São Paulo, terça-feira, 09 de fevereiro de 2010

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China passa UE e vira maior parceira comercial de Teerã

DO "FINANCIAL TIMES"

A China superou a União Europeia e se tornou o maior parceiro comercial do Irã, de acordo com uma análise dos elos comerciais entre os dois países.
O relacionamento econômico cada vez mais forte entre Pequim e Teerã é um dos motivos subjacentes da relutância da China a reforçar as sanções econômicas impostas ao Irã, enquanto os países ocidentais ampliam campanha para conter a ambição nuclear de Teerã.
Dados oficiais ainda retratam a UE como maior parceria comercial de Teerã, com US$ 35 bilhões em 2008, ante US$ 29 bilhões para a China. Mas esses números disfarçam o fato de que boa parte do comércio iraniano com os Emirados Árabes Unidos consiste de bens canalizados de ou para a China.
Majid-Reza Hariri, vice-presidente da Câmara de Comércio Irã-China, disse que trasbordos à China respondiam por mais de metade dos US$ 15 bilhões anuais em comércio entre Teerã e os emirados.
Se esse dado for levado em conta, o comércio chinês com o Irã totaliza no mínimo US$ 36,5 bilhões, mais que o total de todo o bloco europeu. Não é possível chegar a uma conclusão definitiva porque não está claro que fatia do comércio iraniano com a UE é canalizada via Emirados Árabes Unidos.
O Irã importa bens de consumo e maquinaria da China e exporta ao país petróleo, gás natural e petroquímicos.
Hoje, a China depende do Irã para 11% de suas necessidades energéticas, de acordo com a câmara de comércio. No passado, a China permitiu a aprovação de três resoluções da ONU impondo sanções ao Irã. Mas o embaixador do país enfatizou a necessidade de negociações.
"Nossa abordagem é a de que o diálogo e as negociações sempre produzem resultados melhores", disse Xie Xiaoyan, embaixador chinês em Teerã. "As sanções não produzirão os resultados almejados [pelo Ocidente], por mais paralisantes que sejam".
Mas alguns analistas enfatizam que essa posição possa mudar. Yin Gang, especialista em assuntos do Oriente Médio na Academia Chinesa de Ciências Sociais, disse que "a China é extremamente cautelosa em seus tratos com o Irã, mesmo no comércio e energia. Os chineses não mantêm relacionamento estreito demais com o Irã porque poderia prejudicar suas relações com muitos outros países."
Caso a China impeça o Conselho de Segurança de aprovar as sanções na ONU, EUA e UE ainda teriam a opção de impor medidas unilaterais. A questão é determinar se os elos entre Irã e China atenuariam o impacto dessas medidas.


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