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Polícia retira mais de 400 crianças de rancho de seita
Há suspeita de violência e abuso sexual em propriedade no Texas; líder está preso
Denúncia de uma jovem
desencadeou ação policial,
na qual foram retiradas 133
mulheres; testemunhas
relutam em falar sobre fato
DA REDAÇÃO
A polícia do Texas disse ontem já ter retirado 401 crianças
e 133 mulheres do rancho da
Igreja Fundamentalista de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, uma seita polígama
dissidente da Igreja Mórmon.
Policiais tentam, desde ontem,
interrogá-las sobre supostos
abusos físicos e sexuais ocorridos na comunidade, que vivia
reclusa na zona rural, a 6 km do
distrito texano de Eldorado.
A seita promove casamentos
arranjados entre meninas de
até 13 anos e homens mais velhos, o que já lhe rendeu processos anteriores.
Na comunidade perto de Eldorado, as crianças eram educadas em casa e, assim como
suas mães, tinham pouco contato com o mundo exterior.
Abrigadas provisoriamente em
um museu na cidade vizinha de
San Angelo, as testemunhas e
supostas vítimas relutam em
falar com as autoridades.
"Quando crianças vivem em
um ambiente recluso e são tão
protegidas como essas, é muito
difícil fazer com que se abram.
Se você puder levá-las a um local neutro, elas ficam mais dispostas a responder com sinceridade", disse Debra Brown,
membro de um grupo local de
direitos da criança, que representa os pequenos membros da
seita nos procedimentos legais.
As autoridades locais dizem
que não há estrutura para acolher separadamente cada uma
das crianças e que o número de
pessoas removidas ultrapassa a
capacidade do museu. Dezoito
meninas estão sob custódia do
Estado, temporariamente abrigadas com famílias substitutas.
A Justiça determinou que a
polícia texana entrasse na propriedade após denúncia de uma
adolescente, que relatou abusos do marido, 34 anos mais velho. O confronto com moradores, tradicionalmente avessos
ao poder público, não se concretizou. Apenas um homem
foi preso, acusado de tentar impedir a ação da polícia, que invadiu o rancho no último final
de semana.
A polícia busca provas do casamento da garota de 16 anos
com Dale Barlow, 50. Documentos judiciais revelam que
ela teve um bebê há oito meses,
quando tinha 15 anos -abaixo
dos 16 exigidos para o casamento no Estado. O casal e o bebê
não foram localizados.
Casamentos arranjados são
comuns na seita, fundada na
década de 30 por membros excomungados da Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos
Dias (mórmon), que rejeita a
poligamia desde 1890. A propriedade no Texas foi adquirida
em 2004 e atraiu famílias das
comunidades fundamentalistas em Utah e no Arizona.
Em 2007, Warren Jeffs, autoproclamado descendente direto de Jesus Cristo e profeta,
renunciou à liderança da seita,
após ser condenado por cumplicidade em estupro. Responsável por escolher esposas para
seus seguidores, ele admitiu ter
usado sua influência para induzir uma menina de 14 anos a se
casar com o primo de 19.
A defesa alegou que Jeffs foi
vítima de perseguição religiosa.
A prisão, porém, parece tê-lo
mergulhado em um estado de
depressão e autocrítica. Gravações mostram que, após um
mês de orações e jejum na unidade correcional de Hurricane,
Utah, ele questionava seu papel como guia espiritual.
"Não sou o profeta. Nunca fui
o profeta e fui enganado pelos
poderes do mal", disse ele em
conversa com um irmão, gravada por policiais. Ele também
revelou ter sido "imoral" com
uma "irmã" e uma "filha" há 30
anos -termos que, na seita,
tanto podem ter conotação familiar quanto religiosa. Três
dias depois, tentou suicídio.
Com "New York Times" e
agências internacionais
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