São Paulo, domingo, 08 de abril de 2007

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Sem papéis, milhares vêm pelo mar

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE MADRI

"A viagem durou dez dias. Tínhamos água, bolacha e arroz para sete. Ficamos sem comida, bebíamos água do mar. Dormíamos muito, pois, enquanto dormíamos, não pensávamos em comer."
Com um jeito desconfiado e falando francês truncado, o marfinense Lamin, 21, relembra a dura travessia feita com outras 150 pessoas em uma embarcação desde o Senegal às Ilhas Canárias (arquipélago espanhol na costa ocidental da África) no último mês de dezembro.
Essa mesma viagem realizada por Lamin foi feita por mais de 31 mil africanos que tentaram entrar na Espanha de forma ilegal em 2006.
No verão, quando a crise pela vinda desses imigrantes atingiu seu auge, o arquipélago chegou a receber mais de 3.000 em apenas cinco dias.
A forte imagem de centenas de homens sendo recolhidos pela Cruz Vermelha ao desembarcar tem chocado os espanhóis, em meio a críticas da oposição conservadora, que acusou o governo socialista de ter incentivado a onda.
"Enquanto existir essa desigualdade tão grande, seguirá existindo imigração. A diferença de renda entre Espanha e o Mahgreb (norte da África) é a mais significativa do mundo", diz Consuelo Rumí, Secretária de Imigração da Espanha.
Lamin, que prefere não dizer seu sobrenome, é um caso típico. Sem falar espanhol, teve de vender CDs piratas: "Imaginava que seria fácil trabalhar aqui. Nem passava por minha cabeça que era necessário ter documentação".


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