São Paulo, sábado, 08 de abril de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Tensão e dúvida marcam final da campanha

DO ENVIADO ESPECIAL A LIMA

Os três candidatos à Presidência do Peru com chances de chegar ao segundo turno na eleição de amanhã encerraram a campanha anteontem à noite em showmícios concorridos, nos quais não faltaram promessas vagas, apresentações musicais e ataques mútuos.
Primeiro colocado na maioria das pesquisas, o nacionalista Ollanta Humala, da coalizão União Pelo Peru, escolheu o seu principal reduto eleitoral -Arequipa- para o último ato. Sempre acompanhado da mulher, Nadine, repetiu o discurso de crítica aos "políticos tradicionais" e ao "neoliberalismo", prometendo vencer "a ditadura fascista dos economicamente poderosos".
Na linha de Hugo Chávez (Venezuela) e Evo Morales (Bolívia), Humala reiterou a promessa de rever os contratos da multinacionais que exploram os recursos naturais. "Para conseguir a justiça social, faremos mudanças sem violência, ao contrário do que dizem nossos opositores."
Em Lima, onde vence com ampla vantagem, a direitista Lourdes Flores, da frente Unidade Nacional, fez um imenso comício na região central. Aludindo aos adversários, pediu aos eleitores "que não entreguem a pátria a aventureiros improvisados nem repitam velhos fracassos da política econômica e social que só trouxeram mais fome e desespero".
Pouco mais tarde, também no centro de Lima, o ex-presidente Alan García (1985-90), de centro-esquerda, prometeu a algumas dezenas de milhares de pessoas que, "desta vez, não os frustarei". Sobre os adversários, o candidato do tradicional Partido Aprista Peruano (Apra) disse que "de um lado, está a direita dos grandes capitais e, de outro, um agitador".

Indefinição
A campanha peruana chega ao fim mergulhada na incerteza -o único consenso das últimas pesquisas é de que haverá um segundo turno, no mês que vem. Para o instituto Apoyo, tido como o mais confiável, Humala (31%) continua à frente na corrida, enquanto Flores (26%) tenta segurar a tendência de ascensão de García (23%). O instituto deve divulgar nova pesquisa hoje.
Já o instituto CPI mostra empate técnico com uma ligeira vantagem de Flores, seguida de Humala e de García. Uma terceira pesquisa, divulgada ontem pela Datum Internacional, coloca Humala com 26% e García e Flores com 24%, indicando também um empate técnico entre os três.
Uma série de acusações marcou a reta final da campanha, sobretudo contra Humala. Entre outras coisas, seus adversários dizem que o levante militar promovido por ele no fim de 2000 visava facilitar a fuga do assessor presidencial Vladimiro Montesinos, envolvido num megaescândalo de corrupção.
Humala negou ter envolvimento com Montesinos e disse que o levante visava debilitar o governo do então presidente Alberto Fujimori. (FM)

Com agências internacionais


Texto Anterior: Peru: Frustração beneficia Humala, afirma Flores
Próximo Texto: Itália: Berlusconi promete abolir taxa do lixo; oposição vê "compra" de votos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.