São Paulo, terça-feira, 08 de julho de 2008

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Atentado mata 41 em embaixada em Cabul

Alvo foi representação da Índia; afegãos acusam o Paquistão

Paquistão e Talebã negam a autoria; atentado matou diplomata e adido militar da Índia; carro-bomba entrou pelo portão da embaixada

DA REDAÇÃO

Um carro-bomba explodiu ontem na Embaixada da Índia em Cabul, capital do Afeganistão, matando 41 pessoas e ferindo 139. Entre os mortos estão um diplomata e o adido militar indianos. O governo afegão responsabilizou "círculos de inteligência ativos na região", numa menção cifrada ao país vizinho, o Paquistão.
O ministro paquistanês das Relações Exteriores, Mackdoom Oureshi, respondeu que "condena os atentados terroristas sob todas as formas".
O Talebã, grupo islâmico no poder no Afeganistão entre 1996 e 2001, negou participação no atentado. Seu porta-voz, Zabiullah Mujahid, disse que o grupo apenas toma como alvo os 60 mil militares estrangeiros instalados no país.
O terrorista que dirigia o veículo carregado de explosivos aproveitou a abertura dos portões da embaixada para a entrada do automóvel de um diplomata e um adido político -o corpo dele, mutilado, só foi encontrado horas depois, no telhado de um prédio vizinho. O carro-bomba explodiu a 30 metros da fachada principal.
Além de três policiais e seis seguranças, morreram afegãos em fila por um visto para a Índia e clientes de um centro comercial vizinho.
O primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, evitou polemizar sobre a autoria do atentado. "Perdemos compatriotas que ajudavam seus irmãos afegãos a reconstruir suas vidas e seu país", afirmou.

Afeganistão e Índia
Há milhares de engenheiros e técnicos da Índia no Afeganistão. Em termos geoestratégicos, interessa à Nova Déli fortalecer o regime afegão, para que ele funcione como um contraponto ao Paquistão, seu vizinho e histórico inimigo, com o qual já travou três guerras. Os dois países disputam a Caxemira.
O Talebã, também suspeito, intensificou ações militares contra o governo do presidente Hamid Karzai, apoiado pelos Estados Unidos. No final de abril Karzai escapou a um atentado a tiros, pouco antes de um desfile militar. O presidente ameaçara atravessar com seus contingentes a fronteira paquistanesa, caso o regime paquistanês não demonstrasse competência contra o Talebã.
Em junho, morreram mais militares estrangeiros no Afeganistão que no Iraque, 46 a 31.
Ikram Sehgal, especialista paquistanês, não acredita que o Talebã ou o Paquistão estejam por detrás da carnificina. Ele atribui o atentado às lideranças tribais da etnia pashtun, instalada na fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão e que hoje toma a Índia como inimiga, pela instalação de consulados na região que controlam.
Os Estados Unidos, disse o porta-voz da Casa Branca, Gordon Johndroe, apóiam o Afeganistão e a Índia contra o inimigo comum, os terroristas.
O atentado de ontem foi o mais mortífero na capital afegã desde a operação estrangeira que no final de 2001 derrubou o regime que hospedava campos de treinamento da Al Qaeda. Com menor número de vítimas, cinco outros atentados ocorreram em Cabul este ano.
O pior atentado ocorreu em fevereiro deste ano, quando um homem-bomba se explodiu em Candahar, ao sul do país, matando 80 pessoas e ferindo mais de 90.


Com agências internacionais




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