São Paulo, domingo, 08 de março de 2009

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Listas do Fundo Monetário e da CIA coincidem

DE WASHINGTON

O FMI tem uma lista de países da América Latina "em observação", por sua situação econômica preocupante. Pela primeira vez, ela coincide com a da CIA. Além da África, a região é o outro continente mais frequentemente mencionado nos depoimentos dos chefes de inteligência obamistas. A atenção especial deriva da lembrança do caos dos anos 80 e 90, quando países faliram e governos caíram em efeito dominó.
Num encontro com repórteres no dia 24 último em Langley, na Virgínia, sede da CIA, Leon Panetta respondia a uma pergunta sobre o Resumo de Inteligência Econômica quando tocou no assunto. O objetivo dos relatórios, dizia, é "tentar dar aos autores das políticas uma sensação sobre o que está acontecendo para que eles possam levar isso em consideração na hora de tomar decisões".
Instado por um jornalista, elencou os lugares que mereciam atenção da agência. A recessão, disse, "está começando, obviamente, a ter impacto não só na China e em outros países pela Europa". "Acabei de encontrar com alguém da América Latina que discutiu o fato de que há alguns problemas sérios aos quais nós temos de prestar atenção que envolvem instabilidade econômica."
Indagado sobre quais países, respondeu: "A preocupação envolvia particularmente Argentina, Equador e Venezuela". Vinte dias antes, em respostas por escrito em seu processo de confirmação pelo Senado, disse que estava preocupado por que a CIA "não dirigia recursos suficientes para uma série ampla de desafios de inteligência, como Rússia, China, o esfriamento econômico global, assim como governos fracos e instáveis em lugares como África e América Latina".
Com a reação negativa, principalmente da Argentina, Panetta voltaria atrás, e o Departamento de Estado norte-americano diria que ele apenas reproduziu o que ouviu de outra pessoa. O fato é que, diplomacia a parte, a possibilidade de fracasso econômico dos três governos esquerdistas preocupa os Estados Unidos.
Dessa vez, no entanto, não apenas pelo aspecto ideológico mais amplo -o senso comum diz que a crise poderia incentivar aventuras populistas em outros países-, mas pelo contágio financeiro que a quebra de um dos três poderia levar a um continente que, em geral, vem se saindo melhor que o esperado na atual recessão. (SD)


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