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Morte de jovem pela polícia provoca protestos na Grécia
Manifestantes saqueiam lojas e enfrentam policiais nas principais cidades gregas
Agitações ocorrem em momento político ruim para o hoje impopular premiê,
que é alvo de crítica por escândalos financeiros
DA REDAÇÃO
Os três maiores centros urbanos da Grécia registraram saques, tumulto e choques entre
policiais e manifestantes. Os
protestos, que ontem entraram
em seu segundo dia, foram motivados pela morte de um rapaz
de 15 anos por policiais na noite
de sábado. Além das cidades de
Atenas, Salônica e Patras, houve agitações também nas ilhas
turísticas de Creta e Corfu.
Os mais violentos protestos
no país desde 1985 começaram
após a morte ocorrida no bairro
estudantil de Exarchia, no centro de Atenas -região famosa
como "gueto dos anarquistas" e
berço do movimento estudantil
de 1973, cujo corolário foi o fim
do "regime dos coronéis", ditadura militar iniciada em 1967.
Depois de um grupo de 30
pessoas lançar pedras e outros
objetos contra uma viatura policial, um de seus ocupantes
desceu do carro atirando. Inicialmente as autoridades disseram que eram tiros de alerta,
mas testemunhas relataram às
emissoras de TV locais terem
visto um policial mirando contra Andreas Grigorópulos, que
foi baleado no peito.
Assim que a notícia da morte
do adolescente foi confirmada,
manifestantes foram às ruas
para protestar contra a arbitrariedade policial, o governo direitista do premiê Costas Karamanlis e o ministro do Interior.
Em Atenas, carros foram incendiados, lojas destruídas e
saqueadas. Policiais responderam com gás lacrimogêneo, numa ação que deixou ao menos
34 feridos e 20 presos. Segundo
a agência de notícias espanhola
Efe, moradores de locais distantes a até 15 km do centro da
cidade relataram ter sentido o
cheiro do gás e da fumaça dos
focos de incêndio.
Coordenação
Os manifestantes não se movimentaram às cegas. Na internet, publicavam dados sobre os
confrontos assim que eles
aconteciam. Mensagens para
encorajar as pessoas a se unir a
grupos concentrados em pontos específicos da cidade também foram divulgadas, com palavras de ordem como "derramamento de sangue demanda
vingança" e "uma picareta no
crânio de cada policial".
Em vão, o governo tentou
acalmar a população. O presidente Carolos Papulias declarou que "a morte do jovem é
uma ferida no Estado de Direito" e o premiê, publicamente,
pediu desculpas ao pai do adolescente, um gerente de banco.
O ministro do Interior, Prokopis Pavlopulos, ofereceu sua
renúncia, rejeitada por Karamanlis.
As autoridades anunciaram a
prisão dos dois policiais envolvidos na morte de Grigorópulos
na manhã de ontem. O autor do
disparo é acusado de assassinato intencional e uso ilegal de arma. Seu parceiro, de colaboração em assassinato. Eles serão
interrogados na quarta-feira
perante a Justiça.
Os incidentes dos últimos
dias remetem a 1985, quando,
na marcha anual em homenagem ao levante estudantil de
1973, um adolescente de 15
anos foi baleado e morto por
um policial em Exarchia -lançando uma onda intermitente
de choques entre estudantes e
policiais, que durou meses.
Cenário político
Os protestos acontecem em
um momento desfavorável para o premiê -cujo partido tem
maioria de apenas dois assentos no Parlamento. Karamanlis
tem experimentado queda em
sua popularidade, em decorrência de escândalos financeiros. Desde setembro, ele perdeu dois ministros, envolvidos
em transação imobiliária ilegal
que deve custar aos contribuintes gregos mais de 100 milhões (R$ 316,6 milhões).
Os socialistas, da oposição,
hoje têm a liderança nas pesquisas de opinião pública -o
que, segundo analistas citados
pela agência Reuters, pode forçar Karamanlis a marcar eleições antecipadas em 2009.
Com agências internacionais
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