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RELIGIÃO
Segundo o Vaticano, "precaução" justifica prolongamento; declaração de cardeal reacende discussão sobre renúncia
Papa ficará internado "mais alguns dias"
DA REDAÇÃO
O último boletim médico sobre
a saúde do papa João Paulo 2º, divulgado ontem, afirma que ele
continua melhorando, mas ficará
internado mais alguns dias, por
"óbvias razões de precaução".
Há uma semana o pontífice foi
internado devido a problemas
respiratórios decorrentes de uma
forte gripe.
Segundo o boletim, emitido pelo porta-voz da Santa Sé, Joaquín
Navarro-Valls, "a condição geral
do papa continua a evoluir". "Ele
não tem mais febre, come regularmente e permaneceu sentado por
várias horas."
Segundo Navarro-Valls, todo
dia o papa celebra uma missa em
seu quarto e também lê os jornais,
para "saber como vai sua saúde",
diz ele citando o pontífice.
A boa notícia, porém, não bastou
para impedir o ressurgimento das
discussões sobre sua possível renúncia. O tema voltou à tona ontem, após uma declaração do número dois do Vaticano, o secretário de Estado Angelo Sodano.
Questionado sobre a possibilidade de o papa já ter considerado
a hipótese de renunciar devido a
seu delicado estado de saúde, Sodano respondeu: "Deixemos [tal
decisão] à sua consciência". O papa sofre de mal de Parkinson e artrite, que fazem com que tenha dificuldade para falar e se mover.
Observadores do Vaticano dizem que o fato de Sodano ter respondido a questão pode indicar
que o tema já está sendo discutido
no Vaticano.
Segundo as leis da igreja, a renúncia do papa é possível, mas
não pode ser forçada.
Sodano, no entanto, não deixou
de dizer que o papa, há 26 anos no
cargo, tem plenas condições de
conduzir a igreja. "Pio 9º foi papa
por 32 anos, vamos rezar para que
João Paulo 2º passe essa marca."
A aparição do papa na janela do
quarto do hospital para abençoar
os fiéis e rezar o Angelus, anteontem, contribuiu para reforçar os
rumores sobre sua aposentadoria.
Com base em indícios técnicos,
especialistas de TV e jornalistas
aventaram a possibilidade de a
oração do papa ter sido pré-gravada, ou seja, uma armação.
Médicos consultados pela imprensa italiana afirmam que o
mal de Parkinson costuma debilitar o sistema respiratório e as cordas vocais, essenciais para a fala.
Em 2003, Jorge Mejía, então arquivista do Vaticano e ex-colega
de estudos do papa, disse que o
pontífice estava disposto a renunciar caso perdesse o uso da palavra, tendo inclusive já emitido
instruções nesse sentido.
Com agências internacionais
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