São Paulo, sábado, 09 de janeiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Autor de atentado a voo se diz inocente

Em audiência de cerca de cinco minutos em Detroit, nigeriano responde a perguntas do magistrado com monossílabos

Americanos muçulmanos e de ascendência nigeriana exibiram bandeiras dos EUA e cartazes para protestar contra o réu diante do fórum

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

O nigeriano Umar Farouk Abdulmutallab, que tentou se explodir durante um voo americano rumo a Detroit no Natal, se declarou ontem inocente na primeira audiência marcada para tratar do caso. Abdulmutallab foi indiciado por seis crimes, entre eles: tentativa de uso de arma de destruição em massa e tentativa de homicídio em aeronave com 279 passageiros e 11 tripulantes.
A audiência não durou mais do que cinco minutos. O acusado entrou de cabeça raspada e algemas nos pés. Deu respostas curtas para as perguntas feitas pelo juiz Mark Randon e se limitou a dizer "sim", ao ser questionado se entendia as acusações.
Ele permaneceu calado enquanto seus advogados alegaram inocência em seu nome. Sua resposta mais longa foi dizer que havia tomado alguns analgésicos, ao ser questionado se havia tomado algum medicamento nas 24 horas antes da audiência.
Abdulmutallab é acusado de entrar no voo 253 da Northwest Airlines de Amsterdã a Detroit com explosivos escondidos sob as roupas e de tentar detoná-los durante o voo. Ele conseguiu iniciar o fogo, mas foi rendido pelos passageiros e tripulantes.
A primeira aparição de Abdulmutallab em uma corte federal foi marcada pela presença de jornalistas, muçulmanos americanos e americanos de origem nigeriana.
A audiência começou pouco antes das 14h (pouco antes das 17h no Brasil), mas os preparativos começaram cedo. Os espectadores tiveram de passar por detectores de metal, e cães farejadores foram conduzidos pelos corredores da corte.
Segundo especialistas, é comum que acusados se declarem inocentes na primeira audiência. Abdulmutallab tem o direito de pedir um julgamento rápido, que poderia começar em 90 dias. Caso os advogados de defesa ou a acusação peçam mais tempo para preparar o caso, ele pode passar mais de um ano sem ir a julgamento.
Uma das passageiras do voo 253 compareceu à audiência. Hebba Aref, 27, trabalha como advogada no Kuait e estava sentada seis fileiras atrás do nigeriano no voo. Ela estava acompanhada de familiares. "Esta pessoa mudou a minha vida e a maneira como as coisas são feitas nos EUA. Eu só queria vê-la novamente", disse. Ela relatou que sentiu um buraco no estômago ao ver Abdulmutallab outra vez.
As mudanças após a tentativa de ataque incluem desde procedimentos de segurança nos aeroportos, mais investimentos, novas regras para a Inteligência e, principalmente, uma alteração radical na agenda do presidente dos EUA, Barack Obama, que colocou o combate ao terrorismo e a defesa da segurança nacional como prioridades neste início de ano.
O governo produziu ainda um relatório preliminar em que aponta as falhas registradas no caso. Um dos principais pontos é o fato de o próprio pai do acusado, o banqueiro nigeriano Alhaji Umaru Mutallab, ter alertado as autoridades para o fato de que o filho havia se tornado um radical.
Do lado de fora da corte, muçulmanos americanos carregavam cartazes condenando a tentativa de ataques e bandeiras americanas.
Outro grupo mostrava cartazes com dizeres como "nigerianos são contra o terrorismo".


Texto Anterior: Clóvis Rossi: Princípios que amávamos -e a prática
Próximo Texto: Nova York: Polícia prende dois suspeitos de terrorismo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.