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Venezuela aprova lei para controlar setor petroleiro
Prestadoras de serviço serão expropriadas sem poder recorrer a arbitragem internacional
Chávez diz que nova medida entra em vigor hoje e afirma que todas as empresas visadas atuam em região governada pela oposição
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
O presidente Hugo Chávez
anunciou que expropriará hoje
dezenas de empresas do setor
petroleiro. As novas nacionalizações ocorrem um após a Assembleia aprovar uma lei que
"reserva ao Estado os bens e
serviços ligados às atividades
primárias de hidrocarbonetos".
"Vou promulgar a lei imediatamente, e sai hoje [ontem]
mesmo em Gazeta Oficial, em
número extraordinário, porque amanhã [hoje] começamos
a recuperar bens e ativos que
passam a ser do Estado, de propriedade social, como sempre
deveria ter sido", disse Chávez
por volta das 20h locais, durante reunião de gabinete transmitida em cadeia de rádio e TV.
O presidente venezuelano
afirmou que todas as empresas
a serem nacionalizadas hoje
atuam no lago de Maracaibo
(oeste), principal região de produção petroleira da Venezuela
e localizado no rico Estado de
Zulia, governado pela oposição.
Ele prometeu comparecer pessoalmente.
Chávez afirmou que serão
nacionalizados hoje 300 lanchas, 30 rebocadores, 30 barcos
de transporte, 39 terminais e
atracadouros, 61 lanchas de
mergulho, 5 diques para reparação de barcos, além de 13 oficinas. Ao todo, o Estado absorverá 8.056 trabalhadores e economizará US$ 700 milhões por
ano, segundo o presidente.
"Vejam como a burguesia e a
pequena burguesia ainda têm
muitos mecanismos por meio
dos quais se apropria da maior
parte da renda petroleira", disse Chávez.
A nova legislação, que tramitou em menos de uma semana,
amplia o processo de estatização do setor petroleiro iniciado
por Chávez, que já implantara o
monopólio da PDVSA na exploração e comercialização.
De acordo com a lei recém-promulgada, as empresas que
forem estatizadas não poderão
recorrer à arbitragem internacional, mas somente à Justiça
venezuelana, controlada pelo
chavismo.
Várias dessas empresas enfrentam atualmente dificuldades de caixa por causa dos atrasos de pagamento da PDVSA
-algumas não recebem desde
setembro. A estatal vem sofrendo com a queda do preço do
petróleo, agravada pela transferência de grande parte de seu
faturamento para o financiamento dos programas sociais
do governo Chávez.
Em março, a PDVSA anunciou que começaria a pagar as
dívidas de cerca de 6.000 fornecedores de forma escalonada,
mas as empresas do setor afirmam que a promessa não vem
sendo cumprida. A estimativa é
que a dívida com as prestadoras
supere os US$ 3 bilhões.
A última grande nacionalização feita no setor petroleira foi
em 2007, quando Chávez estatizou as empresas que exploravam a faixa do Orinoco (centro-leste), uma das maiores reservas mundiais.
Sidor
Depois de difíceis negociações, Caracas chegou a um
acordo com a holding argentina
Ternium para a indenização da
siderúrgica Sidor, nacionalizada em abril de 2008 e que tinha
uma participação minoritária
da brasileira Usiminas.
O governo venezuelano se
comprometeu a pagar US$ 1,97
bilhão por quase 60% das ações
da Sidor, a maior siderúrgica do
Caribe. É um valor intermediário entre o que exigia a Ternium (cerca de US$ 4 bilhões) e
o que Chávez queria pagar (US$
800 milhões).
Desde 2007, logo após ter sido reeleito, Chávez vem promovendo uma ampla nacionalização de setores como o petroleiro, de telecomunicações,
eletricidade, cimento e até turismo.
Com agências internacionais
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