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Imigrantes já chegam a 191 milhões, afirma ONU
Sem números exatos, exploração sexual é apontada como problema mais grave
O documento, elaborado por Kofi Annan, mostra que o Brasil é um dos 20 países que mais recebem dinheiro de remessas internacionais
Anton Meres/Reuters
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Parte de um grupo de quase 200 africanos que tentava entrar ilegalmente na Espanha espera repatriação após prisão em Cadiz |
ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO
Um relatório sobre migração
internacional e desenvolvimento, apresentado pelo secretário-geral das Nações Unidas,
Kofi Annan, nesta semana,
mostra que há 191 milhões de
migrantes no mundo.
Em 1990, o número era de
155 milhões -um aumento de
36 milhões, ou 23%, desde a
Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos dos
Trabalhadores Migrantes e de
Suas Famílias, aprovada pela
Assembléia Geral da ONU naquele ano e da qual o Brasil não
é signatário.
O Programa Nacional de Direitos Humanos, instituído em
1996, lista como proposta de
ação governamental de curto
prazo a ratificação da convenção, o que ainda não foi feito.
Segundo o estudo, conduzido
em 2005, a maioria das pessoas
que deixam seus países de origem tem como destino preferido países mais ricos.
Só os Estados Unidos abrigam hoje cerca de 20% dos migrantes. A Europa, como um todo, recebe 34%. Individualmente, EUA, Rússia e Alemanha são os três países que mais
recebem estrangeiros.
Mas o número de pessoas
que se mudam de países em desenvolvimento para outros na
mesma condição não é pequeno: 75 milhões.
Segundo o relatório da ONU,
os Estados de origem podem
ter nos emigrantes uma parte
importante de suas riquezas -a
minúscula Tonga, por exemplo,
encabeça a lista dos 20 países
com maior participação percentual de remessas de expatriados no PIB, com 31%. Haiti,
Bósnia-Herzegóvina, Líbano e
os recém-separados Sérvia e
Montenegro também fazem
parte desse grupo.
O Brasil ocupa a 13ª posição
em outra lista, a dos 20 países
que receberam a maior quantidade absoluta de dinheiro vindo de imigrantes em 2004, com
US$ 3,6 bilhões. A Índia aparece em primeiro lugar, com US$
21,7 bilhões, seguida por China
e México.
O Brasil também é citado no
relatório ao lado da Índia como
exemplo de exportador de
mão-de-obra pouco qualificada
que pode se beneficiar da imigração, ao contrário de países
que sofrem da chamada "fuga
de cérebros", com mais de 20%
de emigrantes qualificados.
"A migração internacional,
apoiada em políticas corretas,
pode ser altamente benéfica
para o desenvolvimento tanto
dos países de onde [os migrantes] vêm quanto daqueles aonde chegam", concluiu o secretário-geral na Assembléia Geral
da ONU, na última terça.
Exploração
O relatório, no entanto, ressalta que a "experiência de migração evoluiu de modo não
muito positivo". "Migrantes de
ambos os sexos são cada vez
mais expostos a exploração e
abuso por contrabandistas e
traficantes, às vezes perdendo
suas vidas", diz o documento,
que afirma não ser possível mesurar em números o real alcance do problema.
O relatório também cita discriminação, xenofobia e racismo como outros problemas enfrentados por imigrantes "como resultado do aumento de
tensões religiosas e culturais
em algumas sociedades". Para
combatê-los, a ONU aconselha
a cooperação internacional.
Refugiados
O número de refugiados caiu
desde 1990, de 18,5 milhões para 13,5 milhões em 2005. Países
em desenvolvimento abrigam
10,8 milhões desses refugiados
-7,8 milhões na Ásia e outros 3
milhões na África. Segundo o
relatório, 48% dos refugiados
são mulheres.
Entre 1990 e 2004, 21,5 milhões de refugiados foram voluntariamente repatriados.
Desses, 6,9 milhões retornaram ao Afeganistão -o que
contribuiu também para a queda de Irã e Paquistão no ranking dos 20 países que recebem
o maior número de imigrantes.
Os países eram os principais
destinos dos 20% da população
que deixou o Afeganistão desde
1979, ano da invasão soviética.
Os refugiados constituem
23% dos migrantes dos países
menos desenvolvidos e são 18%
dos migrantes africanos.
Autoridades africanas e européias trabalham em um plano conjunto para lidar com a
crise dos imigrantes ilegais que
fazem viagens perigosas da
África para chegar à Europa.
O plano deve ser adotado formalmente numa conferência
sobre migração que deve acontecer em julho, no Marrocos, e
inclui medidas preventivas
mais severas para encorajar jovens africanos a permanecer
em seus países.
O Ministro do Interior do Senegal, Ousmane Ngom, no entanto, declarou à rede britânica
BBC que a migração não poderá ser erradicada enquanto
"permanecer como um instrumento da história" cujas vantagens são "imensas".
Com agências internacionais
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