São Paulo, quarta-feira, 09 de janeiro de 2008

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McCain e Hillary vencem em New Hampshire

Veterano triunfa entre republicanos e ganha fôlego nacional; entre democratas, senadora disputou com Obama voto a voto

Pesquisas indicaram vitória do senador por Illinois, mas ex-primeira-dama mostra ainda ter vigor; com disputa, comparecimento foi recorde

DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A MANCHESTER

Não foi a noite tranqüila que as pesquisas dos últimos dias prenunciaram. Alardeado o favorito na primária democrata no Estado de New Hampshire com até 13 pontos de vantagem sobre Hillary Clinton, Barack Obama travou uma disputa acirrada com a ex-primeira-dama pela candidatura presidencial conforme corria ontem a apuração. Segundo projeções, perdeu. E, às 22h50 (1h50 em Brasília), admitiu a derrota e cumprimentou a rival.
Com 75% dos votos contabilizados, Hillary vencia Obama por 39% a 36%. Nesse ponto, era possível identificar a liderança da senadora entre os mais velhos, as mulheres e a população de baixa renda. Obama ganhava mais votos de jovens, ricos e eleitores independentes (sem filiação partidária).
Já entre os republicanos, com 72% apurados, nenhuma surpresa. O senador John McCain, terceiro no "caucus" (assembléia de eleitores) em Iowa no último dia 3, vinha com 37%, sobre 32% de Mitt Romney, 11% de Mike Huckabee (vencedor em Iowa) e 9% de Rudolph Giuliani. Sua campanha, até então cheia de percalços, tem o fôlego renovado.
Com a música-tema do filme "Rocky, o lutador" ao fundo e aclamações de "Mac is back" ("Mac" está de volta), John McCain comemorou com seus eleitores. "Mostramos ao povo deste país o que é um verdadeiro retorno", disse McCain, agradecendo aos eleitores. "Vocês ganharam mais do que eu. Amanhã, começamos de novo."
Vigor renovado é o que a vitória em New Hampshire deve dar também à candidatura de Hillary. Ela é favorita nas pesquisas nacionais com uma média de oito pontos de vantagem sobre Obama, mas viu o senador por Illinois ascender como opção real para os eleitores democratas após vencer em Iowa.
Com a previsão de sua derrota em New Hampshire, tal favoritismo ficou ameaçado, e sua campanha passou a ser revista (leia texto na página ao lado). Até o fechamento desta edição, a senadora não tinha falado.

Comparecimento recorde
O clima de final de campeonato em New Hampshire, com os nomes dos candidatos estampados em bandeiras e muita gente nas ruas, não surpreendeu apenas quem veio de fora. "Nunca vi tanta gente em uma eleição aqui em Manchester. Parece verão", afirma o taxista Matthew Courtney, 50.
A alta temperatura da disputa era acompanhada do "calor": passava dos 10C ontem em Manchester, 20 a mais do que alguns dias atrás, o que motivou os eleitores a sair de casa. Em alguns locais de votação, chegou a faltar cédulas.
O alto comparecimento e os independentes no Estado (onde quase metade do eleitorado não têm filiação partidária) ajudaram McCain e Obama.
Escaldada pela derrota em Iowa, Hillary madrugou para viajar por New Hampshire no dia de votação. Sua comitiva saiu de Manchester por volta das 6h, logo depois de visitar um local de votação, onde o marido, Bill, e a filha, Chelsea, serviam café a eleitores.
Apoiadores da senadora também se levantaram cedo por ela. A dona-de-casa Gretchen Lafaso, 43, empunhava uma placa de Hillary em frente à igreja Brookside Community Church. "Estou aqui nesta mesma posição faz umas três horas", dizia, com os pés sobre uma calçada coberta de neve.
A metros de Gretchen, três estudantes -Andrew Foxwell, 22, Andrew Nussbaum, 20, e Matt Gelegher, 19- faziam campanha por McCain. "Viemos de Minnesota para apoiá-lo. McCain é o único que pode ser muito bom desde o primeiro dia. [Herói da Guerra do Vietnã,] ele tem experiência militar para lidar com o Iraque e com conflitos futuros", afirmou à Folha Foxwell.
Nussbaum comemorara seu aniversário em Manchester na véspera. "Passei a noite na campanha. Festa mesmo farei quando McCain ganhar."
À Folha a pesquisadora de política da Universidade de Maryland Kathleen Kendall afirmou que nunca viu os jovens tão envolvidos em primárias como neste ano. "Vamos ver se eles irão votar ou se apenas participam das manifestações de rua. Há quatro anos, a MTV fez campanha incentivando os jovens a se interessar por política, mas o movimento não se traduziu na votação."
Com pouco peso em termos de delegados no colégio eleitoral, New Hampshire ganha atenção por ser a primeira primária e indicar tendências.


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