|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Chávez cria cadastro militar obrigatório e provoca protestos
Homens e mulheres de 18 a 60 anos têm de se registrar; receio é que dados sejam usados para formar milícias
Lei do Alistamento Militar provoca críticas de opositores, porque seria inconstitucional; governo do país nega
FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS
Na Venezuela, onde o serviço militar é voluntário desde 1999, uma lei que obriga
todos os cidadãos de 18 a 60
anos a se inscreverem num
registro militar nacional provoca controvérsia a apenas
13 dias de ser implementado.
A Lei do Alistamento Militar Público foi aprovada pela
Assembleia Nacional dominada pelo chavismo no ano
passado e estabelece prazo
até o próximo 21 de outubro
para que os venezuelanos se
ajustem, sob pena de pagar
multa equivalente a R$ 270.
Segundo a norma, o registro será exigido durante a
matrícula de universidades
ou no ato de formalização de
emprego público. Quem não
o exigir também sofrerá penalidades.
No caso de contratações
privadas, será exigido no caso que a função implique
porte de arma.
A lei prevê multa também
para quem não comunicar
mudança de domicílio e até
para quem não informar sua
impossibilidade -no caso de
uma mulher, ficar grávida,
por exemplo.
A ONG Controle Cidadão,
especializada em temas militares, criticou duramente a
amplitude da lei e afirmou
que a "invenção" do registro
é inconstitucional.
O motivo é que a Constituição de 1999 prevê que se pode optar em prestar serviços
civis e militares e só fala de
dois registros de alcance nacional: o civil e o eleitoral.
A presidente da ONG, Rocío San Miguel, foi mais além
e afirmou que o presidente
venezuelano, Hugo Chávez,
quer uma "sociedade obediente e subordinada" e que
constar numa lista como
"elegível ou apto" viola o direito de não querer ser combatente, ainda que em situações de calamidade pública.
Luis Alberto Buttó, professor da Universidade Simon
Bolívar, concorda com a avaliação da ONG.
"O registro existia porque
o serviço militar era obrigatório até 1999. Exigir registro
quando o serviço é voluntário e punir quem não o fizer
vai contra o espírito da lei."
RECUO
O governo reagiu às críticas. O chefe do Comando Estratégico Operacional, general Henry Silva, pediu "calma" à população, afirmou
que os críticos estão "manipulando" o tema e que o registro não tem a ver com recrutamento forçoso.
Já a Assembleia chavista
começou a se mover para
modificar a lei, tornando-a
menos rigorosa.
O presidente da Comissão
da Defesa, Juan Mendoza,
disse que na segunda-feira
apresentará um projeto para
a reforma da lei, eliminando
o prazo de registro -90 dias
após completar 18 anos e as
multas.
Texto Anterior: Salvação Próximo Texto: Registro seria "mapa" para ampliar controle Índice | Comunicar Erros
|