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Potências decretam fim de diálogo nuclear com o Irã
Para EUA e França, não resta opção a não ser adotar novas sanções contra Teerã
Teerã oficializa decisão de aumentar para 20% o nível de enriquecimento de urânio
e marca data para construção de 10 novas usinas nucleares
DA REDAÇÃO
Potências ocidentais deram
ontem por encerradas as atuais
negociações nucleares com o
Irã e pediram novas e mais severas sanções contra Teerã.
O endurecimento ocidental,
formulado por EUA e França,
foi anunciado em represália à
decisão do Irã, notificada ontem à ONU, de começar a enriquecer urânio a 20% a partir de
hoje na central de Natanz.
Teerã também anunciou que
começará a construir neste ano
dez novas centrais nucleares
-a construção já fora anunciada em novembro, mas sem data
marcada. Há dúvidas sobre a
capacidade técnica de o Irã alcançar essas metas.
"Não nos resta outra opção a
não ser buscar novas medidas
no Conselho de Segurança da
ONU", disse o ministro da Defesa francês, Hervé Morin, após
receber o colega americano,
Robert Gates. "Estamos totalmente de acordo na avaliação
de que a próxima etapa é uma
ação da comunidade internacional", afirmou Gates. Um alto
funcionário dos EUA disse que
o Irã faz "provocação."
França e EUA pressionarão
agora o Conselho de Segurança
para impor novo lote de sanções econômicas e comerciais
contra o Irã -já submetido a
três ciclos de punições desde
que dissidentes denunciaram
uma parte oculta do programa
nuclear de Teerã, em 2002.
A decisão contrariou até a
Rússia, que geralmente se abstém de apoiar punições contra
o aliado persa. Ontem, Moscou
exigiu que Teerã cumpra suas
obrigações nucleares. E um influente deputado ligado ao
Kremlin disse que é hora de
adotar "sanções econômicas
mais severas" contra o Irã.
A China, no entanto, vem
dando sinais de que usará seu
poder de veto no CS para impedir que sejam adotadas novas
sanções ao Irã, com quem mantém fortes relações comerciais.
A Agência Internacional de
Energia Atômica (AIEA) confirmou ter sido oficialmente informada pelo Irã sobre o plano,
anunciado anteontem pelo
presidente Mahmoud Ahmadinejad, de elevar o enriquecimento de urânio dos atuais
3,5% para 20% com o objetivo
declarado de usar o material
para abastecer um reator de
Teerã usado para fins médicos.
Segundo Teerã, a decisão de
enriquecer urânio por conta
própria foi tomada depois que o
Ocidente menosprezou a disposição de Teerã em aceitar um
plano da AIEA para que os estoques iranianos fossem tratados
em outro país e devolvidos sob
forma de material enriquecido
o suficiente para usos medicinais, mas não para fins militares. O Ocidente teme que o programa nuclear iraniano vise a
construção de uma bomba, o
que Teerã nega.
O Brasil, que vem estreitando
seus laços com o Irã e foi até citado na semana passada como
possível eixo do acordo nuclear, tentou minimizar os novos desdobramentos. O Itamaraty disse ontem que não estão
esgotadas as possibilidades de
um acordo com a AIEA e que
nem os EUA nem o Irã fecharam a porta às negociações.
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