São Paulo, sexta-feira, 09 de janeiro de 2009

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EUA se abstêm em votação na ONU

Washington, maior aliado de Israel, não usou poder de veto na sessão que aprovou cessar-fogo em Gaza

Consenso sobre texto, que "enfatiza urgência e chama a cessar-fogo imediato e duradouro", foi obtido após recuos dos EUA e de árabes

DA REDAÇÃO

Os EUA, principais aliados de Israel, abstiveram-se de usar o poder de veto na votação da resolução que pediu cessar-fogo imediato em Gaza, abrindo caminho para a sua aprovação no Conselho de Segurança (CS) da ONU. A chanceler Condoleezza Rice disse que o país deseja ver antes o desenrolar da proposta egípcia e, apesar da abstenção, apoia os termos do texto.
O consenso foi obtido durante o dia entre representantes de EUA, França, Reino Unido e países árabes depois que Washington recuou nas objeções a uma exigência de cessar-fogo imediata e os árabes retiraram proposta apresentada terça.
O anúncio foi feito pelos chanceleres da Arábia Saudita, príncipe Saud al Faisal, e britânico, David Miliband. Depois, junto com seus homólogos de EUA, França, Egito, Marrocos, Qatar e Jordânia, reuniram-se com os integrantes do CS para apresentar o texto e votá-lo.
O texto acordado "enfatiza a urgência e chama a um cessar-fogo imediato, durável e integralmente respeitado, que conduza à retirada das forças israelenses da faixa de Gaza" e "pede que os Estados intensifiquem esforços para prevenir o tráfico de armas e assegurar a reabertura das passagens de Gaza".
A repressão ao contrabando de armas na fronteira entre Gaza e o Egito é a principal reivindicação de Israel para o acordo. Mas o texto é vago e não se detém sobre quem a faria -especulou-se durante esta semana que poderia ser a Turquia.
Já a abertura das fronteiras de Gaza, que vive sob bloqueio econômico e físico israelense há um ano e meio, é a principal reivindicação dos palestinos do território e era a exigência do Hamas para renovar a trégua acertada em junho com Israel, e que vigorou até dezembro.
Até anteontem, os EUA, secundados por Reino Unido e França, todos com poder de veto, recusavam-se a discutir uma resolução -vinculante- exigindo o cessar-fogo em Gaza.
Já os árabes tentavam votar uma proposta de resolução apresentada pela Líbia na terça, quando foi convocada a sessão, que exigia o fim dos ataques israelenses. O texto não fazia referências aos ataques do Hamas com foguetes contra Israel e à situação na fronteira de Gaza com o Egito, por onde o grupo se supre de armamento.
Ontem, os países árabes inicialmente apresentaram um texto revisto que fazia menções ao Hamas, exigia o fim dos disparos de foguetes e tratava da questão fronteiriça. Mas depois retiraram a proposta e aceitaram discutir o texto britânico, apoiado por EUA e França.

Plano egípcio
Já as gestões diplomáticas lideradas pelo Egito para o estabelecimento de um cessar-fogo permanente na faixa de Gaza continuaram ontem, mas ainda sem o vislumbre de um acordo.
O impasse é devido em grande medida às lacunas da proposta, que não especifica o interlocutor palestino nas negociações e não define o papel dos monitores exigidos por Israel.
De Israel, dois emissários estiveram no Cairo para conversas. Mas o teor da conversa com o chefe da inteligência, Omar Suleiman, não foi revelado.
O embaixador do Egito na ONU disse que também representantes da ANP e do Hamas concordaram em se encontrar com autoridades egípcias no Cairo -o plano egípcio prevê a reaproximação entre os ambos.
A informação foi confirmada apenas pela ANP, cujo presidente, Mahmoud Abbas, chega hoje ao Cairo para encontro com o ditador Hosni Mubarak.
Do lado do Hamas, as manifestações foram desencontradas. Um representante do grupo disse haver reservas quanto ao plano e ser cedo para falar de um delegação indo ao Cairo. O Hamas assinou, no entanto, uma nota com outros nove grupos palestinos sediados na Síria em que rejeita a proposta por ela não ter "base válida".


Com agências internacionais


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