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Plano egípcio de trégua tem lacunas
Proposta em discussão ainda não especifica interlocutores palestinos e papel de monitores internacionais
Sarkozy saudou "aceitação", não confirmada, por Israel e ANP, expulsa de Gaza em 2007; falta de unidade no Hamas também é obstáculo
DA REDAÇÃO
Embora a proposta de trégua
em Gaza apresentada anteontem pelo Egito tenha encontrado receptividade nos meios diplomáticos e apontado uma
saída para a crise, sua viabilidade já enfrenta contestações. Sobretudo devido a lacunas que
os pontos do plano trazidos a
público deixam entrever.
Em primeiro lugar, a proposta refere-se a grupos palestinos
de maneira genérica como interlocutores de Israel no conflito, sem dirigir-se especificamente ao Hamas, alvo declarado da ofensiva desde o seu começo. O grupo, vencedor das
eleições legislativas palestinas
de 2006, controla o território
há um ano e meio, quando expulsou a Autoridade Nacional
Palestina (ANP), hoje presidida
pelo rival secular Fatah.
Em segundo, não se detém
sobre aquela que é a principal
reivindicação israelense para
um cessar-fogo: o envio de monitores para a fronteira entre
Gaza e o Egito. Ali, túneis subterrâneos são usados pelo Hamas para obter armamento, inclusive os foguetes lançados
contra Israel.
Ainda que o envio de uma
força internacional esteja previsto no plano, não há detalhes
sobre de que país o seu contingente viria -especula-se que da
Turquia- e quais seriam suas
atribuições, se apenas de monitores ou se de manutenção da
paz, o que implicaria no seu armamento. A segunda opção já
foi descartada pelo Hamas.
Elaborada com ajuda do presidente francês, Nicolas Sarkozy, que realizou gestões diplomáticas em seu giro pelo
Oriente Médio, a proposta obteve de o apoio dos EUA, embora o país tenha se dito "aberto"
a outras propostas.
Ontem, Sarkozy saudou o
que disse ser a "aceitação por
Israel e pela ANP" do plano,
que prevê ainda a abertura das
passagens a Gaza e o fim do bloqueio econômico israelense.
Mas o otimismo não foi corroborado por Israel, que considerou a proposta "bem-vinda",
mas condicionou-a ao fim dos
disparos de foguetes.
Hamas
Outro obstáculo para um
acordo é a impossibilidade de
ter no Hamas uma liderança
clara. Ainda que não tenha sido
especificado como interlocutor, o grupo, convidado pelo
Cairo para negociar, se disse
"pronto para tomar parte em
uma solução do tipo para o conflito", segundo Khaled Meshaal, líder do Hamas na Síria.
Mas, segundo o israelense
"Haaretz", Israel acredita que
milicianos de baixa hierarquia
resistirão a um acordo e continuarão a disparar foguetes contra o país. Para o governo, a própria ofensiva contra a infraestrutura do Hamas contribuiu
para inviabilizar a comunicação da sua liderança -já fragmentada- com os seus braços
armados dispersos por Gaza.
Com "Financial Times" e agências internacionais
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