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Fim de crise consagra dominicano
Anfitrião de encontro regional, Leonel Fernández reforça imagem a dois meses de eleições no país
Episódio também evidencia a posição do colombiano Álvaro Uribe na contramão dos vizinhos; ausência de Lula foi tema nos corredores
SAMY ADGHIRNI
ENVIADO ESPECIAL A SANTO DOMINGO
Os participantes da 20ª Conferência do Grupo do Rio, encerrada anteontem em Santo
Domingo, protagonizaram
uma reviravolta espetacular,
que salvou na última hora um
encontro que parecia fadado ao
fracasso, e selou o fim da mais
grave crise geopolítica na história recente da América Latina.
Embora a normalização das
relações entre os envolvidos
-de um lado, Equador, Venezuela e Nicarágua; de outro, Colômbia- ainda leve tempo, o
processo que levou à superação
define alguns contornos da situação diplomática na região.
O grande vencedor não foi o
presidente do Equador, Rafael
Correa, que obteve o pedido de
desculpas formal da Colômbia
pela invasão do território equatoriano no ataque contra as
Farc que matou o número 2 das
Farc, Raúl Reyes. Também não
foi o presidente colombiano,
Álvaro Uribe, que arrancou dos
participantes, entre os quais alguns notórios desafetos, o compromisso de combater os grupos rebeldes.
Quem mais faturou com o
encontro foi o presidente dominicano e anfitrião, Leonel
Fernández. Anteontem, quando a cúpula estava paralisada
por graves trocas de acusações
entre Correa, Chávez e Uribe, o
dominicano pediu que os três
se abraçassem e dessem as
mãos. O abraço não saiu, mas o
aperto de mão e os tapinhas nas
costas mostraram, pelo menos
simbolicamente, que a crise estava superada.
Fernández, que mantém
boas relações com Chávez tanto quanto com a Casa Branca,
conseguiu reforçar sua imagem
de líder acima das divisões políticas regionais. E, de quebra,
encheu os dominicanos de orgulho, como mostram os editoriais dos grandes jornais do
país, a dois meses da campanha
presidencial na qual ele buscará manter-se no cargo.
Apesar de superada, a crise
também deixou claro o quanto
Uribe está na contramão de
seus colegas da região.
Na semana passada, Uribe se
defendeu na OEA com o respaldo explícito da delegação americana. Na cúpula, estava só
contra todos. Até o discurso de
abertura era pró-Equador.
A crise também será lembrada pela atuação do Brasil -retumbante no início, discreta no
fim. A ausência do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva foi
bastante comentada nos corredores da cúpula.
Ninguém parecia ter uma explicação, principalmente depois do papel destacado que o
governo brasileiro teve no início das negociações na OEA.
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