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McCain e Hillary vencem em New Hampshire
Veterano triunfa entre republicanos e ganha fôlego nacional; entre democratas, senadora disputou com Obama voto a voto
Pesquisas indicaram vitória do senador por Illinois, mas
ex-primeira-dama mostra ainda ter vigor; com disputa, comparecimento foi recorde
DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A MANCHESTER
Não foi a noite tranqüila que
as pesquisas dos últimos dias
prenunciaram. Alardeado o favorito na primária democrata
no Estado de New Hampshire
com até 13 pontos de vantagem
sobre Hillary Clinton, Barack
Obama travou uma disputa
acirrada com a ex-primeira-dama pela candidatura presidencial conforme corria ontem a
apuração. Segundo projeções,
perdeu. E, às 22h50 (1h50 em
Brasília), admitiu a derrota e
cumprimentou a rival.
Com 75% dos votos contabilizados, Hillary vencia Obama
por 39% a 36%. Nesse ponto,
era possível identificar a liderança da senadora entre os
mais velhos, as mulheres e a população de baixa renda. Obama
ganhava mais votos de jovens,
ricos e eleitores independentes
(sem filiação partidária).
Já entre os republicanos,
com 72% apurados, nenhuma
surpresa. O senador John
McCain, terceiro no "caucus"
(assembléia de eleitores) em
Iowa no último dia 3, vinha
com 37%, sobre 32% de Mitt
Romney, 11% de Mike Huckabee (vencedor em Iowa) e 9%
de Rudolph Giuliani. Sua campanha, até então cheia de percalços, tem o fôlego renovado.
Com a música-tema do filme
"Rocky, o lutador" ao fundo e
aclamações de "Mac is back"
("Mac" está de volta), John
McCain comemorou com seus
eleitores. "Mostramos ao povo
deste país o que é um verdadeiro retorno", disse McCain,
agradecendo aos eleitores. "Vocês ganharam mais do que eu.
Amanhã, começamos de novo."
Vigor renovado é o que a vitória em New Hampshire deve
dar também à candidatura de
Hillary. Ela é favorita nas pesquisas nacionais com uma média de oito pontos de vantagem
sobre Obama, mas viu o senador por Illinois ascender como
opção real para os eleitores democratas após vencer em Iowa.
Com a previsão de sua derrota em New Hampshire, tal favoritismo ficou ameaçado, e sua
campanha passou a ser revista
(leia texto na página ao lado).
Até o fechamento desta edição,
a senadora não tinha falado.
Comparecimento recorde
O clima de final de campeonato em New Hampshire, com
os nomes dos candidatos estampados em bandeiras e muita gente nas ruas, não surpreendeu apenas quem veio de
fora. "Nunca vi tanta gente em
uma eleição aqui em Manchester. Parece verão", afirma o taxista Matthew Courtney, 50.
A alta temperatura da disputa era acompanhada do "calor":
passava dos 10C ontem em
Manchester, 20 a mais do que
alguns dias atrás, o que motivou os eleitores a sair de casa.
Em alguns locais de votação,
chegou a faltar cédulas.
O alto comparecimento e os
independentes no Estado (onde quase metade do eleitorado
não têm filiação partidária)
ajudaram McCain e Obama.
Escaldada pela derrota em
Iowa, Hillary madrugou para
viajar por New Hampshire no
dia de votação. Sua comitiva
saiu de Manchester por volta
das 6h, logo depois de visitar
um local de votação, onde o marido, Bill, e a filha, Chelsea, serviam café a eleitores.
Apoiadores da senadora também se levantaram cedo por
ela. A dona-de-casa Gretchen
Lafaso, 43, empunhava uma
placa de Hillary em frente à
igreja Brookside Community
Church. "Estou aqui nesta
mesma posição faz umas três
horas", dizia, com os pés sobre
uma calçada coberta de neve.
A metros de Gretchen, três
estudantes -Andrew Foxwell,
22, Andrew Nussbaum, 20, e
Matt Gelegher, 19- faziam
campanha por McCain. "Viemos de Minnesota para apoiá-lo. McCain é o único que pode
ser muito bom desde o primeiro dia. [Herói da Guerra do
Vietnã,] ele tem experiência
militar para lidar com o Iraque
e com conflitos futuros", afirmou à Folha Foxwell.
Nussbaum comemorara seu
aniversário em Manchester na
véspera. "Passei a noite na
campanha. Festa mesmo farei
quando McCain ganhar."
À Folha a pesquisadora de
política da Universidade de
Maryland Kathleen Kendall
afirmou que nunca viu os jovens tão envolvidos em primárias como neste ano. "Vamos
ver se eles irão votar ou se apenas participam das manifestações de rua. Há quatro anos, a
MTV fez campanha incentivando os jovens a se interessar
por política, mas o movimento
não se traduziu na votação."
Com pouco peso em termos
de delegados no colégio eleitoral, New Hampshire ganha
atenção por ser a primeira primária e indicar tendências.
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