São Paulo, domingo, 09 de março de 2008

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Fim de crise consagra dominicano

Anfitrião de encontro regional, Leonel Fernández reforça imagem a dois meses de eleições no país

Episódio também evidencia a posição do colombiano Álvaro Uribe na contramão dos vizinhos; ausência de Lula foi tema nos corredores

SAMY ADGHIRNI
ENVIADO ESPECIAL A SANTO DOMINGO

Os participantes da 20ª Conferência do Grupo do Rio, encerrada anteontem em Santo Domingo, protagonizaram uma reviravolta espetacular, que salvou na última hora um encontro que parecia fadado ao fracasso, e selou o fim da mais grave crise geopolítica na história recente da América Latina.
Embora a normalização das relações entre os envolvidos -de um lado, Equador, Venezuela e Nicarágua; de outro, Colômbia- ainda leve tempo, o processo que levou à superação define alguns contornos da situação diplomática na região.
O grande vencedor não foi o presidente do Equador, Rafael Correa, que obteve o pedido de desculpas formal da Colômbia pela invasão do território equatoriano no ataque contra as Farc que matou o número 2 das Farc, Raúl Reyes. Também não foi o presidente colombiano, Álvaro Uribe, que arrancou dos participantes, entre os quais alguns notórios desafetos, o compromisso de combater os grupos rebeldes.
Quem mais faturou com o encontro foi o presidente dominicano e anfitrião, Leonel Fernández. Anteontem, quando a cúpula estava paralisada por graves trocas de acusações entre Correa, Chávez e Uribe, o dominicano pediu que os três se abraçassem e dessem as mãos. O abraço não saiu, mas o aperto de mão e os tapinhas nas costas mostraram, pelo menos simbolicamente, que a crise estava superada.
Fernández, que mantém boas relações com Chávez tanto quanto com a Casa Branca, conseguiu reforçar sua imagem de líder acima das divisões políticas regionais. E, de quebra, encheu os dominicanos de orgulho, como mostram os editoriais dos grandes jornais do país, a dois meses da campanha presidencial na qual ele buscará manter-se no cargo.
Apesar de superada, a crise também deixou claro o quanto Uribe está na contramão de seus colegas da região.
Na semana passada, Uribe se defendeu na OEA com o respaldo explícito da delegação americana. Na cúpula, estava só contra todos. Até o discurso de abertura era pró-Equador.
A crise também será lembrada pela atuação do Brasil -retumbante no início, discreta no fim. A ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi bastante comentada nos corredores da cúpula.
Ninguém parecia ter uma explicação, principalmente depois do papel destacado que o governo brasileiro teve no início das negociações na OEA.


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