Medida permitiria adoção de medidas de exceção para conter crise energética que assola Venezuela

DA ASSOCIATED PRESS

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse ontem estar "pronto para decretar estado de emergência para [o fornecimento de] eletricidade", ao estrear o novo programa de rádio "De repente com Chávez".
"Nós estamos prontos para decretá-lo, porque realmente se trata de uma emergência", disse o venezuelano. "Eu convoco o país inteiro: apaguem as luzes. Estamos passando pela maior seca que a Venezuela enfrentou em quase cem anos."
Um decreto estabelecendo o estado de emergência, se de fato assinado, permitirá ao governo adotar medidas de exceção para conter a falta de energia, como medidas mais duras de racionamento, mais produção por meio de termelétricas e até mesmo o "bombardeio" de nuvens para provocar chuvas.
Desde o final do ano passado, Chávez já apresentou três planos de racionamento para enfrentar a escassez na produção de energia elétrica causada, segundo Caracas, pela falta de chuvas e, segundo opositores, pela ausência de investimentos na matriz venezuelana -70% proveniente de hidrelétricas.
O último deles, anunciado no dia 1º, visa a capital venezuelana e prevê que "grandes consumidores" reduzam o consumo em 20%, mas preserva setores de "alta sensibilidade social".
Os dois anteriores, que previam o fechamento de shopping centers e estabelecimentos noturnos e cortes no fornecimento de até quatro horas a cada dois dias, foram logo desativados pelo governo devido à má reação da opinião pública.
A crise energética já atinge a popularidade do presidente e é o principal ingrediente da crise política pela qual passa o governo venezuelano -na qual estão presentes ainda o aumento da violência, a alta da inflação e a nova suspensão da RCTV, estopim dos protestos estudantis.
Segundo o instituto Datanálisis, a aprovação ao presidente é hoje de 46% -primeiro índice abaixo dos 50% em cinco anos.
No fim do mês passado, o governo brasileiro acertou o estabelecimento de uma cooperação técnica para auxiliar o país no enfrentamento da crise.

"De repente com Chávez"
O venezuelano -que tem ainda o programa de TV dominical "Alô, Presidente"- disse que seu novo programa poderá ir ao ar a qualquer momento do dia como parte da "batalha midiática" que seu governo luta contra os meios da oligarquia.


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