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Petrobras refuta exigência do Equador
Gabrielli diz não aceitar contrato de prestação de serviços estabelecido por Quito, apesar de não ver problemas na negociação
Presidente da estatal afirma que acordo não tem prazo certo; Lula não descarta saída da empresa do país caso negociação fracasse
PEDRO SOARES
ENVIADO ESPECIAL A ANGRA DOS REIS
O presidente da Petrobras,
José Sérgio Gabrielli, disse ontem que a posição da companhia nas negociações com a Petroecuador é a de não aceitar o
contrato de prestação de serviços -nova modalidade de exploração de campos de petróleo
e gás imposta pelo governo Rafael Correa.
"Nós estamos dizendo [à Petroecuador] que não podemos
aceitar esse contrato de prestação de serviços", disse Gabrielli, que participou ontem do batismo da plataforma P-51, em
Angra dos Reis (RJ).
O presidente da Petrobras
disse estar "surpreso" com recentes declarações do governo
equatoriano, que, segundo ele,
são de cunho político.
"Nós estamos negociando
com o governo do Equador.
Não nos consta que haja na mesa de negociação grandes problemas. Estamos surpresos
com as declarações. E não vamos comentar essas declarações, que nos parecem que são
mais de caráter interno político
do Equador", disse.
O governo equatoriano afirmou anteontem que cancelará
o atual contrato de exploração
do bloco 18 da Petrobras caso a
empresa não chegue a um acordo em menos de 30 dias sobre o
novo contrato. As pressões sobre a Petrobras aumentaram
depois que não houve acordo
até o dia 26 de setembro, prazo
fixado pelo governo Correa.
O campo 18 é o único da Petrobras em produção no Equador -32 mil barris por dia. A estatal devolvou o bloco 31, que
ainda não estava em produção.
A companhia brasileira negocia
ainda uma solução para um
oleoduto no qual é sócia no
norte do país.
Para Gabrielli, existem "diferenças de interpretações" sobre o que fazer com o bloco 18,
para o qual a Petrobras, em
princípio, não aceita o regime
de contrato de serviço, que estabelece a entrega de todo óleo
ao Estado e prevê o ressarcimento dos custos e da margem
de lucro da operadora. O regime foi imposto a todas as petroleiras privadas no país e parte
delas já firmou os novos contratos.
O executivo da Petrobras disse ter estranhado a queixa do
governo equatoriano sobre a
demora nas negociações. "[As
negociações] não têm prazo.
Nós estamos negociando as
condições de funcionamento
das nossas atividades no Equador. Nas nossas relações diretas, na mesa de negociações
com os agentes reguladores e
com as empresas do governo do
Equador, nós não estamos vendo grandes problemas. Portanto, nos surpreendem tais declarações", disse.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que participou ao lado de Gabrielli do batismo da
plataforma P-51, admitiu, porém, que caso não haja acordo,
a Petrobras possa deixar o
Equador.
"Nós precisamos saber se o
Equador tem interesse ou não
em ter a Petrobras produzindo
petróleo e gás. A Petrobras tem
de ver se a ela interessa fazer os
investimentos lá pela quantidade de reservas que tem o
Equador. Se tiver acordo, ótimo. Se não tiver acordo, a Petrobras vai procurar outro caminho, e o Equador vai procurar outros parceiros. Estou
convencido de que, na hora em
que entrar na esfera política, os
problemas vão ser muito menores", afirmou Lula.
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