São Paulo, terça-feira, 08 de fevereiro de 2005

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RELIGIÃO

Segundo o Vaticano, "precaução" justifica prolongamento; declaração de cardeal reacende discussão sobre renúncia

Papa ficará internado "mais alguns dias"

DA REDAÇÃO

O último boletim médico sobre a saúde do papa João Paulo 2º, divulgado ontem, afirma que ele continua melhorando, mas ficará internado mais alguns dias, por "óbvias razões de precaução".
Há uma semana o pontífice foi internado devido a problemas respiratórios decorrentes de uma forte gripe.
Segundo o boletim, emitido pelo porta-voz da Santa Sé, Joaquín Navarro-Valls, "a condição geral do papa continua a evoluir". "Ele não tem mais febre, come regularmente e permaneceu sentado por várias horas."
Segundo Navarro-Valls, todo dia o papa celebra uma missa em seu quarto e também lê os jornais, para "saber como vai sua saúde", diz ele citando o pontífice.
A boa notícia, porém, não bastou para impedir o ressurgimento das discussões sobre sua possível renúncia. O tema voltou à tona ontem, após uma declaração do número dois do Vaticano, o secretário de Estado Angelo Sodano.
Questionado sobre a possibilidade de o papa já ter considerado a hipótese de renunciar devido a seu delicado estado de saúde, Sodano respondeu: "Deixemos [tal decisão] à sua consciência". O papa sofre de mal de Parkinson e artrite, que fazem com que tenha dificuldade para falar e se mover.
Observadores do Vaticano dizem que o fato de Sodano ter respondido a questão pode indicar que o tema já está sendo discutido no Vaticano.
Segundo as leis da igreja, a renúncia do papa é possível, mas não pode ser forçada.
Sodano, no entanto, não deixou de dizer que o papa, há 26 anos no cargo, tem plenas condições de conduzir a igreja. "Pio 9º foi papa por 32 anos, vamos rezar para que João Paulo 2º passe essa marca."
A aparição do papa na janela do quarto do hospital para abençoar os fiéis e rezar o Angelus, anteontem, contribuiu para reforçar os rumores sobre sua aposentadoria. Com base em indícios técnicos, especialistas de TV e jornalistas aventaram a possibilidade de a oração do papa ter sido pré-gravada, ou seja, uma armação.
Médicos consultados pela imprensa italiana afirmam que o mal de Parkinson costuma debilitar o sistema respiratório e as cordas vocais, essenciais para a fala.
Em 2003, Jorge Mejía, então arquivista do Vaticano e ex-colega de estudos do papa, disse que o pontífice estava disposto a renunciar caso perdesse o uso da palavra, tendo inclusive já emitido instruções nesse sentido.


Com agências internacionais

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