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Hamas executa rivais e supostos colaboradores, afirma jornal
DA REDAÇÃO
A ação militar israelense na
faixa de Gaza desencadeou uma
forte revanche interna do grupo extremista Hamas, que passou a executar supostos "colaboradores de Israel" no território, informou ontem o jornal
"Haaretz", em reportagem da
israelense Amira Hass, especialista em temas palestinos.
Em dezembro, Hass, que tem
posição pró-palestinos e já viveu em Gaza e em Ramallah, na
Cisjordânia, conseguiu furar a
proibição de que jornalistas israelenses entrassem no território e chegou a ser detida ao retornar a Israel.
Desde 27 de dezembro, diz
ela, quando começou a ofensiva
israelense, entre 40 e 80 pessoas foram executadas pelo Hamas -número difícil de ser
precisado diante do medo da
população de falar e da ausência da imprensa estrangeira.
Os principais alvos do Hamas
são integrantes do partido secular e rival Fatah, pessoas suspeitas ou condenadas por colaborar com os israelenses e criminosos comuns. Membros do
Hamas confirmaram as execuções, dizendo que as vítimas
haviam confessado o vazamento de informações que resultaram na morte de palestinos ou
já haviam sido sentenciadas à
morte por tribunais militares.
Segundo um funcionário do
Ministério do Interior de Gaza
-controlado pelo Hamas-, a
perseguição é dirigida apenas a
membros do Fatah que demonstraram "felicidade" frente à ofensiva militar israelense
ou que "distribuíram doces nas
ruas" quando ela começou.
Depois de um breve conflito
civil, com mortes dos dois lados, o Hamas, vencedor das
eleições legislativas palestinas
de 2006, expulsou o Fatah de
Gaza em junho de 2007. O Fatah controla a Autoridade Nacional Palestina, único interlocutor reconhecido por Israel,
baseada na Cisjordânia.
Nos últimos 18 meses, centenas de pessoas dos respectivos
grupos rivais foram detidas em
Gaza e na Cisjordânia. Tortura
dos dois lados foi documentadas por ONGs.
Crimes comuns
Segundo a reportagem de
Hass, apesar do caos causado
pela ofensiva israelense, o Hamas também promete controlar a criminalidade comum em
Gaza e proibiu o aumento de
preços de alimentos e o saque a
lojas. "Mesmo agora [com os
ataques israelenses], o Hamas
governa com mão-de-ferro",
declarou um morador de Gaza.
Outro morador -que se
identifica como ativista independente- disse que, diante
das dificuldades impostas pela
ação israelense, o Hamas deve
tentar impedir eventuais colaboradores de entrar em contato com as forças inimigas.
O Fatah confirmou ontem
que alguns de seus membros
receberam notificações das forças de segurança de Gaza, sob a
direção do ministro do Interior
do Hamas, Said Siyam, ordenando que ficassem em prisão
domiciliar por 48 horas. Outros
membros do partido receberam ordens de não deixar suas
casas entre ontem e hoje.
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