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EUA não terão bases na Colômbia, diz Obama
Presidente afirma que novo acordo militar com Colômbia é só uma "atualização" e critica "retórica anti-ianque" na região
Sobre Honduras, americano diz que não pode apertar botão e reinstalar Zelaya e ironiza os que pedem agora maior ingerência dos EUA
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
O presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou ontem
que o país não "tem nenhuma
intenção" de instalar bases militares na Colômbia. Os EUA
querem apenas "melhorar os
laços de cooperação", afirmou,
durante entrevista para a imprensa latino-americana, antes
do encontro do Nafta (Acordo
de Livre Comércio da América
do Norte) no México amanhã.
A ampliação do acordo militar entre os EUA e a Colômbia
causou um mal estar na região.
No Brasil, nem mesmo as visitas do assessor de Segurança
Nacional do presidente americano, general Jim Jones, e do
presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, foram capazes de acabar com as preocupações sobre
o aumento da presença americana na América do Sul.
O governo brasileiro chegou
a pedir garantias a Álvaro Uribe, presidente da Colômbia, de
que as operações se limitarão
ao território colombiano. Além
do Brasil, Uribe viajou para outros seis países da região para
dar explicações sobre o tema.
"Creio que é um bom momento para desbancar o mito
de que estamos estabelecendo
bases militares americanas na
Colômbia. Essa afirmação não
se apoia nos fatos, então sejamos absolutamente claros: temos um acordo de segurança
com a Colômbia há muitos
anos e nós o atualizamos", afirmou Obama.
EUA e Colômbia argumentam que o uso de sete bases colombianas pelos americanos
tem o objetivo de combater o
narcotráfico por meio de operações conjuntas, mas há receio
de que as bases sejam usadas
como plataforma para operações de longo alcance.
"Há aqueles na região que
têm tentado usar isso como
parte da tradicional retórica
anti-ianque", disse Obama,
sem citar nomes. Segundo o
presidente, não há intenção de
mandar um número significativo de militares para a região.
Hoje, o total de soldados na Colômbia não passa de 300. Com
o acordo, o número poderia ficar próximo de 800.
O presidente da Venezuela,
Hugo Chávez, já afirmou que o
objetivo dos EUA é criar uma
guerra entre Colômbia e Venezuela. No mês passado, ele retirou o embaixador de Bogotá em
rusga envolvendo o acordo.
Obama disse ontem que a
Colômbia tem uma preocupação legítima com as atividades
das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) na
fronteira com o Equador. Apesar disso, afirmou esperar que a
Colômbia e os países vizinhos
consigam "trabalhar de forma
pacífica" e resolver as desavenças por meio do diálogo. Colômbia e Equador romperam as
relações diplomáticas em março do ano passado, quando o
Exército colombiano bombardeou um acampamento das
Farc em território equatoriano.
Honduras
Durante a entrevista, Obama
reiterou ainda o apoio ao presidente deposto de Honduras,
Manuel Zelaya, mas sinalizou
que os EUA não adotarão medidas mais claras para que ocorra
a restauração dele ao cargo.
"Não posso apertar um botão e
reinstalá-lo [no cargo]."
O presidente americano disse que é irônico que "alguns dos
que criticaram a ingerência dos
EUA na América Latina se
queixem agora de que não estamos interferindo o suficiente".
Os EUA têm sido cobrados
em relação à aplicação de sanções econômicas mais rigorosas em relação a Honduras.
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