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Chávez age na mídia como Hitler, diz opositor
Deputado mimetiza Renan Calheiros e afirma: "Venezuela é governada por minoria que pensa ser maioria"
MARCOS DE VASCONCELLOS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Líder da oposição venezuelana, o deputado Ismael García,
do Partido Pela Democracia
Social (Podemos), afirma que
Hugo Chávez "viola todas as
leis e usa sua máquina midiática nos moldes do nazismo".
Em visita ao Rio para convenção do PPS, García afirmou
que Chávez abandonou a polêmica proposta de "Lei Contra
Delitos Midiáticos", que foi
considerada inconstitucional
pelo Conselho Nacional de Jornalistas (CNP) da Venezuela,
porque não precisa dela para alcançar seus objetivos.
O deputado parafraseou o senador Renan Calheiros e disse
que a Venezuela "é governada
por uma minoria com complexo de maioria". Segundo García, não há apoio popular ao governo de Chávez, mas este se
considera maior que o próprio
povo, criminalizando a oposição, agredindo e fechando o caminho de quem não o apoia.
Para o líder do Podemos, a
revolução socialista anunciada
pelo presidente venezuelano
não existe. Chegou a comparar
o controle que Chávez exerce
sobre a mídia com o que acontecia na Alemanha nazista. "O
governo tem uma grande máquina midiática, como a que
Hitler tinha com [o Ministro do
Povo e da Propaganda do partido nazista] Goebbels, que ia ao
rádio e falava muitas vezes",
acusa o venezuelano.
Atualmente o Partido Socialista Unido da Venezuela
(PSUV) e o próprio governo venezuelano têm o controle sobre
mais de 500 emissoras de rádio
do país. Na semana passada, 34
das 400 emissoras independentes foram fechadas e, por
conta de um decreto aprovado,
outras 206 serão fechadas ou
estatizadas até o final de 2009.
Para o oposicionista, as medidas de comprar armamentos
e retirar seu embaixador de Bogotá, anunciadas por Hugo
Chávez após o anúncio da ampliação do pacto militar entre
Estados Unidos e Colômbia,
podem gerar um grande problema econômico para a Venezuela. García afirma que Colômbia, Brasil e EUA são os três
países que mais movimentam a
economia venezuelana e que
esta não terá como se sustentar
se romper o intercâmbio econômico com um deles.
García identifica um grave
problema na economia da Venezuela: a produção de petróleo do país está caindo, e o déficit em sua balança comercial,
aumentando. O deputado, que
apoiou a primeira eleição de
Chávez, diz que "há dez anos
era vendido aos EUA 1,5 milhão
de barris de petróleo por dia, e
hoje o país só compra 800 mil
barris/dia da Venezuela". A
produção está baixa a ponto de,
atualmente, o país ser obrigado
a importar gasolina.
A polêmica em torno da ampliação da presença militar
americana na Colômbia e os
elos entre o governo venezuelano e as Farc (Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia)
está recebendo, segundo o deputado García, um tratamento
desproporcional à sua relevância. Para ele, esta é uma manobra do presidente para que as
atenções se voltem para outro
assunto que não a grave crise
política, econômica e social que
a Venezuela tem enfrentado.
García declara que essa sempre foi a estratégia adotada por
Chávez. "Antes era a luta contra o Bush, mas, depois da eleição de Obama, ele teve que procurar outros focos."
De acordo com o opositor, o
presidente venezuelano parece
se preocupar mais com Manuel
Zelaya (presidente deposto de
Honduras) do que com os problemas do seu país. García acusa Chávez de intervencionismo
na América Latina "Ele quer
que a Venezuela dite as normas
e as pautas para os países da
América Latina que dependem
do petróleo venezuelano."
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