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No Quênia, família Obama torce e espera que Barack medeie crise
Filho de pai queniano, democrata pediu a líder da oposição, da mesma tribo de sua família, que aceite diálogo com governo; não há acordo, apesar de pressão
Thomas Mukoya/Reuters
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No vilarejo de Kogelo, avó de Barack Obama torce pelo sucesso do neto na corrida à Casa Branca |
DA REDAÇÃO
As notícias de New Hampshire (EUA) chegam pelo rádio
ao vilarejo queniano de Kogelo,
onde os Obama, parentes paternos do senador e pré-candidato à Presidência americana,
acompanharam atentamente o
desempenho de Barack nas primárias -sem perder de vista a
violência que tomou o país e o
que, esperam, o familiar ilustre
pode fazer para mediá-la.
"Maravilha!", comemorou o
tio, Said Obama, ao ouvir os primeiros resultados. "Mas ainda
é cedo para pular". A torcida
dos parentes continuava, voto a
voto, apesar do pouco contato.
Os pais de Barack se separam
quando ele era criança. Criado
pela mãe e pelos avós maternos, americanos brancos, ele
conheceu a família paterna e o
Quênia nos anos 80, após a
morte do pai em um acidente.
Isso não diminui o orgulho
dos Obama. Said diz que o sobrinho "provou que há um sinal
de esperança por aqui". Poupada da violência que tomou o
país desde o anúncio da reeleição do presidente Mwai Kibaki,
marcada por fraudes, Kogelo
está cercado de vilarejos saqueados. A crise política incendiou rivalidades étnicas, numa
onda de violência que já deixou
pelo menos 500 mortos.
Em 2006, em visita ao Quênia, Obama criticou a corrupção da política tribal, em discurso transmitido pela TV.
"Muita gente ouviu, mas o governo não gostou", diz o tio.
Na segunda-feira, o sobrinho
ilustre engrossou o coro internacional por uma solução à crise queniana. De New Hampshire, Barack Obama telefonou para o líder oposicionista Raila
Odinga -como ele, um luo-,
para pedir que aceite dialogar
com o governo. O democrata
diz que pretende falar com Kibaki, que é de etnia kikuyu.
Por hora, Odinga não seguiu
o conselho do primo -segundo
o queniano, o pai de Obama é
seu tio materno. Após a nomeação, ontem, do gabinete presidencial, que excluiu dos ministérios o Movimento Democrático Laranja, liderado por
Odinga, ele afirmou que não
participará do diálogo com o
governo na sexta-feira.
O novo gabinete frustrou expectativas de uma ampla conciliação. Kibaki reservou os postos-chave para seus aliados e
fez uma tímida aliança com Kalonzo Musyoka, que teve 9%
dos votos nas eleições e foi nomeado vice-presidente.
Odinga critica ainda a exclusão de John Kufour, presidente
de Gana e da União Africana, do
encontro de Kibaki. Kufour
chegou ontem a Nairóbi em
missão de conciliação, mas não
foi convidado para o diálogo.
Sem mediação, diz Odinga, a
reunião será "um showzinho".
Os conflitos ameaçam o frágil
equilíbrio da África Oriental.
Ontem, a ONU alertou que pode interromper a ajuda humanitária em partes do continente
caso a crise persista.
Com agências internacionais
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