São Paulo, sexta-feira, 08 de dezembro de 2006

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Testemunha em caso de ex-espião foi envenenada

Empresário Dimitri Kovtun encontrou-se com Alexander Litvinenko em Londres

Segundo a agência estatal russa Interfax, empresário está em coma; corpo de Litvinenko é enterrado em caixão selado em Londres

Cathal McNaughton/France Presse
Corpo do ex-espião Litvinenko é sepultado no norte de Londres


DA REDAÇÃO

Dimitri Kovtun, testemunha-chave no caso da morte do ex-espião russo Alexander Litvinenko, é mais uma vítima de envenenamento por substância radiativa, segundo a agência de notícias Interfax. O empresário é um dos russos que encontrou Litvinenko em Londres no dia em que ele começou a sentir os sintomas da substância radiativa polônio 210.
A agência estatal de notícias russa informou ontem que Kovtun está internado em um hospital de Moscou e que seu estado é crítico -ele teria entrado em coma logo após prestar depoimento a agentes russos e aos enviados da polícia britânica Scotland Yard.
Mas Andrei Romashov, um advogado ligado ao caso, afirmou ter entrado em contato com representantes de Kovtun, que negaram o fato de ele estar em coma. "Ele se encontra no mesmo estado em que estava antes de falar com os investigadores", disse o advogado.
Ontem o corpo de Litvinenko, morto no último dia 23, foi enterrado em Londres, no cemitério onde se encontra o túmulo do filósofo alemão Karl Marx. O caixão foi selado para evitar vazamento de radiação.
Cerca de 50 pessoas acompanharam o sepultamento, que, além de familiares, foi presenciado pelo bilionário russo exilado em Londres Boris Berezovsky -em cujo escritório, visitado por Litvinenko, foram encontrados rastros de radiação- e pelo líder separatista tchetcheno Akhmed Zakayev.
Segundo o jornal britânico "The Guardian", o ato foi interrompida quando um imã começou a recitar o Alcorão, o que causou estranheza entre os presentes. Alguns de seus familiares diziam que Litvinenko se convertera ao islamismo poucos dias antes de morrer, informação que era contestada por seus amigos próximos.
Ainda ontem, a Procuradoria Geral russa anunciou que foi aberta investigação criminal sobre a morte de Litvinenko, depois de a polícia britânica passar a considerar a morte como assassinato. Os promotores russos também deverão apurar como tentativa de assassinato o caso de Dimitri Kovtun.
O ex-premiê russo Yegor Gaidar também acredita que possa ter sido envenenado. Segundo artigo que escreveu para o "Financial Times", ele passou mal, na Irlanda, um dia depois da morte de Litvinenko, mas já se recuperou e não corre risco.
Enquanto as investigações prosseguem na Rússia, a substância radiativa que matou o ex-espião foi detectada em mais sete pessoas em Londres. Todas trabalham no bar do Hotel Millennium, onde Litvinenko encontrou os russos no começo de novembro. A quantidade encontrada, entretanto, não representa risco.


Com agências internacionais


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