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Paquistão anula trégua e enfrenta Taleban
Exército intensifica ataques no vale do Swat, onde conflito deixou 200 mortos e 50 mil deslocados desde o último dia 26
Acordo, firmado há três meses, permitia aplicação da lei islâmica e fora criticado por Pentágono, que temia fortalecimento de radicais
Greg Baker/Associated Press
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Paquistaneses expulsos de suas casas pela retomada dos conflitos na região do Swat recebem barracas para abrigo temporário
DA REDAÇÃO
O governo do Paquistão iniciou ontem uma escalada da
ofensiva na região do Swat e encerrou oficialmente o fracassado acordo de paz firmado em
fevereiro, que permitia a imposição da sharia (lei islâmica) na
região. A operação, iniciada no
último dia 26 em reação ao
avanço do Taleban, já deixou
pelo menos 200 mortos.
O Exército tem ordens para
eliminar os insurgentes, anunciou premiê paquistanês, Yusuf
Raza Gilani, selando em cadeia
nacional de TV o fim do cessar-fogo. Dezenas de insurgentes e
dez militares morreram ontem
em combate, segundo o Exército paquistanês, que não divulgou dados sobre as baixas civis.
Um dos mortos é filho do clérigo radical Sufi Muhammed,
artífice do acordo do Swat.
Fundador do movimento pró-sharia TSNM, atualmente comandado por seu genro e alinhado ao Taleban, Muhammed
abandonou a mediação após o
início da ofensiva.
Com bombardeios e artilharia pesada, as mortes devem aumentar. Em comboios, moradores fogem da zona conflagrada. Os combates podem forçar
500 mil pessoas a deixarem a
região, alerta a ONU. A retomada do conflito já deixou 50 mil
flagelados desde o início da semana, quando o Exército relaxou o toque de recolher para
permitir a saída de civis.
Dezenas de pacientes feridos
à bala e por estilhaços de bombas, incluindo crianças, foram
atendidos ontem no hospital de
Mardan, no distrito de Malakad, que engloba o Swat.
Gilani anunciou pacote de 1
bilhão de rúpias (R$ 43 milhões) para os flagelados do
conflito e pediu apoio de "todas
as forças políticas e da sociedade civil" aos militares.
Soberania
"Aprovamos o pacto do Swat
para conseguir a paz, apesar da
pressão doméstica e internacional, mas não o respeitaram",
justificou Gilani, enfatizando a
soberania da decisão, que atende anseios americanos.
O secretário da Defesa dos
EUA, Robert Gates, assegurou
ontem a soldados americanos
recém chegados ao Afeganistão
que eles não serão enviados a
combates no país vizinho, tranquilizando Islamabad.
Analistas militares americanos consideram as tropas paquistanesas mal treinadas e
pouco equipadas para a missão
no Swat. Mesmo a vantagem
numérica -15 mil militares
contra estimados 7.000 insurgentes- tem efeito limitado
nesse tipo de conflito, que usa
táticas de guerrilha.
A escalada da ação militar
coincide com a visita do presidente Asif Ali Zardari a Washington, onde se reuniu com o
americano Barack Obama e o
afegão Hamid Karzai para discutir o avanço dos extremistas.
O discurso nacionalista ganha força entre os paquistaneses, insatisfeitos com a insegurança. O apoio às ações americanas contra radicais islâmicos
agravou as tensões internas no
país, assolado por ataques terroristas. A violência, que pesou
na queda do ditador Pervez
Musharraf, persiste após a redemocratização, em 2008.
O recente avanço do Taleban,
que assumiu o controle de
áreas a apenas 100 km da capital, Islamabad, expôs a fragilidade do acordo no Swat, selado
em fevereiro. O Pentágono tinha recebido com ressalvas o
cessar-fogo, alertando sobre o
risco de fortalecimento dos radicais na região.
O Exército manteve inicialmente a "pausa operacional"
para permitir negociações locais, em uma estratégia criticada duramente pela chancelar
americana, Hillary Clinton. Líderes tribais chegaram a anunciar um recuo do Taleban, que
deixaria a área para preservar o
acordo pró-sharia.
Com agências internacionais
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