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Judiciário francês abre caminho para proibir véu
Polêmica lei irá à sanção do presidente Nicolas Sarkozy, para valer em 2011
Estimativas apontam que 2.000 francesas usem os véus islâmicos que escondem cabeça, rosto e corpo da mulher
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O Conselho Constitucional
da França, autoridade constitucional máxima do país,
endossou ontem a polêmica
lei que proíbe o uso do véu islâmico integral -como burca
e niqab- em locais públicos.
A decisão abre caminho
para a promulgação da lei,
após ter sido aprovada no
Parlamento no mês passado.
A proibição deve entrar em
vigor no segundo trimestre
do ano que vem.
A lei prevê uma multa de
150 (R$ 348) a quem usar a
burca, que cobre todo o corpo, ou o niqab, que deixa
apenas os olhos à mostra, e
outros 30 mil (R$ 69.700) e
sentença de até um ano de
prisão a quem obrigar a mulher a utilizá-los.
A França tem a maior população muçulmana da Europa ocidental, cerca de 5 milhões de pessoas. Embora
não haja números oficiais,
estimativas indicam que apenas 2.000 mulheres utilizam
este tipo de véu no país.
Os defensores da lei, como
o presidente Nicolas Sarkozy, afirmam que o véu é
um símbolo de submissão da
mulher e sua proibição, a defesa dos valores franceses de
direitos humanos.
Os líderes muçulmanos
alertam, contudo, que o veto
ao véu pode estigmatizar a
religião no país e dificilmente servirá para convencer as
mulheres a desistirem dele,
visto como símbolo de respeito ao islã e a seus maridos.
No começo do ano, quando a lei estava sendo debatida, o Conselho declarou que
a medida poderia ser considerada inconstitucional.
Ontem, após revisar a lei, o
órgão afirmou que a "proibição de esconder o rosto em
público está conforme a
Constituição" francesa.
MESQUITAS LIBERADAS
Para evitar polêmica, os
redatores do projeto centraram a medida na proibição
de esconder o rosto.
Em nenhum dos sete artigos são citados diretamente
os dois tipos de véus.
O Conselho, contudo, faz a
ressalva de que a medida não
deveria ser aplicada em locais de culto.
"A proibição [...] não deve
restringir o exercício da liberdade religiosa", declara o órgão. Sem se referir especificamente às mesquitas, ele sugeriu que tal proibição abriria espaço para questionamento legal.
Oponentes da lei falam em
apelar à Corte Europeia dos
Direitos Humanos, que poderia condenar a França por
violar a liberdade de religião.
O debate sobre a burca já
se espalhou pela Europa. Na
Bélgica, um projeto similar
foi aprovado no final de abril
pela Câmara dos Deputados.
A proibição é discutida ainda
por legisladores na Espanha,
Holanda e Suíça.
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