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São Paulo, sábado, 08 de novembro de 2003

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AMÉRICA LATINA

Subsídio é equivalente a R$ 151 mensais

19% dos argentinos dependem de auxílio estatal para sobreviver

CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES

Um em cada cinco lares da Argentina, ou 18,9% da população, necessita de subsídio estatal para satisfazer suas necessidades mais básicas. Esse percentual se refere ao número de famílias que sobrevivem com o auxílio de 150 pesos mensais (R$ 151) fornecido pelo programa "Chefas e Chefes do Lar", criado pelo governo em 2002, no auge da crise econômica.
Esse valor é insuficiente para comprar, por exemplo, uma cesta básica alimentar para uma família de três pessoas -que, segundo dados oficiais, chegou a 254 pesos (R$ 256) em outubro passado.
Quando se incluem os empregados com carteira assinada que também recebem algum tipo de subsídio, o percentual de lares atendidos por programas assistenciais sobe para 31,6%.
Esses são alguns resultados de estudo do pesquisador argentino Ernesto Kritz, da Sociedade de Estudos do Trabalho.
Segundo a pesquisa, a média nacional de lares atendidos por subsídios é superada em várias Províncias. Em Formosa, Chaco e Jujuy, por exemplo, a porcentagem de lares participantes do "Chefas e Chefes do Lar" é de 48%, 47% e 45%, respectivamente. Já aqueles que recebem qualquer tipo de subsídio do governo são 72,8% em Formosa, 63,7% em Jujuy e 62,5% no Chaco.
Esses números são um retrato de um país que tem vivido os efeitos da maior crise econômica de sua história. No acumulado dos últimos quatro anos, o PIB argentino sofreu uma retração de 20%. O saldo: 57,5% da população vive abaixo da linha da pobreza.
Os números mostram ainda uma face conhecida do Partido Justicialista (peronista) - a que pertencem o presidente Néstor Kirchner e seu antecessor, Eduardo Duhalde. Historicamente, os peronistas sempre fizeram uso de políticas assistencialistas como forma de contenção social.
O estudo de Kritz aponta também que, para que o mercado absorva 25% dos desempregados que são atendidos pelo programa "Chefas e Chefes do Lar", o nível de atividade do setor privado deveria crescer 21% em todo o país.
Ainda assim, seriam necessários quase cinco anos, em média, para que os 25% reintegrados conseguissem um "emprego genuíno". Na Província de Formosa, isso levaria 26 anos para acontecer.


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