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MINHA HISTÓRIA JONATHAN KHAN,42
Tea Party em Hollywood
(...) Quem é conservador em Hollywood tem de manter segredo (...) A esquerda é muito mais intolerante do que a direita Torço para que Obama tenha entendido o recado [da eleição]
RESUMO A carreira em
Hollywood do músico, diretor e produtor Jonathan
Khan inclui dois longas-metragens, a banda de
rock The Color Green, que
lançou três CDs, e várias
trilhas sonoras. Atualmente ele trabalha no disco de
uma cantora pop com o
produtor Walter Afanasieff, ganhador do
Grammy. No último ano,
sob o pseudônimo "Jon
David", Khan passou a fazer parte do circuito do
movimento ultraconservador Tea Party nos EUA.
(...) Depoimento a
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
Nasci e cresci em Los Angeles. Primeiro me envolvi
com cinema, depois aprendi
a tocar música aos 26 anos.
Dirigi filmes, tive uma banda, lançamos três CDs. Acabei de coescrever um disco
para uma cantora pop e tenho parcerias com produtores. Também escrevo roteiros
e trilhas de filmes.
Não era envolvido com política até o 11 de Setembro. Aí
todos tiveram de tomar uma
decisão sobre seu posicionamento político. Me vi do lado
conservador porque acredito
em uma Defesa forte e em
responsabilidade pessoal.
Mas vivo em uma parte da
cidade muito esquerdista, e a
indústria do entretenimento
também é muito esquerdista.
Quem é conservador aqui
tem de manter segredo.
Há uma hipocrisia enorme
em Hollywood: nenhuma indústria se aproveita tanto das
garantias legais de liberdade
de expressão, mas eles são
completamente intolerantes
a qualquer visão que destoe
da deles.
As pessoas xingam a direita o tempo todo. E tudo aqui é
muito subjetivo. Portanto, se
alguém com quem quer trabalhar critica visões políticas
nas quais você acredita, vai
ter de decidir se vale a pena
arriscar a carreira.
Eu joguei esse jogo por
muito tempo. E não só na
profissão. Tenho um irmão e
uma cunhada que são extremamente progressistas, e
não conseguimos conversar.
Minha cunhada não consegue nem ver uma foto minha com [a ex-governadora
do Alasca] Sarah Palin.
POLÍTICA E ROMANCE
Há cerca de dois anos conheci o comentarista conservador Andrew Breitbart em
uma festa. Eu nem sabia que
havia outros conservadores
em Hollywood, mas ele faz
reuniões que são quase um
"grupo de apoio" para nós.
Ele me convidou para escrever em um site que estava
montando [http://bighollywood.breitbart.com]. Aceitei, com uma condição: assinar com um pseudônimo
("Jon David").
A coluna relatava um "experimento sociológico" que
fiz para testar como a posição política afeta a compatibilidade romântica em
Hollywood. Eu saía com alguma garota esquerdista
uma vez por semana e depois escrevia a respeito.
Era uma coluna cômica:
os encontros não deram certo. Em geral, assim que eu dizia que era de direita, as garotas perdiam o interesse.
Continuo solteiro. A esquerda é muito mais intolerante do que a direita.
HINO DO TEA PARTY
Em um desses encontros,
uma mulher chegou a me dizer que não gostava dos EUA.
Cheguei em casa e escrevi a
música "American Heart"
("Coração Americano").
Breitbart me convidou a ir
a um encontro do [movimento ultraconservador] Tea
Party em Quincy (Illinois) há
cerca de um ano. Chegando
lá, cantei "American Heart" e
vi 3.000 pessoas aplaudindo
de pé. Pensei: essa música
não pertence mais a mim.
Comecei a tocar em vários
eventos. Mas sempre usava
boné e óculos escuros e me
apresentava como Jon David.
Tinha uma vida dupla:
dois e-mails, dois perfis no
Facebook, dois cartões de visitas. Não queria ameaçar
meus contatos em Hollywood.
Fui convidado a me apresentar nos comícios do Tea
Party Express, um grupo que
excursiona por cidades pequenas dos EUA. Foi maravilhoso fazer contato com o
pessoal no interior.
SAIR DO ARMÁRIO
A vida dupla começou a
me cansar. Decidi sair do armário e fiz isso em grande estilo -apareci em um perfil do
"Wall Street Journal" usando
meu nome verdadeiro.
Tive vários problemas. Colegas de trabalho ficaram
chocados. Alguns ainda não
aceitaram. À época, eu estava compondo músicas para
um produtor que parou de falar comigo. O vi só uma vez, e
foi bem feio.
Outras pessoas simplesmente ficam caladas quando
eu chego. Não disseram nada
quando o artigo saiu.
CALIFÓRNIA
As eleições da última terça
me deixaram satisfeito, mas
a Califórnia ainda não entendeu a situação [democratas
conquistaram governo e Senado]. O voto para a oposição
no resto do país foi um referendo sobre os democratas, e
a mensagem foi clara.
Espero que os republicanos no Congresso agora possam discutir soluções e não
ficar apenas bloqueando o
governo. Mas também espero
que não precisem fazer isso.
Torço para que o presidente
Barack Obama tenha entendido o recado.
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