São Paulo, terça-feira, 09 de janeiro de 2007

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Venezuelano chama secretário da OEA de idiota e pede sua renúncia

DA REDAÇÃO

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, pediu a renúncia do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), o chileno José Miguel Insulza, e o chamou de "idiota" e "insosso".
Os ataques aconteceram durante a cerimônia de posse dos ministros do novo mandato de Chávez.
Na semana passada, Insulza divulgou nota em que criticou Chávez por sua decisão de não renovar a concessão de um canal privado de televisão, a Radio Caracas Televisión (RCTV). O secretário-geral disse que a medida "não tem precedentes nas últimas décadas de democracia na América Latina".
"Deveria renunciar à secretaria-geral da OEA o insosso doutor Insulza, por se atrever a fazer o papel de vice-rei do império", disse Chávez.
"Ele perdeu todo o moral para estar à frente da OEA, a menos que pretenda convertê-la de novo no "ministério das colônias", como já foi definida antes por Fidel Castro."
O presidente venezuelano prometeu "jogar na cara" de Insulza a "ingerência" e denunciá-lo em todas as cúpulas latino-americanas. Promete fazer isso nas cerimônias de posse dos presidentes Daniel Ortega, na Nicarágua, e Rafael Correa, do Equador.
Chávez disse que "ninguém impedirá que se cumpra" sua decisão. Ele acusa a RCTV, criada em 1953, de ter apoiado a tentativa de golpe contra ele, em 2002.

"Parece censura"
Para Insulza, apesar das "acusações severas" contra a RCTV, "se houve alguma ilegalidade, deve-se acusá-la perante à Justiça, é o caminho que se toma em uma democracia".
O secretário-geral disse que a medida parece uma censura à liberdade de expressão e uma ameaça aos demais meios de comunicação.
Quanto às "implicações políticas" do seu ato, mencionadas por Insulza, Chávez disse que o chileno "dá pena, dá vergonha". "Que implicações políticas? A Venezuela é livre e soberana", discursou.
Ironicamente, Chávez foi um dos grandes defensores da eleição de Insulza para o cargo - contra o então chanceler mexicano Luis Ernesto Derbez.
O venezuelano brigou com o ex-presidente mexicano Vicente Fox algumas vezes - e chamou-o de "filhote do império". E fez campanha por Insulza.
Insulza, 63, é o político que ficou mais tempo consecutivo como ministro no Chile. Foi chanceler do ex-presidente chileno Eduardo Frei e ministro do Interior do ex-presidente Ricardo Lagos.
Trabalhou na chancelaria chilena em tempos de Salvador Allende e ficou quinze anos no exílio, durante a ditadura do general Augusto Pinochet.
Pertence ao mesmo Partido Socialista da presidente Michelle Bachelet. Para muitos analistas políticos chilenos, ele é um dos presidenciáveis que deve concorrer à sucessão dela, em 2009.


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