São Paulo, segunda, 8 de fevereiro de 1999

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KOSOVO
Negociações avançam na França
Princípio de acordo é firmado

das agências internacionais

Representantes de origem sérvia e os de origem albanesa, etnias que disputam o controle sobre a Província de Kosovo (Iugoslávia), aceitaram ontem os princípios de um acordo de paz apresentados durante as negociações que ocorrem em Rambouillet (França), afirmaram mediadores ocidentais à rede de TV CNN.
Entre os pontos do acordo, elaborado pelas potências ocidentais que ameaçam atacar a região caso continuem os conflitos, a Província, provisoriamente, teria autonomia, mas continuaria a integrar a Sérvia por mais três anos.
Kosovo também seria servida por uma força policial que reflita a composição étnica da região (90% de origem albanesa e 10% sérvios) e haveria a assinatura de uma trégua entre as etnias.
Segundo um mediador ocidental que não quis se identificar, os pontos acertados foram um bom passo à frente na solução da disputa, mas o problema estaria nas discussões que vão definir o tipo de autonomia que será dada à Província separatista.
Os conflitos na região, iniciados há 11 meses, já deixaram ao menos 2.000 mortos e centenas de milhares de refugiados.
As negociações foram formalmente iniciadas no sábado pelo presidente da França, Jacques Chirac. "Exorto os senhores a deixarem que as forças da vida triunfem sobre o mal", afirmou Chirac.
Os diálogos começaram efetivamente apenas ontem. As potências ocidentais exigem que um acordo seja assinado até, no máximo, o dia 19 deste mês.
Um impasse de última hora quase impediu o início da cúpula de paz. As autoridades sérvias não queriam permitir o embarque de representantes do Exército de Libertação de Kosovo (ELK) e disseram que não iriam negociar com a guerrilha, considerada por Belgrado um grupo terrorista.
Os representantes da etnia albanesa se recusavam a sentar à mesa de negociações sem os membros do ELK. Pressionados por autoridades ocidentais, os sérvios acabaram cedendo.
As partes estão reunidas no castelo de Rambouillet, a 50 km de Paris, mas permanecem em salas separadas enquanto os mediadores realizam a comunicação entre eles.
"Nós nos esbarramos nos corredores, trocamos olhares, mas nada mais", disse Vojislav Zivkovic, um dos delegados sérvios, referindo-se aos negociadores de origem albanesa.
Mesmo separadas, as partes rivais concordaram em divulgar ontem um comunicado conjunto condenando um atentado a bomba ocorrido no sábado em Pristina, capital de Kosovo. No ataque, cuja autoria não foi reivindicada, morreram três pessoas.
A maior parte dos 2 milhões de habitantes de Kosovo é de origem albanesa e adepta do islamismo.
A Província, porém, faz parte da Sérvia (uma das Repúblicas que compõem a Iugoslávia), que é habitada majoritariamente por cristãos-ortodoxos de origem sérvia.



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