São Paulo, sábado, 08 de novembro de 2008

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Dois estilos diferentes disputam nomeação para Tesouro

DO ENVIADO A CHICAGO

Centenas de pessoas assistiam à primeira entrevista de Barack Obama como presidente eleito, na tarde de ontem no salão de um hotel em Chicago. À frente dele, jornalistas do mundo inteiro. A seu lado e atrás, os dois únicos membros conhecidos de seu futuro governo: o vice-presidente, Joe Biden, e o recém-anunciado chefe-de-gabinete, Rahm Emanuel. E 16 dos 17 membros de seu novo conselho econômico de transição.
Entre esses pode estar o novo secretário do Tesouro, que o mercado americano e mundial espera ansiosamente -e que o presidente eleito disse ontem ter "pressa calculada", com ênfase na palavra "calculada", em nomear. Um dos candidatos mais persistentes nas bolsas de aposta sentou-se em frente a Obama à mesa de reuniões, segundo mapa divulgado depois pelos assessores, e estava ao lado direito do presidente eleito na entrevista coletiva.
É Lawrence Summers, 57, que ocupou o mesmo cargo durante parte do governo de Bill Clinton, de 1999 a 2001, e foi reitor da prestigiosa universidade Harvard, período que encerrou enfiando os pés pelas mãos ao sugerir que diferenças natas entre mulheres e homens poderiam explicar por que as primeiras eram menos bem-sucedidas em campos como ciência e matemática.
Ele concorre principalmente com Thimothy Geithner, 47, que preside o Fed (banco central) de Nova York desde 2003. O economista é um dos nomes à frente do pacote de resgate do mercado financeiro de US$ 700 bilhões aprovado pelo Congresso, é amigo de Ben Bernanke, presidente do Fed (o BC dos EUA), confidente de Henry Paulson, atual ocupante do cargo, e tem experiência em crises internacionais.
São dois estilos diferentes, e os analistas políticos e econômicos tentam ler nas estrelas para qual lado Barack Obama pende -se é que pende para um dos dois, e não está pensando num terceiro nome, como o do veterano Paul Volcker, ex-presidente do Fed e conselheiro do presidente-eleito desde o começo da campanha, ou William Daley, CEO do JP Morgan Chase, um dos poucos bancos que saíram bem da crise.
Geithner é da mesma geração de Obama, é conhecido por não se envolver em política partidária e tem enorme conhecimento da crise atual -foi um dos primeiros a avisar de sua possibilidade. Já Summers conta com respeito no meio acadêmico e subiu no barco de Obama quando o então candidato não era o favorito. Mas é ferrenho defensor de acordos comerciais internacionais, o que pode colocá-lo em choque com o democrata.
Antes da entrevista coletiva, Summers se recusou a comentar a luta pela vaga. Disse que Obama "montará sua administração do jeito que ele achar melhor. Meu papel é ajudar a pensar em como ele pode fazer a economia andar de novo com firmeza, com grande energia, neste momento crítico."
Depois, em conversa com jornalistas, o assessor de imprensa da campanha democrata, Robert Gibbs, diria que Obama estava pensando nos nomes "com muita calma, como fez tudo na campanha até agora". O próprio Gibbs é um dos cotados para assumir o cargo de porta-voz da Casa Branca, assunto que também ele se recusou a comentar.
(SD)



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