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Proposta permite que Irã enriqueça urânio
Condição é que fiscais da AIEA garantam que o projeto nuclear da república islâmica não busca a bomba
DA REDAÇÃO
Diplomatas que tiveram
acesso ao pacote oferecido ao
Irã, em troca da suspensão de
seu programa nuclear, revelam
que a proposta avança em um
ponto antes impensável para o
grupo das seis potências que a
apresentou: o país islâmico não
seria mais obrigado a abrir
mão, em definitivo, do enriquecimento de urânio.
A informação, publicada ontem pelo "Washington Post", foi
confirmada com novos detalhes pela Associated Press.
Mas essa abertura dos cinco
membros permanentes do
Conselho de Segurança (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França), aos quais
se agregou a Alemanha, está
condicionada a garantias de
que o programa terá finalidades exclusivamente pacíficas.
Isso seria verificado, tecnicamente, pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica). A agência seria encarregada, segundo um informante do
"Post", em Washington, de
"instaurar um clima de confiança" multilateral que o Irã
não inspira desde 1979, com a
criação do regime islâmico.
A desconfiança ocidental se
devia ao fato de, por 18 anos,
aquele país ter desenvolvido sigilosamente tecnologia atômica. O temor de que estivesse
atrás da bomba surgiu em
2002, a partir do alarme de um
grupo de dissidentes.
Mas, para se beneficiar no futuro da retomada de seu programa de combustível, o Irã deve interromper de imediato o
enriquecimento de urânio.
Javier Solana, o chefe da diplomacia européia que foi o
portador do plano, entregue
anteontem em Teerã, disse que
qualquer negociação será apenas iniciada com a suspensão
da produção de combustível.
Posição semelhante foi expressa em Washington pelo
porta-voz do Departamento de
Estado, Sean McCormack.
Em Teerã, a única informação liberada ontem pelo governo era a de que estava "estudando o plano com atenção".
Apesar do acúmulo de indícios de uma solução diplomática para a crise, o que contornaria as punições que o Conselho
de Segurança se dispõe a votar,
a última palavra cabe ao dividido regime iraniano, onde parte
da hierarquia xiita defende o
prosseguimento do confronto.
Uma das provas do ambiente
conciliador foi dada pela Alemanha, voto vencido na reta final de redação do pacote. Ela
aceitaria que, durante a negociação, o Irã enriquecesse urânio em pequena escala.
O diretor-geral da AIEA, Mohamed ElBaradei, concordava
com essa fórmula, argumentando que dificilmente Teerã
interromperia uma atividade
na qual é bem-sucedido.
Com agências internacionais
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