|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ÁFRICA
Anglo American, maior mineradora sul-africana, distribuirá remédios aos funcionários infectados, na primeira ação do gênero
Empresa dará droga anti-Aids a empregados
DO "FINANCIAL TIMES"
A maior mineradora com atividades na África do Sul, o conglomerado Anglo American, deverá
ser a primeira empresa do mundo
a fornecer gratuitamente aos seus
funcionários drogas de combate
ao vírus da Aids.
A medida é de grande importância no país, vítima de uma epidemia do HIV que já afeta pelo
menos 4,7 milhões de seus 43,5
milhões de habitantes -a maioria deles sem dinheiro suficiente
para comprar os remédios.
Cerca de 23% dos 134 mil trabalhadores sul-africanos da companhia são portadores do vírus. A
Anglo American é o grupo que
mais emprega pessoas na África
do Sul. "Não há desculpas para
um atraso. É cada vez mais urgente fazer alguma coisa", disse Brian
Brink, vice-presidente responsável pelas políticas médicas da empresa, que deve estender o projeto
a cerca de 40 países.
A Anglo está negociando com
os laboratórios GlaxoSmithKline,
Merck e Boehringer Ingelheim o
fornecimento do coquetel contra
a Aids. O primeiro ano de distribuição deve custar entre US$ 2,45
milhões e US$ 4,9 milhões.
Executivos do grupo estão se informando sobre a possibilidade
de comprar medicamentos genéricos -cópias mais baratas das
drogas- para os funcionários.
Benefício econômico
Além do aspecto humanitário, a
iniciativa pode ser economicamente interessante à companhia
mineradora. Algumas pesquisas
dizem que sairia mais barato aos
empregadores na África do Sul
fornecer as drogas que arcar com
os prejuízos decorrentes de faltas
dos funcionários, perda de produtividade, hospitalização, funerais e treinamento de substitutos.
Além do novo programa de distribuição de remédios, a Anglo
American já dá aos seus funcionários cursos de prevenção à Aids,
doença que é vista como o maior
desafio para a economia da África
do Sul nos próximos anos.
Algumas previsões afirmam
que, se forem mantidos os presentes índices de contágio, 30%
da população economicamente
ativa será soropositiva até 2005.
A decisão da Anglo American
poderia impulsionar campanhas
internacionais por um aumento
nos recursos destinados ao combate à Aids na África. Especialistas argumentam que o tratamento de soropositivos com drogas
capazes de prolongar sua vida por
muitos anos seria uma das únicas
formas de evitar a devastação do
continente.
No mês passado, a ONU afirmou que 68 milhões de africanos
podem morrer da doença ao longo da próxima década se medidas
drásticas não forem tomadas.
Apenas cerca de 30 mil dos 30
milhões de soropositivos da África (três quartos do total mundial)
têm acesso atualmente às drogas
necessárias.
No ano 2000, 3,8 milhões de
pessoas foram contaminadas pelo
vírus da Aids na África. Sem o
HIV, a expectativa média de vida
no continente seria de 62 anos;
atualmente, ela é de 47 anos.
Texto Anterior: Oriente Médio: Palestinos aceitam proposta de retirada Próximo Texto: Panorâmica - Siamesas: Irmãs estão em estado crítico, mas estável Índice
|