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AMÉRICA LATINA
Subsídio é equivalente a R$ 151 mensais
19% dos argentinos dependem de auxílio estatal para sobreviver
CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES
Um em cada cinco lares da Argentina, ou 18,9% da população,
necessita de subsídio estatal para
satisfazer suas necessidades mais
básicas. Esse percentual se refere
ao número de famílias que sobrevivem com o auxílio de 150 pesos
mensais (R$ 151) fornecido pelo
programa "Chefas e Chefes do
Lar", criado pelo governo em
2002, no auge da crise econômica.
Esse valor é insuficiente para
comprar, por exemplo, uma cesta
básica alimentar para uma família
de três pessoas -que, segundo
dados oficiais, chegou a 254 pesos
(R$ 256) em outubro passado.
Quando se incluem os empregados com carteira assinada que
também recebem algum tipo de
subsídio, o percentual de lares
atendidos por programas assistenciais sobe para 31,6%.
Esses são alguns resultados de
estudo do pesquisador argentino
Ernesto Kritz, da Sociedade de Estudos do Trabalho.
Segundo a pesquisa, a média
nacional de lares atendidos por
subsídios é superada em várias
Províncias. Em Formosa, Chaco e
Jujuy, por exemplo, a porcentagem de lares participantes do
"Chefas e Chefes do Lar" é de
48%, 47% e 45%, respectivamente. Já aqueles que recebem qualquer tipo de subsídio do governo
são 72,8% em Formosa, 63,7% em
Jujuy e 62,5% no Chaco.
Esses números são um retrato
de um país que tem vivido os efeitos da maior crise econômica de
sua história. No acumulado dos
últimos quatro anos, o PIB argentino sofreu uma retração de 20%.
O saldo: 57,5% da população vive
abaixo da linha da pobreza.
Os números mostram ainda
uma face conhecida do Partido
Justicialista (peronista) - a que
pertencem o presidente Néstor
Kirchner e seu antecessor, Eduardo Duhalde. Historicamente, os
peronistas sempre fizeram uso de
políticas assistencialistas como
forma de contenção social.
O estudo de Kritz aponta também que, para que o mercado absorva 25% dos desempregados
que são atendidos pelo programa
"Chefas e Chefes do Lar", o nível
de atividade do setor privado deveria crescer 21% em todo o país.
Ainda assim, seriam necessários
quase cinco anos, em média, para
que os 25% reintegrados conseguissem um "emprego genuíno".
Na Província de Formosa, isso levaria 26 anos para acontecer.
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