São Paulo, quarta-feira, 08 de junho de 2011

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Iraniana diz que lamenta não ser recebida por Dilma

Nobel da Paz de 2003, ativista Shirin Ebadi afirma que veio ao Brasil justamente para encontrar a presidente

Ela afirmou ainda que apenas queria mostrar agradecimento por mudança na atitude do governo sobre o Irã

MARINA MESQUITA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A advogada e ativista de direitos humanos iraniana Shirin Ebadi, 63, ganhadora do Nobel da Paz em 2003, lamentou ontem a recusa de Dilma Rousseff em recebê-la e disse que o encontro com a presidente era a principal razão de sua visita ao Brasil.
"Eu só vim ver a presidente, queria agradecer pela ajuda dela no caso Sakineh. Vou ter de mandar uma carta", declarou.
A advogada se referia ao caso da iraniana Sakineh Ashtiani, acusada de adultério e de ter ordenado a morte do marido -a sentença não foi aplicada.
"Não queria falar de assuntos políticos [com Dilma]. Vim falar sobre direitos humanos e direitos das mulheres", disse Ebadi, figura emblemática da oposição ao presidente Mahmoud Ahmadinejad, em conversa com jornalistas na sede da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo.
A ativista manterá seus planos de ir a Brasília, onde espera ser recebida amanhã por Dilma. "A intenção ainda é encontrá-la", disse o representante de Ebadi no Brasil, Flavio Rassekh.
O governo brasileiro, no entanto, só confirmou encontros com o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, e com o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota.
O Palácio do Planalto deixou claro que a presidente estará em Blumenau (SC), o que foi considerado um sinal de que o governo brasileiro quer manter distanciamento da iraniana.
Segundo Rassekh, o governo iraniano pressionou o Itamaraty para evitar o encontro.
Dilma assumiu o governo prometendo reverter a política do antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, em relação ao Irã, criticada por ser condescendente na questão dos direitos humanos.
Ao contrário de Lula, Dilma repudiou o Irã no Conselho de Direitos Humanos da ONU e fez duras críticas a Teerã pela condenação de Sakineh à morte.
Diante da aparente mudança na relação com o Irã, Shirin Ebadi acreditava que seria recebida por Dilma.


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