que
começou com antecipação
muito maior do que o normal,
McCain é o maior percalço no
caminho de Giuliani. O senador
de 71 anos tem atraído o voto
dos independentes e atraído a
mídia em New Hampshire.
"McCain é o candidato moderado, que diz que vai governar ao lado dos democratas
[que controlam o Congresso] e
que ao mesmo tempo tem a coragem de elogiar o general David Petraeus [comandante das
forças dos EUA no Iraque] enquanto ninguém agüenta mais
a guerra [no Iraque]. Ele também foi corajoso ao criticar o
subsídio ao álcool em Iowa
[maior produtor no país] e isso,
apesar de tê-lo prejudicado localmente, é visto como firmeza
de caráter pelos eleitores", diz.
Jeff Grappone, diretor de comunicação da campanha de
Giuliani em Manchester, afirma que a estratégia de seu candidato está correta. "Giuliani
viajou aqui e mostrou sua mensagem aos eleitores, mas organizou sua estratégia em torno
de outros Estados, e o importante é que ele seja vitorioso
nacionalmente, independente
de qual eleição acontece mais
cedo", argumenta.
Na Califórnia, um dos Estados com mais peso para escolher o indicado de cada partido,
Giuliani abre vantagem média
de 9,4 pontos sobre Mike Huckabee em pesquisas recentes.
Na Flórida, a margem de liderança é de 2%. Em consultas
feitas em dezembro em Nova
York, outro dos principais Estados, a vitória de Giuliani sobre Huckabee nas pesquisas
era de 34% a 12%, segundo o
jornal "The New York Times".
Vizinhança
Se Giuliani parece já ter aberto mão de New Hampshire, o
mesmo não ocorre com a democrata Hillary Clinton, favorita nas pesquisas nacionais
mas que perde no Estado para
Barack Obama. O comitê da senadora em Manchester investe
na motivação. Fotos de voluntários ilustram um mapa gigante de New Hampshire, ao lado
da frase "Junte-se a nós".
Um das missões do exército
Hillary é assumir um dos telefones do local e telefonar para
eleitores contando que a mensagem eletrônica que a campanha de Obama têm disparado
para as residências é ilegal. Sua
candidatura cresceu no Estado
após passar a contar com o
apoio em comícios da popularíssima apresentadora de TV
Oprah Winfrey.
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