São Paulo, quinta-feira, 08 de agosto de 2002

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ÁFRICA

Anglo American, maior mineradora sul-africana, distribuirá remédios aos funcionários infectados, na primeira ação do gênero

Empresa dará droga anti-Aids a empregados

DO "FINANCIAL TIMES"

A maior mineradora com atividades na África do Sul, o conglomerado Anglo American, deverá ser a primeira empresa do mundo a fornecer gratuitamente aos seus funcionários drogas de combate ao vírus da Aids.
A medida é de grande importância no país, vítima de uma epidemia do HIV que já afeta pelo menos 4,7 milhões de seus 43,5 milhões de habitantes -a maioria deles sem dinheiro suficiente para comprar os remédios.
Cerca de 23% dos 134 mil trabalhadores sul-africanos da companhia são portadores do vírus. A Anglo American é o grupo que mais emprega pessoas na África do Sul. "Não há desculpas para um atraso. É cada vez mais urgente fazer alguma coisa", disse Brian Brink, vice-presidente responsável pelas políticas médicas da empresa, que deve estender o projeto a cerca de 40 países.
A Anglo está negociando com os laboratórios GlaxoSmithKline, Merck e Boehringer Ingelheim o fornecimento do coquetel contra a Aids. O primeiro ano de distribuição deve custar entre US$ 2,45 milhões e US$ 4,9 milhões.
Executivos do grupo estão se informando sobre a possibilidade de comprar medicamentos genéricos -cópias mais baratas das drogas- para os funcionários.

Benefício econômico
Além do aspecto humanitário, a iniciativa pode ser economicamente interessante à companhia mineradora. Algumas pesquisas dizem que sairia mais barato aos empregadores na África do Sul fornecer as drogas que arcar com os prejuízos decorrentes de faltas dos funcionários, perda de produtividade, hospitalização, funerais e treinamento de substitutos.
Além do novo programa de distribuição de remédios, a Anglo American já dá aos seus funcionários cursos de prevenção à Aids, doença que é vista como o maior desafio para a economia da África do Sul nos próximos anos.
Algumas previsões afirmam que, se forem mantidos os presentes índices de contágio, 30% da população economicamente ativa será soropositiva até 2005.
A decisão da Anglo American poderia impulsionar campanhas internacionais por um aumento nos recursos destinados ao combate à Aids na África. Especialistas argumentam que o tratamento de soropositivos com drogas capazes de prolongar sua vida por muitos anos seria uma das únicas formas de evitar a devastação do continente.
No mês passado, a ONU afirmou que 68 milhões de africanos podem morrer da doença ao longo da próxima década se medidas drásticas não forem tomadas.
Apenas cerca de 30 mil dos 30 milhões de soropositivos da África (três quartos do total mundial) têm acesso atualmente às drogas necessárias.
No ano 2000, 3,8 milhões de pessoas foram contaminadas pelo vírus da Aids na África. Sem o HIV, a expectativa média de vida no continente seria de 62 anos; atualmente, ela é de 47 anos.



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