São Paulo, quarta-feira, 08 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Petrobras refuta exigência do Equador

Gabrielli diz não aceitar contrato de prestação de serviços estabelecido por Quito, apesar de não ver problemas na negociação

Presidente da estatal afirma que acordo não tem prazo certo; Lula não descarta saída da empresa do país caso negociação fracasse

PEDRO SOARES
ENVIADO ESPECIAL A ANGRA DOS REIS

O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, disse ontem que a posição da companhia nas negociações com a Petroecuador é a de não aceitar o contrato de prestação de serviços -nova modalidade de exploração de campos de petróleo e gás imposta pelo governo Rafael Correa.
"Nós estamos dizendo [à Petroecuador] que não podemos aceitar esse contrato de prestação de serviços", disse Gabrielli, que participou ontem do batismo da plataforma P-51, em Angra dos Reis (RJ).
O presidente da Petrobras disse estar "surpreso" com recentes declarações do governo equatoriano, que, segundo ele, são de cunho político.
"Nós estamos negociando com o governo do Equador. Não nos consta que haja na mesa de negociação grandes problemas. Estamos surpresos com as declarações. E não vamos comentar essas declarações, que nos parecem que são mais de caráter interno político do Equador", disse.
O governo equatoriano afirmou anteontem que cancelará o atual contrato de exploração do bloco 18 da Petrobras caso a empresa não chegue a um acordo em menos de 30 dias sobre o novo contrato. As pressões sobre a Petrobras aumentaram depois que não houve acordo até o dia 26 de setembro, prazo fixado pelo governo Correa.
O campo 18 é o único da Petrobras em produção no Equador -32 mil barris por dia. A estatal devolvou o bloco 31, que ainda não estava em produção. A companhia brasileira negocia ainda uma solução para um oleoduto no qual é sócia no norte do país.
Para Gabrielli, existem "diferenças de interpretações" sobre o que fazer com o bloco 18, para o qual a Petrobras, em princípio, não aceita o regime de contrato de serviço, que estabelece a entrega de todo óleo ao Estado e prevê o ressarcimento dos custos e da margem de lucro da operadora. O regime foi imposto a todas as petroleiras privadas no país e parte delas já firmou os novos contratos.
O executivo da Petrobras disse ter estranhado a queixa do governo equatoriano sobre a demora nas negociações. "[As negociações] não têm prazo. Nós estamos negociando as condições de funcionamento das nossas atividades no Equador. Nas nossas relações diretas, na mesa de negociações com os agentes reguladores e com as empresas do governo do Equador, nós não estamos vendo grandes problemas. Portanto, nos surpreendem tais declarações", disse.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que participou ao lado de Gabrielli do batismo da plataforma P-51, admitiu, porém, que caso não haja acordo, a Petrobras possa deixar o Equador.
"Nós precisamos saber se o Equador tem interesse ou não em ter a Petrobras produzindo petróleo e gás. A Petrobras tem de ver se a ela interessa fazer os investimentos lá pela quantidade de reservas que tem o Equador. Se tiver acordo, ótimo. Se não tiver acordo, a Petrobras vai procurar outro caminho, e o Equador vai procurar outros parceiros. Estou convencido de que, na hora em que entrar na esfera política, os problemas vão ser muito menores", afirmou Lula.


Texto Anterior: Paraguai edita decreto que atinge brasileiros
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.