São Paulo, terça-feira, 08 de janeiro de 2008

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New Hampshire dá a McCain fôlego nacional

Giuliani começa a perder favoritismo entre republicanos para senador do Arizona, que deve vencer primária de hoje

Levantamentos nacionais já colocam ex-prefeito e veterano de disputas, impulsionado por discurso comedido, lado a lado

DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A MANCHESTER

Voluntários e funcionários da campanha de Rudolph Giuliani à Presidência dos EUA em Manchester, uma das maiores cidades de New Hampshire, passaram o dia de ontem atentos à divulgação das pesquisas eleitorais da TV como quem assiste a um jogo de basquete: salgadinhos na mão, olhar apreensivo e gritos a cada ponto.
Tamanha atenção tem motivos. Giuliani não precisa (e provavelmente não vai) ganhar o jogo no Estado, mas seu desempenho nas primárias de hoje -as primeiras do país, após o "caucus" de Iowa- deverá ser determinante para a direção que ele tomará no decorrer da campanha nacional. E, antes favorito claro na disputa pela candidatura republicana, ele vê dia após dia o senador pelo Arizona John McCain eclipsar sua liderança nacional -algumas pesquisas, como a do Pew, já põem o veterano de campanhas presidenciais à frente do ex-prefeito de Nova York.
Já os levantamentos sobre New Hampshire, por sua vez, são quase unânimes -10 em 11- em apontar a vitória de McCain hoje. A média é de 33,6% de preferência pelo senador contra 28,7% de Mitt Romney, 11,5% de Mike Huckabee e 8,8% de Giuliani.
"Giuliani foi muito ousado: decidiu concentrar a campanha nos Estados com direito a mais delegados na convenção nacional, como a Flórida [que promove primárias no dia 29] e os Estados da Superterça [que votam no dia 5 de fevereiro]. É uma estratégia que, historicamente, nunca deu certo, porque o país inteiro acompanha o que está acontecendo aqui. Se ficar atrás até de Ron Paul [7,4%] em New Hampshire, como aconteceu em Iowa, sua candidatura pode ser vista como menos consistente", diz Kathleen Kendall, pesquisadora da Universidade de Maryland e autora do livro "Communication in the Presidential Primaries: Candidates and the Media, 1912-2000", sem tradução em português.

Moderação
Ao longo de uma corrida que começou com antecipação muito maior do que o normal, McCain é o maior percalço no caminho de Giuliani. O senador de 71 anos tem atraído o voto dos independentes e atraído a mídia em New Hampshire.
"McCain é o candidato moderado, que diz que vai governar ao lado dos democratas [que controlam o Congresso] e que ao mesmo tempo tem a coragem de elogiar o general David Petraeus [comandante das forças dos EUA no Iraque] enquanto ninguém agüenta mais a guerra [no Iraque]. Ele também foi corajoso ao criticar o subsídio ao álcool em Iowa [maior produtor no país] e isso, apesar de tê-lo prejudicado localmente, é visto como firmeza de caráter pelos eleitores", diz.
Jeff Grappone, diretor de comunicação da campanha de Giuliani em Manchester, afirma que a estratégia de seu candidato está correta. "Giuliani viajou aqui e mostrou sua mensagem aos eleitores, mas organizou sua estratégia em torno de outros Estados, e o importante é que ele seja vitorioso nacionalmente, independente de qual eleição acontece mais cedo", argumenta.
Na Califórnia, um dos Estados com mais peso para escolher o indicado de cada partido, Giuliani abre vantagem média de 9,4 pontos sobre Mike Huckabee em pesquisas recentes. Na Flórida, a margem de liderança é de 2%. Em consultas feitas em dezembro em Nova York, outro dos principais Estados, a vitória de Giuliani sobre Huckabee nas pesquisas era de 34% a 12%, segundo o jornal "The New York Times".

Vizinhança
Se Giuliani parece já ter aberto mão de New Hampshire, o mesmo não ocorre com a democrata Hillary Clinton, favorita nas pesquisas nacionais mas que perde no Estado para Barack Obama. O comitê da senadora em Manchester investe na motivação. Fotos de voluntários ilustram um mapa gigante de New Hampshire, ao lado da frase "Junte-se a nós".
Um das missões do exército Hillary é assumir um dos telefones do local e telefonar para eleitores contando que a mensagem eletrônica que a campanha de Obama têm disparado para as residências é ilegal. Sua candidatura cresceu no Estado após passar a contar com o apoio em comícios da popularíssima apresentadora de TV Oprah Winfrey.


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