São Paulo, quarta-feira, 08 de junho de 2011

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ANÁLISE ELEIÇÃO PERUANA

Marketing brasileiro domina América Latina

Vitória de Ollanta Humala confirma duas décadas de influência do Brasil no cenário das disputas pós-redemocratização


A PENETRAÇÃO BRASILEIRA NAS ELEIÇÕES LATINO-AMERICANAS TEM AVANÇO PARALELO DAS GRANDES EMPRESAS, ESTATAIS E PRIVADAS


NELSON DE SÁ
ARTICULISTA DA FOLHA

"Eu sou brasileiro/ com muito orgulho/ com muito amor." Os versos de "Grito de Guerra", tão ouvidos na Copa, são do brasileiro Nelson Biasoli. Sem a letra, foi a música que embalou a campanha que elegeu o nacionalista Ollanta Humala no Peru.
Estava no fundo das inserções em que o candidato surgia engravatado como um executivo, em reunião, ou com a família.
A campanha foi criada pelos petistas Luis Favre e Valdemir Garreta, da FX Comunicações, e marca duas décadas de penetração do marketing político brasileiro na América Latina, pós-redemocratização.
Chico Santa Rita, dois anos depois de trabalhar para Fernando Collor na primeira eleição presidencial depois da ditadura, já estava na Bolívia, há exatos 20 anos.
Duda Mendonça entrou na Argentina em seguida, com Carlos Menem, e estabeleceu as campanhas "fast food", com o bordão "Menem lo hizo", uma adaptação de "Foi Maluf que fez".
Mas, desde a campanha de Mauricio Funes em El Salvador, comandada por João Santana há dois anos, o quadro mudou. A esquerda moderada busca identificação com Lula, na forma ao menos, enquanto a direita responderia também reproduzindo fórmulas.
Santana, que também foi marqueteiro de Dilma Rousseff, afirma ter enfrentado variações de uma mesma inserção de ataque, em El Salvador, que antes já havia sido vista na campanha do conservador Felipe Calderón, no México.
Luiz Gonzalez, que foi marqueteiro de José Serra e atuou também em campanhas na América Latina e em Portugal, não acredita em marketing "prêt-à-porter", como chama. "Cada campanha é uma história."
Ele avalia que o avanço do marketing brasileiro é resultado das duas décadas de redemocratização e também das proporções do país.
"É uma democracia muito grande, uma massa com grandes diferenças que tem que ser alcançada em grande escala, via televisão. Com o tempo, o tamanho acabou apetrechando gente."
Jornalistas como os próprios Gonzalez, ex-Rede Globo, e Santana, ex-"IstoÉ", foram chamados para o trabalho, reunindo-se a publicitários como Duda Mendonça ou Nizan Guanaes.
A penetração brasileira nas eleições latino-americanas é acompanhada de um avanço paralelo das grandes empresas brasileiras, estatais e privadas.
Até o último mês antes do primeiro turno no Peru, o ex-presidente Alejandro Toledo era considerado o favorito -e duas empreiteiras brasileiras fizeram as maiores contribuições à sua campanha, segundo o órgão eleitoral do país, Camargo Corrêa e Queiroz Galvão.


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