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Após três anos, Bin Laden ressurge em vídeo
Terrorista líder da Al Qaeda diz que americanos devem se converter ao islamismo se quiserem fim da guerra no Iraque
Especialista acredita que divulgação esteja ligada à iminência de relatório sobre ação no país árabe; diretor da CIA alerta para ataques
DA REDAÇÃO
O governo dos EUA confirmou ontem que foi divulgado
um novo vídeo do líder da rede
terrorista Al Qaeda, Osama bin
Laden. Nele, o saudita diz que
os americanos deverão se converter ao islamismo se quiserem o fim da guerra no Iraque.
Foram as primeiras imagens
de Bin Laden divulgadas em
quase três anos, e os serviços de
inteligência americanos confirmaram que a voz ouvida no vídeo pertence ao terrorista.
Apesar de a gravação não
conter ameaças concretas, o diretor da CIA (Agência Central
de Inteligência dos EUA) afirmou pouco depois que a Al
Qaeda planeja ataques de
"grande impacto" nos EUA. Na
Austrália para a cúpula anual
da Apec (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico), o
presidente George W. Bush
afirmou que o vídeo "é uma
lembrança de que vivemos em
um mundo perigoso e de que
devemos permanecer unidos
para proteger nosso povo contra extremistas".
O vídeo emerge a dias do sexto aniversário do 11 de Setembro. Bin Laden aparece com a
barba aparada e tingida de preto. Apesar da aparência cansada, a imagem contradiz boatos
sobre a morte do terrorista. Tudo indica que a gravação, de 30
minutos, seja recente -há referências à vitória dos democratas no Congresso americano,
em novembro último, e ao presidente francês, Nicolas Sarkozy, eleito em maio.
Para Tad Oelstrom, diretor
do Programa de Segurança Nacional da Kennedy School, na
Universidade Harvard (EUA), o
surgimento do vídeo está relacionado com a iminência da
discussão no Congresso sobre a
atuação americana no Iraque.
"Havia uma certa expectativa
de que, se Bin Laden fosse se
manifestar de novo, seria agora", afirmou Oelstrom à Folha.
"O aniversário do 11 de Setembro é secundário em comparação ao momento que os EUA
vivem com relação ao Iraque."
Neste mesmo dia 11, um relatório sobre o progresso da ação
será apresentado em Washington pelos comandantes americanos no país árabe.
Bin Laden diz no vídeo que
"há duas maneiras de pôr fim
ao conflito no Iraque". "Uma é
aumentarmos a luta e a matança. Essa é nossa obrigação. A
segunda solução pode partir de
vocês: convido-os a abraçar o
islamismo", diz o terrorista.
Desde 29 de outubro de
2004, quando o penúltimo vídeo foi divulgado, ao menos sete arquivos de áudio foram colocados na internet com mensagens do terrorista.
EUA ainda são alvo
Pouco após a divulgação das
imagens, o diretor da CIA, Michael Hayden, afirmou em uma
entrevista coletiva que a Al
Qaeda planeja lançar ataques
de "alto impacto". A afirmação,
porém, não foi diretamente ligada pelo diretor ao vídeo.
"A Al Qaeda está estudando
alvos que fariam um número
altíssimo de vítimas", afirmou,
sem especificar. Hayden destacou que a "guerra" que o país
trava contra o terrorismo internacional é "mais de inteligência
do que militar", e que a CIA
usará todas as armas legais para
proteger os americanos. "O perigo que enfrentamos é mais
real do que qualquer um que
nossos cidadãos jamais enfrentaram desde a Guerra Civil
(1861-65).
Na avaliação de Oelstrom,
não há novidade no alerta. "A
CIA sempre emite esses avisos.
Não acho que estejamos mais
em perigo hoje do que ontem."
Colaborou ANDREA MURTA, da Redação
Com agências internacionais
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