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RELIGIÃO
Acadêmico ligado ao presidente questionou o poder do clero conservador
Irã condena reformista à morte
DA REDAÇÃO
Um tribunal do Irã condenou à
morte um jornalista e acadêmico
aliado do presidente Mohammad
Khatami por blasfêmia e apostasia. Hashem Aghajari, 45, questionou o direito do clero a governar a
república islâmica.
O veredicto deve aumentar as
tensões entre os reformistas, liderados pelo presidente Khatami, e
os religiosos conservadores que
dominam de fato o país.
Aghajari foi condenado a receber 74 chibatadas, permanecer oito anos na prisão e depois ser executado. Seu advogado acredita
que possa mudar a condenação
na Suprema Corte.
Ele comparou, numa palestra,
os poderes dos religiosos que governam o Irã àqueles desfrutados
pelos papas na Idade Média e defendeu o fim da "obediência cega"
aos decretos islâmicos. Ele ainda
questionou o fato de os muçulmanos xiitas imitarem os religiosos
qualificados a interpretar o Alcorão. "As pessoas são macacos para imitar os outros?", teria indagado Aghajari.
Os reformistas defendem o direito da imprensa e dos intelectuais à liberdade de expressão.
Vêem a sentença como uma escalada do comportamento repressor dos conservadores. Apesar de
seguidas derrotas eleitorais, eles
continuam limitando as mudanças para permanecer no poder.
Enquanto a Presidência e o Parlamento são dominados pelos reformistas, os conservadores
-encabeçados pelo líder supremo, aiatolá Ali Khamenei- controlam o Judiciário, as Forças Armadas e órgãos que supervisionam os processos eleitorais e as
práticas legislativas.
O presidente Khatami já encaminhou ao Parlamento dois projetos de lei com o objetivo de limitar o poder do Judiciário e impedir que um órgão conservador
continue a vetar candidatos nas
eleições -instrumento usado pelo clero para barrar reformas.
Dezenas de jornalistas e acadêmicos militantes foram presos
nos últimos anos. "Essa sentença
foi adotada para intimidar os reformistas", disse o deputado Ali
Shakourirad. "Isso é inaceitável. É
incompatível com a lei, com a
sharia [código de leis islâmico] e
com a lógica."
Com agências internacionais
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