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Gaza devolveu segurança ao topo do debate israelense
Maior favorecido foi Israel Beitenu, partido antiárabe
DO ENVIADO A JERUSALÉM
Antes da guerra em Gaza, o
assunto dominante da campanha eleitoral israelense era a
crise econômica e a caminhada
do país para a recessão que boa
parte do mundo viverá neste
ano. Depois de 22 dias de bombardeios, porém, a segurança
voltou ao topo da agenda.
Essa reviravolta favoreceu os
partidos à direita no espectro
político, especialmente o Israel
Beitenu, liderado pelo controvertido deputado e ex-ministro
Avigdor Liberman. Só ele parece ter escapado da indiferença
que marca a atual campanha
eleitoral israelense.
Os analistas têm tido dificuldade para explicar o fenômeno.
Em poucos dias, o partido de
Liberman teve uma ascensão
meteórica nas pesquisas, desbancando da terceira colocação
o Partido Trabalhista, herdeiro
dos fundadores de Israel. Se forem mesmo ultrapassados, será
a primeira eleição na história
em que os trabalhistas não ficam entre os três primeiros.
Com sua dura retórica antiárabe, que muitos consideram
fascista, o Israel Beitenu tem
conquistado um público bem
mais amplo que seu eleitorado
tradicional de imigrantes da
ex-União Soviética, como Liberman, nascido na Moldova.
Grande parte dos novos adeptos é de jovens, alguns deles
eleitores de primeira viagem.
O que intriga os analistas é
que o partido de Liberman está
roubando eleitores não só da
direita, mas de partidos que estão à esquerda do próprio Partido Trabalhista, como o Meretz. O Israel Beitenu é sem dúvida o fenômeno eleitoral da
vez, assim como foram o liberal
Shinui em 2003 e o partido dos
aposentados em 2006.
"O novo ingrediente é o medo. O Israel Beitenu explora a
desconfiança em relação aos
árabes para atrair eleitores",
diz o cientista político Yaron
Ezrahi, da Universidade Hebraica de Jerusalém.
(MARCELO NINIO)
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