São Paulo, sexta-feira, 09 de janeiro de 2009

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Hamas executa rivais e supostos colaboradores, afirma jornal

DA REDAÇÃO

A ação militar israelense na faixa de Gaza desencadeou uma forte revanche interna do grupo extremista Hamas, que passou a executar supostos "colaboradores de Israel" no território, informou ontem o jornal "Haaretz", em reportagem da israelense Amira Hass, especialista em temas palestinos.
Em dezembro, Hass, que tem posição pró-palestinos e já viveu em Gaza e em Ramallah, na Cisjordânia, conseguiu furar a proibição de que jornalistas israelenses entrassem no território e chegou a ser detida ao retornar a Israel.
Desde 27 de dezembro, diz ela, quando começou a ofensiva israelense, entre 40 e 80 pessoas foram executadas pelo Hamas -número difícil de ser precisado diante do medo da população de falar e da ausência da imprensa estrangeira.
Os principais alvos do Hamas são integrantes do partido secular e rival Fatah, pessoas suspeitas ou condenadas por colaborar com os israelenses e criminosos comuns. Membros do Hamas confirmaram as execuções, dizendo que as vítimas haviam confessado o vazamento de informações que resultaram na morte de palestinos ou já haviam sido sentenciadas à morte por tribunais militares.
Segundo um funcionário do Ministério do Interior de Gaza -controlado pelo Hamas-, a perseguição é dirigida apenas a membros do Fatah que demonstraram "felicidade" frente à ofensiva militar israelense ou que "distribuíram doces nas ruas" quando ela começou.
Depois de um breve conflito civil, com mortes dos dois lados, o Hamas, vencedor das eleições legislativas palestinas de 2006, expulsou o Fatah de Gaza em junho de 2007. O Fatah controla a Autoridade Nacional Palestina, único interlocutor reconhecido por Israel, baseada na Cisjordânia.
Nos últimos 18 meses, centenas de pessoas dos respectivos grupos rivais foram detidas em Gaza e na Cisjordânia. Tortura dos dois lados foi documentadas por ONGs.

Crimes comuns
Segundo a reportagem de Hass, apesar do caos causado pela ofensiva israelense, o Hamas também promete controlar a criminalidade comum em Gaza e proibiu o aumento de preços de alimentos e o saque a lojas. "Mesmo agora [com os ataques israelenses], o Hamas governa com mão-de-ferro", declarou um morador de Gaza.
Outro morador -que se identifica como ativista independente- disse que, diante das dificuldades impostas pela ação israelense, o Hamas deve tentar impedir eventuais colaboradores de entrar em contato com as forças inimigas.
O Fatah confirmou ontem que alguns de seus membros receberam notificações das forças de segurança de Gaza, sob a direção do ministro do Interior do Hamas, Said Siyam, ordenando que ficassem em prisão domiciliar por 48 horas. Outros membros do partido receberam ordens de não deixar suas casas entre ontem e hoje.


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