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Autor de atentado a voo se diz inocente
Em audiência de cerca de cinco minutos em Detroit, nigeriano responde a perguntas do magistrado com monossílabos
Americanos muçulmanos e
de ascendência nigeriana
exibiram bandeiras dos EUA
e cartazes para protestar
contra o réu diante do fórum
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
O nigeriano Umar Farouk
Abdulmutallab, que tentou se
explodir durante um voo americano rumo a Detroit no Natal,
se declarou ontem inocente na
primeira audiência marcada
para tratar do caso. Abdulmutallab foi indiciado por seis crimes, entre eles: tentativa de
uso de arma de destruição em
massa e tentativa de homicídio
em aeronave com 279 passageiros e 11 tripulantes.
A audiência não durou mais
do que cinco minutos. O acusado entrou de cabeça raspada e
algemas nos pés. Deu respostas
curtas para as perguntas feitas
pelo juiz Mark Randon e se limitou a dizer "sim", ao ser
questionado se entendia as
acusações.
Ele permaneceu calado enquanto seus advogados alegaram inocência em seu nome.
Sua resposta mais longa foi dizer que havia tomado alguns
analgésicos, ao ser questionado
se havia tomado algum medicamento nas 24 horas antes da
audiência.
Abdulmutallab é acusado de
entrar no voo 253 da Northwest Airlines de Amsterdã a
Detroit com explosivos escondidos sob as roupas e de tentar
detoná-los durante o voo. Ele
conseguiu iniciar o fogo, mas
foi rendido pelos passageiros e
tripulantes.
A primeira aparição de Abdulmutallab em uma corte federal foi marcada pela presença
de jornalistas, muçulmanos
americanos e americanos de
origem nigeriana.
A audiência começou pouco
antes das 14h (pouco antes das
17h no Brasil), mas os preparativos começaram cedo. Os espectadores tiveram de passar
por detectores de metal, e cães
farejadores foram conduzidos
pelos corredores da corte.
Segundo especialistas, é comum que acusados se declarem
inocentes na primeira audiência. Abdulmutallab tem o direito de pedir um julgamento rápido, que poderia começar em
90 dias. Caso os advogados de
defesa ou a acusação peçam
mais tempo para preparar o caso, ele pode passar mais de um
ano sem ir a julgamento.
Uma das passageiras do voo
253 compareceu à audiência.
Hebba Aref, 27, trabalha como
advogada no Kuait e estava
sentada seis fileiras atrás do nigeriano no voo. Ela estava
acompanhada de familiares.
"Esta pessoa mudou a minha
vida e a maneira como as coisas
são feitas nos EUA. Eu só queria vê-la novamente", disse. Ela
relatou que sentiu um buraco
no estômago ao ver Abdulmutallab outra vez.
As mudanças após a tentativa
de ataque incluem desde procedimentos de segurança nos aeroportos, mais investimentos,
novas regras para a Inteligência
e, principalmente, uma alteração radical na agenda do presidente dos EUA, Barack Obama,
que colocou o combate ao terrorismo e a defesa da segurança
nacional como prioridades neste início de ano.
O governo produziu ainda
um relatório preliminar em
que aponta as falhas registradas no caso. Um dos principais
pontos é o fato de o próprio pai
do acusado, o banqueiro nigeriano Alhaji Umaru Mutallab,
ter alertado as autoridades para
o fato de que o filho havia se
tornado um radical.
Do lado de fora da corte, muçulmanos americanos carregavam cartazes condenando a
tentativa de ataques e bandeiras americanas.
Outro grupo mostrava cartazes com dizeres como "nigerianos são contra o terrorismo".
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