São Paulo, terça-feira, 08 de novembro de 2011

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ANÁLISE CRISE

Tecnocratas gregos têm de obter legitimidade

Na Europa, governos 'burocratas' exibem histórico positivo, mas chance de sucesso é maior quando há consenso

PETER APPS
DA REUTERS, EM LONDRES

Na Itália, na Europa Oriental e em outras regiões, governos tecnocráticos como o que deve assumir o poder na Grécia estabeleceram um histórico relativamente positivo na adoção de reformas vistas como duras, mas necessárias.
Mas os especialistas dizem que burocratas tornados governantes têm maior chance de sucesso quando há consenso nacional, por mais relutante que seja, quanto ao que precisa ser realizado. A Grécia não dá sinais disso.
Os gregos parecem determinados a indicar Lucas Papademos, antigo vice-presidente do Banco Central Europeu. Ele herdaria a tarefa de aprovar duras medidas.
Qualquer novo premiê terá de enfrentar um sistema político profundamente dividido, a meses de distância das eleições, em meio à crescente indignação popular.
Já que o premiê italiano, Silvio Berlusconi, também enfrenta risco de queda, há quem suspeite que a Itália se encaminha para um governo tecnocrático como os de Lamberto Dini, Massimo D'Alema e outros, nos anos 90 e 2000.
São governos recordados como alguns dos mais efetivos que o país já teve. Talvez inesperadamente, alguns deles -como o que administrou a República Tcheca em 2009/2010- conquistaram apoio mais forte que o obtido por gestões mais populistas e temerosas de tomar medidas impopulares nas urnas.
O desafio de Papademos será mudar o clima na Grécia para convencer a população de que novas medidas de austeridade são necessárias e, ao mesmo tempo, impedir os dois principais partidos -cada qual indicará um premiê assistente- de causar estrago com picuinhas políticas.
"No caso da Grécia, há um problema de legitimidade", diz Pepe Egger, da consultoria Exclusive Analysis. "Os 'tecnocratas' serão vistos como desprovidos de mandato e considerados por boa parte do povo como simples executores dos ditames externos."
Há quem espere que, ao se unirem para pressionar pela austeridade, o Pasok, do premiê George Papandreou, e o partido Nova Democracia aceitem compartilhar parte da culpa pelos problemas.
Mas os analistas dizem esperar que os dois lados continuem trocando acusações.

Tradução de PAULO MIGLIACCI



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