São Paulo, sábado, 08 de agosto de 2009

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Chávez age na mídia como Hitler, diz opositor

Deputado mimetiza Renan Calheiros e afirma: "Venezuela é governada por minoria que pensa ser maioria"

MARCOS DE VASCONCELLOS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Líder da oposição venezuelana, o deputado Ismael García, do Partido Pela Democracia Social (Podemos), afirma que Hugo Chávez "viola todas as leis e usa sua máquina midiática nos moldes do nazismo".
Em visita ao Rio para convenção do PPS, García afirmou que Chávez abandonou a polêmica proposta de "Lei Contra Delitos Midiáticos", que foi considerada inconstitucional pelo Conselho Nacional de Jornalistas (CNP) da Venezuela, porque não precisa dela para alcançar seus objetivos.
O deputado parafraseou o senador Renan Calheiros e disse que a Venezuela "é governada por uma minoria com complexo de maioria". Segundo García, não há apoio popular ao governo de Chávez, mas este se considera maior que o próprio povo, criminalizando a oposição, agredindo e fechando o caminho de quem não o apoia.
Para o líder do Podemos, a revolução socialista anunciada pelo presidente venezuelano não existe. Chegou a comparar o controle que Chávez exerce sobre a mídia com o que acontecia na Alemanha nazista. "O governo tem uma grande máquina midiática, como a que Hitler tinha com [o Ministro do Povo e da Propaganda do partido nazista] Goebbels, que ia ao rádio e falava muitas vezes", acusa o venezuelano.
Atualmente o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e o próprio governo venezuelano têm o controle sobre mais de 500 emissoras de rádio do país. Na semana passada, 34 das 400 emissoras independentes foram fechadas e, por conta de um decreto aprovado, outras 206 serão fechadas ou estatizadas até o final de 2009.
Para o oposicionista, as medidas de comprar armamentos e retirar seu embaixador de Bogotá, anunciadas por Hugo Chávez após o anúncio da ampliação do pacto militar entre Estados Unidos e Colômbia, podem gerar um grande problema econômico para a Venezuela. García afirma que Colômbia, Brasil e EUA são os três países que mais movimentam a economia venezuelana e que esta não terá como se sustentar se romper o intercâmbio econômico com um deles.
García identifica um grave problema na economia da Venezuela: a produção de petróleo do país está caindo, e o déficit em sua balança comercial, aumentando. O deputado, que apoiou a primeira eleição de Chávez, diz que "há dez anos era vendido aos EUA 1,5 milhão de barris de petróleo por dia, e hoje o país só compra 800 mil barris/dia da Venezuela". A produção está baixa a ponto de, atualmente, o país ser obrigado a importar gasolina.
A polêmica em torno da ampliação da presença militar americana na Colômbia e os elos entre o governo venezuelano e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) está recebendo, segundo o deputado García, um tratamento desproporcional à sua relevância. Para ele, esta é uma manobra do presidente para que as atenções se voltem para outro assunto que não a grave crise política, econômica e social que a Venezuela tem enfrentado.
García declara que essa sempre foi a estratégia adotada por Chávez. "Antes era a luta contra o Bush, mas, depois da eleição de Obama, ele teve que procurar outros focos."
De acordo com o opositor, o presidente venezuelano parece se preocupar mais com Manuel Zelaya (presidente deposto de Honduras) do que com os problemas do seu país. García acusa Chávez de intervencionismo na América Latina "Ele quer que a Venezuela dite as normas e as pautas para os países da América Latina que dependem do petróleo venezuelano."


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