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RETALIAÇÃO
Presidente promete conciliar ação militar com "generosidade" em relação aos afegãos
Bush anuncia ofensiva "longa e implacável" contra Bin Laden
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
Vinte cinco minutos depois do
primeiro ataque ao Afeganistão, o
presidente dos EUA, George W.
Bush, anunciou a seu país que havia determinado uma ofensiva
militar "longa, ampla e implacável" contra "os campos de treinamento terroristas da Al Qaeda e as
instalações militares do regime
Taleban no Afeganistão".
Num pronunciamento que começou a ser escrito há três semanas por uma equipe de especialistas, Bush disse que os ataques,
"cuidadosamente dirigidos, têm
por objetivo dificultar o uso do
Afeganistão como base terrorista
de operações e atacar a capacidade militar do regime Taleban".
Segundo ele, a batalha ocorre
em muitas frentes. "Não vacilaremos, não nos cansaremos, não
desistiremos e não fracassaremos", afirmou. Bush procurou
conciliar a determinação militar
com uma ofensiva humanitária
sem limites para, segundo ele, salvar a população afegã.
"Ao mesmo tempo [em que os
ataques estão sendo desfechados", o povo oprimido do Afeganistão conhecerá a generosidade
dos Estados Unidos e de nossos
aliados. À medida que atacarmos
alvos militares, também entregaremos alimentos, remédios e suprimentos aos famintos e sofridos
homens, mulheres e crianças do
Afeganistão", discursou Bush.
Embora a ofensiva tenha sido
promovida somente pelos EUA e
pelo Reino Unido, Bush anunciou
a concordância e uma futura participação de seus aliados mais importantes ao redor do mundo.
"Participa conosco desta operação nosso leal amigo, o Reino
Unido. Outros amigos próximos,
entre os quais Canadá, Austrália,
Alemanha e França, prometeram
forças à medida que a operação se
desenvolver."
A inclusão da Alemanha nessa
lista surpreendeu alguns analistas. Dos aliados europeus dos
EUA, o país era o mais reticente
em relação a uma ação militar e o
governo alemão era objeto de
uma ofensiva diplomática intensa
da Casa Branca.
Antes dos ataques, Bush telefonou para o chanceler (premiê)
alemão, Gerhard Schröder, para o
presidente da Rússia, Vladimir
Putin, para o primeiro-ministro
israelense, Ariel Sharon, e para o
primeiro-ministro canadense,
Jean Chrétien.
O Congresso divulgou nota elogiando a ação militar. "Apoiamos
fortemente a operação que o presidente Bush ordenou que nossas
forças militares realizassem hoje",
disse a nota.
Muçulmanos
No pronunciamento pela televisão, Bush afirmou que a ação foi
necessária devido à recusa do Taleban em entregar Bin Laden e
outros membros da Al Qaeda (a
base), rede terrorista liderada pelo saudita. Mais uma vez, Bush esforçou-se para evitar que o mundo islâmico confunda o ataque ao
Taleban a um ataque contra os
muçulmanos.
"Os Estados Unidos da América
são amigos do povo afegão, e somos amigos do quase 1 bilhão de
pessoas em todo o mundo que
professam a fé islâmica."
Estrategicamente, o presidente
falou à nação do Salão de Tratados da Casa Branca, um salão onde acordos de paz e tratados multilaterais foram assinados na segunda metade do século 20, prevendo ajuda financeira e humanitária para nações pobres ou derrotadas pelos EUA em conflitos
militares.
Entre esses acordos estão o de
Bretton Woods, que criou o FMI
(Fundo Monetário Internacional), tratados de paz com Romênia, Hungria e Itália depois da Segunda Guerra Mundial e a carta
da ONU.
"Falo hoje do Salão de Tratados
da Casa Branca, um lugar no qual
presidentes dos Estados Unidos
trabalharam pela paz", discursou
o presidente. "Somos um país pacífico. Mas, como aprendemos de
forma tão súbita e trágica, não pode haver paz em um mundo de
terrorismo súbito. Face à nova
ameaça atual, a única maneira de
buscar a paz é buscar por aqueles
que a ameaçam", disse ele.
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