São Paulo, sábado, 08 de novembro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / ATOLEIRO AFEGÃO

Casa Branca prega parceria com tribos e militares afegãos

Bush recomendará a Obama que invista em treinamento de tropas de Cabul e repita estratégia de aliança com milícias usada no Iraque

DA REDAÇÃO

A nova estratégia da Casa Branca no combate à insurgência no Afeganistão deve se voltar para uma maior colaboração com o Exército e as tribos locais, como parte de um esforço para começar a preparar a retirada das tropas americanas. Foi o que revelaram altas fontes dos EUA à agência de notícias Associated Press (AP).
Prevalece hoje, tanto no atual governo americano como nas fileiras do presidente eleito, Barack Obama, a visão de que um dos desafios externos mais urgentes da Casa Branca é reforçar a luta ao Taleban, milícia afegã tirada do poder pelo Exército americano há sete anos mas que hoje domina áreas inteiras do Afeganistão.
Antes de deixar o cargo, em janeiro, o presidente George W. Bush recomendará a Obama que intensifique o treinamento e a formação das forças afegãs com o objetivo de aumentar o número de soldados locais prontos para o combate.
Segundo autoridades consultadas pela AP, o reforço do contingente afegão seria a opção mais apropriada para preparar a retirada das tropas americanas do país.
Um dos principais defensores da idéia de que os EUA devem repassar progressivamente o controle do território afegão a forças locais é o secretário da Defesa de Bush, Robert Gates. Ele já havia defendido um aumento do contingente afegão dos atuais 68 mil homens para 134 mil até 2014 e, agora, pede que o cumprimento da meta seja antecipado em cerca de dois anos.
Bush também pedirá a Obama que acate pedido do principal comandante americano no Afeganistão, general David McKiernan, de enviar 20 mil soldados adicionais ao país em 2009 -atualmente, as forças americanas e da Otan (aliança militar ocidental) somam 70 mil homens.
Outra recomendação-chave para o futuro da estratégia da Casa Branca no Afeganistão foi formulada anteontem pelo general David Petraeus, que acaba de assumir a chefia das operações militares americanas na zona geográfica conhecida como Comando Central (Centcom), que inclui Oriente Médio e Ásia Central.
Petraeus sugeriu aplicar ao Afeganistão a mesma bem-sucedida estratégia de contra-insurgência que o consagrou no comando das forças americanas no Iraque, onde cooptou milicianos sunitas para abalar o poder bélico do ramo local da rede terrorista Al Qaeda.
"[O Afeganistão] é um país em que o apoio das tribos, das comunidades locais, é essencial para o esforço geral. É um país que não tem a tradição de um governo central se estendendo aos longínquos recantos de suas Províncias e distritos", disse Petraeus à AP.
Apesar dos temores de que a estratégia de apoiar milícias locais não seja facilmente aplicada no Afeganistão, onde há 150 tribos com interesses divergentes, especula-se que as recomendações do atual governo americano sejam acatadas tanto por Obama como por Cabul.

Com Associated Press



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