São Paulo, sábado, 08 de setembro de 2007

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Após três anos, Bin Laden ressurge em vídeo

Terrorista líder da Al Qaeda diz que americanos devem se converter ao islamismo se quiserem fim da guerra no Iraque

Especialista acredita que divulgação esteja ligada à iminência de relatório sobre ação no país árabe; diretor da CIA alerta para ataques

DA REDAÇÃO

O governo dos EUA confirmou ontem que foi divulgado um novo vídeo do líder da rede terrorista Al Qaeda, Osama bin Laden. Nele, o saudita diz que os americanos deverão se converter ao islamismo se quiserem o fim da guerra no Iraque.
Foram as primeiras imagens de Bin Laden divulgadas em quase três anos, e os serviços de inteligência americanos confirmaram que a voz ouvida no vídeo pertence ao terrorista.
Apesar de a gravação não conter ameaças concretas, o diretor da CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA) afirmou pouco depois que a Al Qaeda planeja ataques de "grande impacto" nos EUA. Na Austrália para a cúpula anual da Apec (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico), o presidente George W. Bush afirmou que o vídeo "é uma lembrança de que vivemos em um mundo perigoso e de que devemos permanecer unidos para proteger nosso povo contra extremistas".
O vídeo emerge a dias do sexto aniversário do 11 de Setembro. Bin Laden aparece com a barba aparada e tingida de preto. Apesar da aparência cansada, a imagem contradiz boatos sobre a morte do terrorista. Tudo indica que a gravação, de 30 minutos, seja recente -há referências à vitória dos democratas no Congresso americano, em novembro último, e ao presidente francês, Nicolas Sarkozy, eleito em maio.
Para Tad Oelstrom, diretor do Programa de Segurança Nacional da Kennedy School, na Universidade Harvard (EUA), o surgimento do vídeo está relacionado com a iminência da discussão no Congresso sobre a atuação americana no Iraque.
"Havia uma certa expectativa de que, se Bin Laden fosse se manifestar de novo, seria agora", afirmou Oelstrom à Folha.
"O aniversário do 11 de Setembro é secundário em comparação ao momento que os EUA vivem com relação ao Iraque."
Neste mesmo dia 11, um relatório sobre o progresso da ação será apresentado em Washington pelos comandantes americanos no país árabe.
Bin Laden diz no vídeo que "há duas maneiras de pôr fim ao conflito no Iraque". "Uma é aumentarmos a luta e a matança. Essa é nossa obrigação. A segunda solução pode partir de vocês: convido-os a abraçar o islamismo", diz o terrorista.
Desde 29 de outubro de 2004, quando o penúltimo vídeo foi divulgado, ao menos sete arquivos de áudio foram colocados na internet com mensagens do terrorista.

EUA ainda são alvo
Pouco após a divulgação das imagens, o diretor da CIA, Michael Hayden, afirmou em uma entrevista coletiva que a Al Qaeda planeja lançar ataques de "alto impacto". A afirmação, porém, não foi diretamente ligada pelo diretor ao vídeo.
"A Al Qaeda está estudando alvos que fariam um número altíssimo de vítimas", afirmou, sem especificar. Hayden destacou que a "guerra" que o país trava contra o terrorismo internacional é "mais de inteligência do que militar", e que a CIA usará todas as armas legais para proteger os americanos. "O perigo que enfrentamos é mais real do que qualquer um que nossos cidadãos jamais enfrentaram desde a Guerra Civil (1861-65).
Na avaliação de Oelstrom, não há novidade no alerta. "A CIA sempre emite esses avisos.
Não acho que estejamos mais em perigo hoje do que ontem."


Colaborou ANDREA MURTA, da Redação

Com agências internacionais


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