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São Paulo, quarta-feira, 08 de outubro de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Bush diz que faria o mesmo que o premiê israelense no caso da Síria; Israel divulga mapa com alvos em Damasco

"Atacaremos em qualquer lugar", diz Sharon

DA REDAÇÃO

Israel, novamente apoiado pelos EUA, elevou ontem a retórica ameaçadora contra a Síria e o mundo árabe em geral, com o premiê Ariel Sharon dizendo que o país atacará os seus inimigos em qualquer lugar. Seu governo divulgou um mapa da região de Damasco (capital síria) com supostas casas e instalações de grupos terroristas palestinos, que seriam alvos futuros.
"Israel não vai deixar de proteger os seus cidadãos, e atacaremos os nossos inimigos onde quer que eles estejam, de todas as maneiras", disse Sharon, durante cerimônia em homenagem às vítimas da Guerra do Yom Kippur (1973). "Apesar disso", acrescentou, "Israel está aberto a um acordo de paz com os países vizinhos."
No domingo, Israel bombardeou o que chamou de campo de treinamento de terroristas, um dia depois de atentado suicida do Jihad Islâmico matar 19 pessoas em Haifa (Israel). Foi o primeiro ataque israelense em território sírio em 30 anos. Damasco nega que a base tenha ligação com o terrorismo. Fontes do governo dos EUA confirmam.
Ranaan Gissin, assessor de Sharon, foi mais específico na ameaça: "Os sírios têm a opção de desmantelar as organizações terroristas no país. Caso contrário, sofrerão as consequências de tê-los operando a partir de Damasco".
Um mapa localizando supostas instalações dos grupos na cidade foi divulgado ontem por Israel para "provar que existem grupos terroristas palestinos na Síria".
O ministro da Defesa de Israel, Shaul Mofaz, anunciou a convocação de reservistas devido ao aumento no número de alertas de atentados terroristas. O país também reforçou sua presença no norte, junto às fronteiras da Síria e do Líbano, onde um soldado israelense foi morto anteontem.
Nos EUA, Bush reiterou ontem que Israel tem o direito de se defender. "A decisão que ele [Sharon] tomou de defender seu povo é válida. Nós teríamos feito a mesma coisa." Mas ele voltou a pedir a Israel que evite uma escalada da violência no Oriente Médio.
As declarações de Bush de que Israel tem o direito de se defender foram duramente criticadas por dois dos principais jornais dos EUA. "Bush imprudentemente decidiu alentar os instintos mais bélicos de Sharon", disse o "New York Times". Já o "Washington Post" escreveu em editorial que a ação de Israel pode culminar em uma guerra regional.
A Síria é acusada pelos EUA de tentar adquirir e desenvolver armas de destruição em massa. O país é considerado um possível alvo de uma ação americana.

Lei
O Congresso dos EUA está estudando lei que prevê a aplicação de sanções diplomáticas e econômicas à Síria caso o país siga apoiando os grupos terroristas palestinos, não se comprometa a retirar as suas forças do Líbano nem abandone o desenvolvimento de armas químicas e biológicas e de mísseis de médio e longo alcance.
Segundo a mídia americana, a Casa Branca já não ameaça vetar a medida, que conta com amplo apoio dos congressistas.
Israel acusa ainda a Síria de usar grupos no Líbano para realizar ataques contra Israel. Um soldado israelense morreu anteontem ao ser alvejado por disparos vindos do lado libanês. A ação está sendo atribuída por Israel ao grupo extremista Hizbollah.


Com agências internacionais


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