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EUA se abstêm em votação na ONU
Washington, maior aliado de Israel, não usou poder de veto na sessão que aprovou cessar-fogo em Gaza
Consenso sobre texto, que "enfatiza urgência e chama a cessar-fogo imediato e duradouro", foi obtido após recuos dos EUA e de árabes
DA REDAÇÃO
Os EUA, principais aliados de
Israel, abstiveram-se de usar o
poder de veto na votação da resolução que pediu cessar-fogo
imediato em Gaza, abrindo caminho para a sua aprovação no
Conselho de Segurança (CS) da
ONU. A chanceler Condoleezza
Rice disse que o país deseja ver
antes o desenrolar da proposta egípcia e, apesar da abstenção, apoia os termos do texto.
O consenso foi obtido durante o dia entre representantes de
EUA, França, Reino Unido e
países árabes depois que Washington recuou nas objeções a
uma exigência de cessar-fogo
imediata e os árabes retiraram
proposta apresentada terça.
O anúncio foi feito pelos
chanceleres da Arábia Saudita,
príncipe Saud al Faisal, e britânico, David Miliband. Depois,
junto com seus homólogos de
EUA, França, Egito, Marrocos,
Qatar e Jordânia, reuniram-se
com os integrantes do CS para
apresentar o texto e votá-lo.
O texto acordado "enfatiza a
urgência e chama a um cessar-fogo imediato, durável e integralmente respeitado, que conduza à retirada das forças israelenses da faixa de Gaza" e "pede
que os Estados intensifiquem
esforços para prevenir o tráfico
de armas e assegurar a reabertura das passagens de Gaza".
A repressão ao contrabando
de armas na fronteira entre Gaza e o Egito é a principal reivindicação de Israel para o acordo.
Mas o texto é vago e não se detém sobre quem a faria -especulou-se durante esta semana
que poderia ser a Turquia.
Já a abertura das fronteiras
de Gaza, que vive sob bloqueio
econômico e físico israelense
há um ano e meio, é a principal
reivindicação dos palestinos do
território e era a exigência do
Hamas para renovar a trégua
acertada em junho com Israel,
e que vigorou até dezembro.
Até anteontem, os EUA, secundados por Reino Unido e
França, todos com poder de veto, recusavam-se a discutir uma
resolução -vinculante- exigindo o cessar-fogo em Gaza.
Já os árabes tentavam votar
uma proposta de resolução
apresentada pela Líbia na terça, quando foi convocada a sessão, que exigia o fim dos ataques israelenses. O texto não
fazia referências aos ataques do
Hamas com foguetes contra Israel e à situação na fronteira de
Gaza com o Egito, por onde o
grupo se supre de armamento.
Ontem, os países árabes inicialmente apresentaram um
texto revisto que fazia menções
ao Hamas, exigia o fim dos disparos de foguetes e tratava da
questão fronteiriça. Mas depois
retiraram a proposta e aceitaram discutir o texto britânico,
apoiado por EUA e França.
Plano egípcio
Já as gestões diplomáticas lideradas pelo Egito para o estabelecimento de um cessar-fogo
permanente na faixa de Gaza
continuaram ontem, mas ainda
sem o vislumbre de um acordo.
O impasse é devido em grande medida às lacunas da proposta, que não especifica o interlocutor palestino nas negociações e não define o papel dos
monitores exigidos por Israel.
De Israel, dois emissários estiveram no Cairo para conversas. Mas o teor da conversa com
o chefe da inteligência, Omar
Suleiman, não foi revelado.
O embaixador do Egito na
ONU disse que também representantes da ANP e do Hamas
concordaram em se encontrar
com autoridades egípcias no
Cairo -o plano egípcio prevê a
reaproximação entre os ambos.
A informação foi confirmada
apenas pela ANP, cujo presidente, Mahmoud Abbas, chega
hoje ao Cairo para encontro
com o ditador Hosni Mubarak.
Do lado do Hamas, as manifestações foram desencontradas. Um representante do grupo disse haver reservas quanto
ao plano e ser cedo para falar de
um delegação indo ao Cairo. O
Hamas assinou, no entanto,
uma nota com outros nove grupos palestinos sediados na Síria
em que rejeita a proposta por
ela não ter "base válida".
Com agências internacionais
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