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Sem papéis, milhares vêm pelo mar
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE
MADRI
"A viagem durou dez dias.
Tínhamos água, bolacha e arroz para sete. Ficamos sem
comida, bebíamos água do
mar. Dormíamos muito,
pois, enquanto dormíamos,
não pensávamos em comer."
Com um jeito desconfiado
e falando francês truncado, o
marfinense Lamin, 21, relembra a dura travessia feita
com outras 150 pessoas em
uma embarcação desde o Senegal às Ilhas Canárias (arquipélago espanhol na costa
ocidental da África) no último mês de dezembro.
Essa mesma viagem realizada por Lamin foi feita por
mais de 31 mil africanos que
tentaram entrar na Espanha
de forma ilegal em 2006.
No verão, quando a crise
pela vinda desses imigrantes
atingiu seu auge, o arquipélago chegou a receber mais de
3.000 em apenas cinco dias.
A forte imagem de centenas de homens sendo recolhidos pela Cruz Vermelha
ao desembarcar tem chocado os espanhóis, em meio a
críticas da oposição conservadora, que acusou o governo socialista de ter incentivado a onda.
"Enquanto existir essa desigualdade tão grande, seguirá existindo imigração. A diferença de renda entre Espanha e o Mahgreb (norte da
África) é a mais significativa
do mundo", diz Consuelo
Rumí, Secretária de Imigração da Espanha.
Lamin, que prefere não dizer seu sobrenome, é um caso típico. Sem falar espanhol,
teve de vender CDs piratas:
"Imaginava que seria fácil
trabalhar aqui. Nem passava
por minha cabeça que era necessário ter documentação".
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