São Paulo, domingo, 08 de fevereiro de 2009

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Gaza devolveu segurança ao topo do debate israelense

Maior favorecido foi Israel Beitenu, partido antiárabe

DO ENVIADO A JERUSALÉM

Antes da guerra em Gaza, o assunto dominante da campanha eleitoral israelense era a crise econômica e a caminhada do país para a recessão que boa parte do mundo viverá neste ano. Depois de 22 dias de bombardeios, porém, a segurança voltou ao topo da agenda.
Essa reviravolta favoreceu os partidos à direita no espectro político, especialmente o Israel Beitenu, liderado pelo controvertido deputado e ex-ministro Avigdor Liberman. Só ele parece ter escapado da indiferença que marca a atual campanha eleitoral israelense.
Os analistas têm tido dificuldade para explicar o fenômeno. Em poucos dias, o partido de Liberman teve uma ascensão meteórica nas pesquisas, desbancando da terceira colocação o Partido Trabalhista, herdeiro dos fundadores de Israel. Se forem mesmo ultrapassados, será a primeira eleição na história em que os trabalhistas não ficam entre os três primeiros.
Com sua dura retórica antiárabe, que muitos consideram fascista, o Israel Beitenu tem conquistado um público bem mais amplo que seu eleitorado tradicional de imigrantes da ex-União Soviética, como Liberman, nascido na Moldova. Grande parte dos novos adeptos é de jovens, alguns deles eleitores de primeira viagem.
O que intriga os analistas é que o partido de Liberman está roubando eleitores não só da direita, mas de partidos que estão à esquerda do próprio Partido Trabalhista, como o Meretz. O Israel Beitenu é sem dúvida o fenômeno eleitoral da vez, assim como foram o liberal Shinui em 2003 e o partido dos aposentados em 2006.
"O novo ingrediente é o medo. O Israel Beitenu explora a desconfiança em relação aos árabes para atrair eleitores", diz o cientista político Yaron Ezrahi, da Universidade Hebraica de Jerusalém.

(MARCELO NINIO)

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