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Atentado mata 41 em embaixada em Cabul
Alvo foi representação da Índia; afegãos acusam o Paquistão
Paquistão e Talebã negam a autoria; atentado matou diplomata e adido militar da Índia; carro-bomba entrou pelo portão da embaixada
DA REDAÇÃO
Um carro-bomba explodiu
ontem na Embaixada da Índia
em Cabul, capital do Afeganistão, matando 41 pessoas e ferindo 139. Entre os mortos estão um diplomata e o adido militar indianos. O governo afegão responsabilizou "círculos
de inteligência ativos na região", numa menção cifrada ao
país vizinho, o Paquistão.
O ministro paquistanês das
Relações Exteriores, Mackdoom Oureshi, respondeu que
"condena os atentados terroristas sob todas as formas".
O Talebã, grupo islâmico no
poder no Afeganistão entre
1996 e 2001, negou participação no atentado. Seu porta-voz,
Zabiullah Mujahid, disse que o
grupo apenas toma como alvo
os 60 mil militares estrangeiros
instalados no país.
O terrorista que dirigia o veículo carregado de explosivos
aproveitou a abertura dos portões da embaixada para a entrada do automóvel de um diplomata e um adido político -o
corpo dele, mutilado, só foi encontrado horas depois, no telhado de um prédio vizinho. O
carro-bomba explodiu a 30 metros da fachada principal.
Além de três policiais e seis
seguranças, morreram afegãos
em fila por um visto para a Índia e clientes de um centro comercial vizinho.
O primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, evitou
polemizar sobre a autoria do
atentado. "Perdemos compatriotas que ajudavam seus irmãos afegãos a reconstruir
suas vidas e seu país", afirmou.
Afeganistão e Índia
Há milhares de engenheiros
e técnicos da Índia no Afeganistão. Em termos geoestratégicos, interessa à Nova Déli fortalecer o regime afegão, para que
ele funcione como um contraponto ao Paquistão, seu vizinho
e histórico inimigo, com o qual
já travou três guerras. Os dois
países disputam a Caxemira.
O Talebã, também suspeito,
intensificou ações militares
contra o governo do presidente
Hamid Karzai, apoiado pelos
Estados Unidos. No final de
abril Karzai escapou a um atentado a tiros, pouco antes de um
desfile militar. O presidente
ameaçara atravessar com seus
contingentes a fronteira paquistanesa, caso o regime paquistanês não demonstrasse
competência contra o Talebã.
Em junho, morreram mais
militares estrangeiros no Afeganistão que no Iraque, 46 a 31.
Ikram Sehgal, especialista
paquistanês, não acredita que o
Talebã ou o Paquistão estejam
por detrás da carnificina. Ele
atribui o atentado às lideranças
tribais da etnia pashtun, instalada na fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão e que
hoje toma a Índia como inimiga, pela instalação de consulados na região que controlam.
Os Estados Unidos, disse o
porta-voz da Casa Branca, Gordon Johndroe, apóiam o Afeganistão e a Índia contra o inimigo comum, os terroristas.
O atentado de ontem foi o
mais mortífero na capital afegã
desde a operação estrangeira
que no final de 2001 derrubou o
regime que hospedava campos
de treinamento da Al Qaeda.
Com menor número de vítimas, cinco outros atentados
ocorreram em Cabul este ano.
O pior atentado ocorreu em
fevereiro deste ano, quando um
homem-bomba se explodiu em
Candahar, ao sul do país, matando 80 pessoas e ferindo
mais de 90.
Com agências internacionais
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