Samantha Power, de Harvard, era conselheira de política externa; ela recém-lançou livro sobre Sérgio Vieira de Mello

Em entrevista à publicação escocesa "The Scotsman", adjunta afirma que Hillary está "se rebaixando por qualquer coisa" e pede sigilo

DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK

O confronto entre os democratas Hillary Clinton e Barack Obama na corrida presidencial americana fez uma baixa ontem. Samantha Power, assessora do candidato para questões de política internacional, anunciou que está deixando a campanha depois de ter chamado Hillary de "monstro" em entrevista ao jornal escocês "The Scotsman".
Samantha declarou em caráter confidencial ao repórter: "Ela é um monstro, também -e isso é "off the record" [para não ser publicado no jornal] -, ela está se rebaixando por qualquer coisa".
A demissão ajudou a esquentar a temperatura da campanha, que foi redesenhada após Hillary, que atualmente está atrás do rival na disputa por delegados, ter vencido as prévias no Texas e em Ohio.
A ex-primeira-dama, que por diversas vezes foi acusada de exagerar no ataque a Obama -e de permitir que seu marido, Bill Clinton, fizesse o mesmo- aproveitou a oportunidade para fazer barulho.
Enviou aos eleitores cadastrados em seu site uma mensagem pedindo dinheiro em repúdio à atitude de Samantha: "Um dia depois de o senador Obama ter prometido começar a atacar Hillary, uma assessora de Obama a chamou de "monstro". É isso mesmo: "monstro". Isso não é a política da esperança -isso é o usual estilo de política de ataque que nós já vimos e revimos muitas vezes. Isso tem que acabar. Uma contribuição agora mostrará à campanha de Obama que esse tipo de ataque político tem um preço. Faça uma contribuição para barrar os ataques de Obama".
Power divulgou um pedido público de desculpas a Hillary tão logo a declaração veio à tona. Ela diz ter feito "comentários indesculpáveis" que contrastam com sua "admiração pela senadora Clinton e com o espírito, caráter e propósito da campanha de Obama."
Power é professora da Universidade Harvard e vencedora do prêmio Pulitzer por um livro sobre o genocídio em Ruanda e a inação americana no caso. Ela acaba de publicar uma biografia do brasileiro Sérgio Vieira de Mello, o alto comissário das Nações Unidas assassinado em Bagdá, em 2006 - "Chasing the Flame" (perseguindo a chama).
Na campanha, ela atuava havia 14 meses, sem salário.


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