São Paulo, quinta-feira, 08 de junho de 2006

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Proposta permite que Irã enriqueça urânio

Condição é que fiscais da AIEA garantam que o projeto nuclear da república islâmica não busca a bomba

DA REDAÇÃO

Diplomatas que tiveram acesso ao pacote oferecido ao Irã, em troca da suspensão de seu programa nuclear, revelam que a proposta avança em um ponto antes impensável para o grupo das seis potências que a apresentou: o país islâmico não seria mais obrigado a abrir mão, em definitivo, do enriquecimento de urânio.
A informação, publicada ontem pelo "Washington Post", foi confirmada com novos detalhes pela Associated Press.
Mas essa abertura dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França), aos quais se agregou a Alemanha, está condicionada a garantias de que o programa terá finalidades exclusivamente pacíficas.
Isso seria verificado, tecnicamente, pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica). A agência seria encarregada, segundo um informante do "Post", em Washington, de "instaurar um clima de confiança" multilateral que o Irã não inspira desde 1979, com a criação do regime islâmico.
A desconfiança ocidental se devia ao fato de, por 18 anos, aquele país ter desenvolvido sigilosamente tecnologia atômica. O temor de que estivesse atrás da bomba surgiu em 2002, a partir do alarme de um grupo de dissidentes.
Mas, para se beneficiar no futuro da retomada de seu programa de combustível, o Irã deve interromper de imediato o enriquecimento de urânio.
Javier Solana, o chefe da diplomacia européia que foi o portador do plano, entregue anteontem em Teerã, disse que qualquer negociação será apenas iniciada com a suspensão da produção de combustível.
Posição semelhante foi expressa em Washington pelo porta-voz do Departamento de Estado, Sean McCormack.
Em Teerã, a única informação liberada ontem pelo governo era a de que estava "estudando o plano com atenção".
Apesar do acúmulo de indícios de uma solução diplomática para a crise, o que contornaria as punições que o Conselho de Segurança se dispõe a votar, a última palavra cabe ao dividido regime iraniano, onde parte da hierarquia xiita defende o prosseguimento do confronto.
Uma das provas do ambiente conciliador foi dada pela Alemanha, voto vencido na reta final de redação do pacote. Ela aceitaria que, durante a negociação, o Irã enriquecesse urânio em pequena escala.
O diretor-geral da AIEA, Mohamed ElBaradei, concordava com essa fórmula, argumentando que dificilmente Teerã interromperia uma atividade na qual é bem-sucedido.


Com agências internacionais

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